Fernando Antônio Novais (Guararema, 1933) é um historiador, pesquisador, professor universitário e escritor brasileiro. É Professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) e professor aposentado da Universidade de Campinas.[1][2][3]
Biografia
Fernando nasceu em Guararema, cidade do interior de São Paulo, em 1933. Seu pai, diretor de escola, foi removido para a cidade de Colina, onde Fernando viveu até os sete anos. Em seguida, a família se mudou para São José do Rio Preto. Com 15 anos, Fernando se mudou para a capital paulista, estudando o antigo curso clássico no Colégio Roosevelt. Apreciador dos livros e da área de humanas, foi muito inspirado por sua professora de história a seguir carreira na área.[4]
Em 1958 graduou-se em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Em seu curso de história, sua maior influência veio do professor Eduardo d‘Oliveira França, que se tornaria seu orientador no doutorado.[4][5][6]
Pela mesma instituição, no ano de 1961, começou o que seria sua tese de doutorado, Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808), defendida em 1973, obra que se tornou referência em estudos da área.[7]
Carreira
Novais assumiu a cátedra de história moderna e contemporânea,[1] e lecionou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP entre os anos 1961 a 1985.[6] Após mais de duas décadas de trabalho na Universidade de São Paulo, Novais transferiu-se para Campinas, no interior de São Paulo.[8] No ano seguinte a sua saída da USP, migrou para o Instituto de Economia (IE) vinculado a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).[6][9] Permaneceu na instituição até o ano de 2003.[6] Após a saída da Unicamp, integrou o corpo docente da Faculdades de Campinas (FACAMP).[10]
No ano de 1996, publicou em colaboração de Carlos Guilherme Mota, A independência política do Brasil.[11] Foi o organizador geral da coleção História da vida privada no Brasil, lançada em quatro volumes pela editora Companhia das Letras em 1997[1], que reuniu trabalhos de renomados historiadores contemporâneos brasileiros - considerado um dos principais clássicos da historiografia brasileira.[12][13][14]
Lecionou na Universidade do Texas por duas vezes e participou de diversos debates e seminários em outras universidades americanas, como a de Columbia e a da Universidade da Califórnia.[15][16][17]
Na França, deu cursos no Institut des Hautes Études de l‘Amérique Latine, ligado à Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle); na Bélgica, na Universidade de Louvain; e, em Portugal, nas universidades de Coimbra e de Lisboa, onde residiu um ano quando realizava pesquisas para sua tese de doutorado.[17][18][19]
Principal obra
A obra de maior repercussão historiográfica de Fernando Novais é a sua tese de doutorado, Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808), defendida em 1973.[7][20] Por seu caráter inovador na análise do comércio e da administração coloniais em seus aspectos mais intrincados, lançou as bases para uma nova compreensão das relações entre Metrópole e Colônia.[21][22]
A obra, vista como um clássico que mudou a historiografia no país, Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial continua gerando debate entre historiadores; ao analisar a colonização portuguesa no Brasil, Novais expande a interpretação de Caio Prado Júnior em Formação do Brasil Contemporâneo. Caio Prado via a colonização como um ‘capítulo’ da expansão do capitalismo comercial, enquanto Novais a relaciona com o processo mesmo de formação deste capitalismo e as transformações vividas no centro do sistema[1]
Com a reformulação dos currículos do ensino básico de história na década de 1980, a interpretação de Novais sobre a crise do sistema colonial reinou hegemônica nos livros didáticos por cerca de duas décadas; até que algumas contestações começaram a surgir, vindas especialmente de um grupo de historiadores do Rio de Janeiro. Um dos principais livros que contestam Novais é “O antigo regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII)”, de João Fragoso (Joao Luis Ribeiro Fragoso), Maria Fernanda Bicalho (Maria Fernanda Baptista Bicalho) e Maria de Fátima Gouvêa (Maria de Fatima Silva Gouvea), publicado em 2001, nesta obra se questiona o fato de a complexidade das hierarquias sociais não ter ganhado a devida atenção na obra de Novais.[1]