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“Uma breve história das Entradas e Bandeiras”, seguindopassoshistoria.blogspot.com
17 de março de 2013, domingo. Há 11 anos
O movimento das entradas e das bandeiras marcaram um ciclo importante da história colonial brasileira, pois tantos as bandeiras como as entradas foram responsáveis por moldar geograficamente o Brasil, parecido com a atual forma geográfica que ele possui hoje nos mapas. Não obstante, além do intuito desbravador e expansionista, as entradas e bandeiras foram expedições belicosas, onde se infiltravam nos sertões atrás de caçar índios para serem escravizados, como também de ir confrontar povos invasores, ou se tornarem os próprios invasores, como foi visto principalmente entre as bandeiras do século XVII, no sul da colônia.As entradas e bandeiras também adentravam os sertões atrás de riquezas minerais, no que resultou na descobertas de minas de ouro no final do século XVII. Tais expedições também foram responsáveis pela defesa de vilas, cidades e das terras das colônias; e no caso das entradas, estas também foram incumbidas de fundarem vilas, fortes, fortalezas e cidades, no sentido de iniciar a ocupação de áreas desertas da colônia. Limitar tais expedições meramente ao intuito expansionista, é um engano, pois suas funções foram além disso, e suas contribuições foram profundas, embora que em alguns casos foram terríveis e sangrentas.Devido a brevidade deste texto, não pude citar outras entradas e bandeiras, mas procurei construir um enredo que desse atenção aos principais acontecimentos. O CICLO DAS ENTRADAS(1504?-1696)As entradas foram expedições organizadas e preparadas por autoridades vinculadas ao governo colonial ou diretamente pela própria Coroa portuguesa, e no caso, também a Coroa espanhola, durante o período da União Ibérica (1580-1640), onde as duas nações foram regidas pelo mesmo soberano. Como foi salientado na breve introdução, a proposta inicial das entradas era explorar os sertões, termo que designava as terras interioranas que estivessem longe da costa, onde tais expedições iam no intuito de mapear a região e descobrir a evidência de metais preciosos e joias. Posteriormente as entradas receberam a missão de irem caçar ou prear indígenas para o trabalho escravo, como também fundar fortalezas, vilas e cidades, no intuito colonizador, e também foram organizadas entradas paramilitares para defender as terras coloniais de invasões ou da ameaça dos próprios indígenas. Neste caso, como será visto mais a frente, as bandeiras se tornaram expedições mais bélicas do que as entradas em si. Estudar a história das entradas é um pouco trabalhoso, pois muitas entradas não deixaram registros históricos, relatórios ou diários de viagem, por outro lado, alguns relatos são contraditórios ou de veracidade duvidosa; e, num terceiro aspecto, alguns destes relatórios acabaram se perdendo ao longo do tempo. O relato mais antigo conhecido de uma entrada que se tem notícia, como afirmava Magalhães (1978), advêm de dois historiadores brasileiros, Capistrano de Abreu (1853-1927) e de Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), onde Varnhagen descobriu uma carta escrita pelo navegador, mercador, geógrafo e explorador italiano Américo Vespúcio (1454-1512), o qual no ano de 1504 a serviço a Coroa portuguesa, teria realizado a primeira entrada conhecida, como atestara Capistrano de Abreu em sua tese Descobrimento do Brasil e seu desenvolvimento no século XVI, escrita para um concurso em 1883, onde ele falou o seguinte: "A primeira entrada de que há notícia deu-se em 1504, ano em que Vespucci, acompanhado de uns trinta homens, penetrou umas 40 léguas pelo sertão do Cabo Frio, provavelmente para os lados do rio São João ou de qualquer dos seus afluentes. Gonçalo Coelho é bem possível que, no tempo que demorou no Rio de Janeiro, houvesse tentado empresa semelhante; não está porém, isto provado". (MAGALHÃES, 1978, p. 16-17 apud ABREU, 1883, p. 703). Sabe-se que desde 1502, Américo Vespúcio vinha participando de viagens navais ao longo da costa do Brasil, e sua entrada em Cabo Frio no Rio de Janeiro, foi real. A respeito dessa entrada, a podemos hoje ler ao seu respeito, graças a tradução feita por Varnhagen. Sobre esta carta, menciono trechos no qual Américo refere-se a sua estadia na costa do Cabo Frio."Achámos com effeito a terra populosa e habitada por uma nação peior que féras, como ouvirá. E V. Magnificencia entenderá que ao principio não vimos ninguem; mas concluimos que havia homens por muitos signaes que observámos. Tomámos posse do paiz em nome do d´este Serenissimo rei de Portugal, e o achámos muito ameno, viçoso, de boa apparencia, e situado além da equinocial cinco para o sul; isto feito voltámos para as náos; e porque tinhamos grande necessidade de agua e lenha, nos resolvemos, no dia seguinte, a tornar á terra para fazer nosso provimento". (RIHGB, 1878, p. 9 apud VESPÚCIO, 1504). Vespúcio narrou que nos dias que eles permaneceram ancorados na costa, mais e mais indígenas iam visitar os navios, mas jamais chegavam perto, olhavam com olhares de curiosidade e receio. Alguns tripulantes chegaram a trocarem mercadorias com os índios, e até foram apalpados, tiveram os cabelos puxados, foram cutucados, por mulheres e homens, pois como Vespúcio escreveu: para os índios, os brancos eram um "animal estranho e curioso". No dia seguinte a este contato, Vespúcio narrou:"Na manhã seguinte vimos das náos que a gente da terra fazia muitos fumos, e pensando que seria para chamar-nos desembarcámos, e conhecemos que se tinha ajuntado em grande numero, mas conservaram-se todavia a distancia, accenando-nos para que fossemos a elles por terra adentro. Em consequencia d´isto dois dos nossos se animaram a pedir licença ao capitão, para expôrem ao perigo de ir á terra vêr que gente era, e se tinha alguma riqueza ou especiaria, ou outras drogas; e tanto instaram até que o capitão o houve por bem. Apromptaram-se, pois, com muitas fazendas de resgate, e partiram com regimento de não porém mais de cinco dias para voltar; porque tanto era o tempo que deviamos esperar por elles. Tomaram caminho por terra, e nós para náos, das quaes viamos vir todos os dias gente á praia, mas sem quererem nunca fallar-nos". (RIHGB, 1878, p. 9 apud VESPÚCIO, 1504). Cinco dias se passaram e a expedição retornou, no entanto dois dias depois, quando alguns tripulantes foram falar com as índias que estavam na costa, um deles foi golpeado na cabeça e capturado, logo, os homens apareceram e dispararam flechas contra os demais, assim como narra Vespúcio. Segundo ele, o homem capturado foi esquartejado e devorado pelas índias, a tripulação queria descer a terra e matar aqueles selvagens, mas o capitão preferiu ir embora, voltando a seguir viagem para o norte. Talvez tenha sido exagero de Vespúcio a questão do canibalismo, pois embora esse fosse uma prática comum entre algumas tribos, o canibalismo era feito no intuito ritualístico, a chamada antropofagia, e não consistindo num hábito alimentar como os europeus imaginavam. Todavia, alguns historiadores não aceitam plenamente o relato de Vespúcio como tendo sido uma entrada, mas apenas uma expedição de mera curiosidade. Porém, depois deste relato, não se conhece nenhum outro relato de entrada até pelo menos o ano de 1530, quando ocorreram as três entradas lideradas por Martim Afonso de Sousa.As entradas de Martim Afonso de Sousa (1530-1532)"As primeiras expedições lusitanas, baseadas em provas incontrastáveis, na fase inicial de nossa História, e em demanda do interior, com o fito de descobrimento de minas ou com outro intuito, devem-se à arma de Martim Afonso de Sousa, e foram em número de três". (MAGALHÃES, 1978, p. 17). Martim Afonso de Sousa (1490/1500-1571) embora fosse de descendência bastarda do rei Afonso III de Portugal, Martim se tornara um respeitado nobre e militar do reino. Atuou em expedições em África, nas Índias e no Brasil. Assumiu cargos importantes, incluindo o cargo de Governador da Índia, entre 1542 e 1545. Em 1530, Martim foi enviado ao Brasil no comando de quatro naus e cerca de quatrocentos homens, no intuito de realizar entradas, a fim de procurar por sinais de riquezas minerais. Os relatos de sua missão foram escritos pelo seu irmão Pero Lopes de Sousa (1497-1539), o qual escreveu o Diário da navegação da Armada que foi à terra do Brasil em 1530. Pelos relatos dados por Pero, em 30 de abril de 1531 a expedição aportou na baía de Guanabara, onde Martim ordenou que quatro marujos fossem explorar a região; os mesmos num prazo de 60 dias, percorreram 23 léguas. Porém, o relato de Pero aponta o contrário, e de certa forma um tanto exagerado. Pero Lopes diz que os quatro marujos teriam percorrido 230 léguas em dois meses, onde teriam encontrado um "rei indígena" o qual os acompanhou na viagem de volta, entregando para o capitão, cristais, e dizendo que havia ouro e prata no rio de nome Paraguai. O problema desta história como aponta Magalhães é que ela pouco provável. O historiador Derby chegou a dizer que, se essa distância tenha sido realmente percorrida que é pouco provável, os quatro portugueses teriam chegado no que hoje é o estado de Minas Gerais. Acerca dos cristais, estes provavelmente foram cristais de quartzo, mas o problema reside acerca do rio Paraguai, pois essa região ainda estava sendo explorada pelos espanhóis e os portugueses, e naquela época sabiam muito pouco a respeito. Provavelmente Pero Lopes ou se equivocou com o nome do rio, ou apenas mencionou um suposto boato. "Duvidamos muito de que quatro portugueses, sem guias indígenas (exceto na volta) e sem intérprete, se houvessem aventurado a um embrenhamento tão profundo em nosso hinterland. Não é brincadeira palmilhar no curto espaço de 60 dias, 130 léguas sobre serras matagosas e 100 em região campestre, logo após a estação das águas". (MAGALHÃES, 1978, p. 17).A segunda entrada partiu em 1 de setembro, a partir dos boatos que Francisco de Chaves um dos membros da tripulação, o qual havia contado ao capitão Martim Afonso. O capitão Afonso acabou acreditando na história de Francisco, o qual dissera que havia numa entrada anterior, conseguido encontrar ouro numa localidade próxima a costa. Martim designou Pero Lobo, o responsável por comandar um grupo de 80 homens, os quais seriam guiados por Francisco de Chaves. Um mês e meio depois, nenhuma notícia tiveram da entrada de Pero Lobo. Meses se passaram e nada a respeito sabiam sobre a entrada enviada, constatou-se que eles ou se perderam ou morreram. Até hoje não se sabe ao certo o que aconteceu, mas sabe-se que dos oitenta integrantes nenhum retornou vivo. Acredita-se que eles foram mortos pela tribo dos Carijós, tribo que vivia na região para onde eles se dirigiram. A terceira entrada partiu no final de 1531, da região de Cananeia, hoje município de São Paulo, por via marítima, onde Pero Lopes liderou uma nau em direção ao estuário do rio da Prata, pois sabia-se que havia notícias que em 1515, um português de nome Solis, a serviço de Espanha, encontrara prata naquele rio. Porém, a expedição de Pero Lopes adentrou o rio e o seguiu por algumas léguas, mas nenhum vestígio do metal foi encontrado, e Pero constatou que aquelas terras estavam fora dos limites do Tratado de Tordesilhas, o que significava uma invasão dos domínios espanhóis. O mesmo, abortou a entrada e retornou para se encontrar com seu irmão.Em 22 de janeiro de 1532, Martim Afonso de Sousa fundou a primeira vila do Brasil, chamada de Vila de São Vicente, na ilha homônima. A vila viria em 1534 se tornar capital da Capitania de São Vicente, quando no mesmo ano, o rei D. João III criou as Capitanias Hereditárias. Martim Afonso foi nomeado capitão donatário de São Vicente. Com início do pequeno núcleo urbano de São Vicente, Martim Afonso de Sousa começou a dar início a construção de um engenho, ao cultivo da cana de açúcar, a criação de gado e o assentamento dos colonos. Martim Afonso retornou para Portugal em 1533, e no ano seguinte, seguiu para a Índia. No entanto, oficialmente era o proprietário da capitania, devido ao contrato vitalício decretado por D. João III. Em 1536, Brás Cubas um dos responsáveis pela administração da vila, criou na mesma ilha o povoado de Santos (em 1546, o povoado foi reconhecido como vila). No continente em 1539, Pero de Góis, às margens do rio Itabapuana fundou a Vila da Rainha.João Ramalho (1493-1580) havia formado um povoado por volta de 1531, no planalto onde vivia com os indígenas da tribo dos Guainases e seus filhos mestiços, pois desde 1513, Ramalho habitava a região, pois acabou naufragando naquelas terras. O povoado em 1553, foi elevado a categoria de vila, passando a se chamar Vila de Santo André do Campo da Borda do Piratininga, na ocasião, Brás Cubas e Antonio de Oliveira realizaram uma entrada até a região, a qual ficava no planalto do Piratininga algumas léguas de distância da capital da capitania. Com ordens dadas pelo capitão Martim Afonso, eles fundaram a vila mencionada. Antonio de Oliveira se mudou para a vila com a família e levou outros colonos para povoá-la. Em 25 de janeiro de 1554, foi fundado pelos jesuítas padre Manuel da Nóbrega e o irmão José de Anchieta, com o apoio da entrada de Brás Cubas e Antonio de Oliveira, e o apoio de João Ramalho e o cacique Tibiriça (sogro de Ramalho), o Colégio de São Paulo do Piratininga. Entradas pela Bahia (1538-1592)Como a proposta deste trabalho é fazer uma breve história das entradas e das bandeiras, não poderei me reter a relatar cada entrada a qual tive fonte, pois algumas necessariamente não tiveram muitos dados acerca de sua missão, ou apenas foram mencionadas por cronistas.Sabe-se que desde 1538 houve algumas entradas naquele ano pelos sertões da Bahia, muitas haviam partido de Porto Seguro, e um dos motivos para a partida de algumas destas entradas foram os boatos sobre a existência de esmeraldas no interior da capitania. Duarte Coelho, capitão donatário de Pernambuco, tentou pedir autorização ao rei para liderar uma entrada aos sertões, atrás de esmeraldas, em 1542, ele mandou uma carta para o rei D. João III, mas este recusou em decretar a entrada, o rei tinha outras preocupações no momento. Anos depois, o governo-geral foi criado em 1548, por D. João III, o qual nomeou o nobre Tomé de Sousa (1503-1579) para se tornar o primeiro governador-geral, e fundar a primeira cidade e capital da colônia, a qual veio a ser Salvador, na Capitania da Bahia de Todos os Santos. Salvador foi fundada em 1549. Junto com Tomé de Sousa, vieram vários trabalhadores, oficiais para assumir os cargos criados para a capital, famílias, escravos, cabeças de gado e missionários jesuítas, os primeiros a chegarem na colônia.Em 1550, o governador enviou Miguel Henriques numa entrada para se adentrar o rio São Francisco pela foz, porém o navio que a expedição seguia, acabou naufragando e a entrada foi cancelada. O governador cogitou pedir que Filipe de Guilhem que já havia participado de entradas anteriores, lidera-se uma nova entrada, mas este devido a idade, disse que não tinha forças para realizar tal viagem, logo em 1553, Tomé de Sousa escolheu o espanhol Francisco Bruza Espinosa para liderar uma entrada pelos sertões da Bahia. Tomé de Sousa deixou o cargo no mesmo ano, pois chegou ao fim de seu mandato, porém seu sucessor Duarte da Costa manteve a ideia da entrada, e em março de 1554, a pequena expedição de Espinosa, composta de 13 europeus, incluindo o padre João de Azpilcueta Navarro (o qual relatou a viagem posteriormente) e mais alguns índios, partiu de Porto Seguro indo percorrer 350 léguas, levando meses de viagem. Sobre o itinerário da viagem, Calógeras nos apresenta uma das melhores versões:"Entrou pelo rio das Caravelas, margeou além o Jequitinhonha, e, das cercanias da Diamantina, a que atingira, chegou provavelmente ao São Francisco, seguindo um dos seus afluentes da margem direita, quiçá o Jequitaí, alcançando uma aldeia indígena junto ao Mangaí, e pelo rio Pardo, explorado desde as suas margens por essa entrada, foi presumivelmente feito o retorno dela, em 1555". (MAGALHÃES, 1978, p. 31-32 apud CALÓGERAS, p. 549).Todavia não se sabe ao certo todo o trecho da viagem desta entrada, pois alguns historiadores têm dúvida acerca do nome dado aos afluentes por qual a entrada seguiu viagem, mas sabe-se que Francisco Bruza acabou fundando um povoado, o qual nomeou de Espinosa, hoje localizado no norte de Minas Gerais. Sua entrada não encontrou vestígios de ouro e nem de esmeraldas.Em 1561, o vereador da Bahia, Vasco Rodrigues Caldas conseguiu autorização do governador-geral Mem de Sá para realizar uma entrada atrás de riquezas, mas depois de percorrerem algumas léguas pelo vale do Paraguaçu, sua entrada foi abortada devido a um ataque que sofreram dos Tupinaés. Outra entrada que falhou, foi a de 1567, liderada por Martim Carvalho, o qual com cerca de 60 homens, percorreu em oito meses, 220 léguas como relatou o padre Pero de Magalhães Gandavo. A entrada retornou sem sucesso, porém, por pouco não descobriram esmeraldas como seria atestado anos depois, em uma outra entrada que se dirigiu para o mesmo percurso.Em 1572 ou 1573, ocorreu a entrada de Sebastião Fernandes Tourinho, conhecida por ter descoberto esmeraldas. Partindo com 400 membros, a entrada partiu de Porto Seguro, percorreu o interior do sul da Capitania de Porto Seguro, indo em direção ao que hoje é o norte de Minas Gerais, e em um dado momento da jornada, eles encontraram algumas pedras verdes, retornando para Porto Seguro, foi avisado ao governador-geral Luís de Brito, a descoberta de tais gemas, assim o governador ordenou outra entrada para confirmar se haveria uma mina de esmeraldas no local onde as pedras foram encontradas. Antônio Dias Adorno foi incumbido de liderar essa entrada. "Entrou pelo rio de Caravelas, e, ganhando o vale do Mucuri, foi buscar as vertentes do Araçuí, onde achou os sinais deixados por Tourinho, assim como amostras de minerais preciosos; das cabeceiras do último rio citado, alguns membros da expedição retrocederam, vindo sair no Atlântico, pela foz do Jequitinhonha, cujo leito desceram em canoas; Adorno, porém, com o resto de seu bando, transmudou a missão exploradora em caçadora de índios, tomando para tal fim o rumo do norte, donde regressou para o litoral com 7.000 selvagens reduzido a cativeiro". (MAGALHÃES, 1978, p. 34 apud CALÓGERAS, p. 389-390).Antonio Dias Adorno acabou não encontrado as tão sonhadas minas de esmeraldas, mas encontrou indícios de outros minérios como ferro, cobre e estanho, a preação dos índios foi uma solução para ganhar dinheiro, pois embora já houvesse o comércio de escravos negros na colônia, estes eram mercadorias caras e nem todo mundo tinha dinheiro para comprá-los, por sua vez os índios eram mercadorias mais baratas. Muitas bandeiras se especializaram em caçar índios. No ano de 1580, o rei de Espanha Filipe II assumiu o trono português, pois o último rei português, o cardeal D. Henrique I não tinha filhos, e devido a idade avançada governou apenas por dois anos. Seis pretendentes ao trono apareceram, mas pelo o fato de Filipe II contar com um exército e ser o mais rico e poderoso do que os outros, conseguiu convencer os lordes portugueses da Corte de Tomar, em elegê-lo rei de Portugal, assim iniciava-se o período conhecido como União Ibérica, que se estenderia por 60 anos, sendo governado por Filipe II, depois o seu filho e neto. Durante esse período, Portugal e seu império ultramarítimo ficou sob o domínio espanhol, e de certa forma isso gerou problemas para os antigos domínios espanhóis, como será visto na parte que falo a respeito das bandeiras.Em 1590, Gabriel Soares voltava de Lisboa para Porto Seguro, tendo sido incumbido pelo rei espanhol de comandar uma nova entrada. Soares trouxera consigo 364 pessoas entre mulheres e homens, o que incluía quatro carmelitas. Todavia, a entrada ocorreu apenas dois anos depois, em maio de 1592. Gabriel Soares partiu com sua entrada contendo mais de 200 índios auxiliares, se dirigindo a Serra do Gariru (hoje Quareru), lá eles levantaram um forte, para servir de apoio a outras entradas e dar início a uma povoação no local, porém Soares acabou adoecendo e veio a falecer. D. Francisco de Sousa, capitão-mor de Porto Seguro, ordenou que a entrada fosse cancelada e o forte abandonado. Mais uma entrada entre tantas outras que haviam partido nos últimos anos, fracassou em se descobrir ouro e esmeraldas. Em busca de ouro e prata em São Paulo (1560-1562/1601-1602)Das várias entradas que aconteceram na Capitania de São Vicente, posteriormente batizada de Capitania de São Vicente e São Paulo, e finalmente Capitania de São Paulo, por mais de cinquenta anos muitos se aventuraram a procura de ouro na região, de fato conseguiram encontrar ouro em pouca quantidade, mas conseguiram. Todavia, as descobertas de ouro em São Paulo se deram principalmente pelas bandeiras em si, e não pelas entradas, porém farei menção a três entradas em especial.A primeira entrada conhecida em São Paulo para ir descobrir ouro, data de 1560, onde o governador-geral Mem de Sá, ordenou que Brás Cubas fosse procurar ouro. Segundo consta o relato acerca de sua expedição, Cubas teria adentrado cerca de 300 léguas, todavia há contestações acerca desta distância. Em 1561 ele acabou adoecendo, e teve que cancelar a entrada, retornado no ano seguinte para São Vicente. Cubas ainda conseguiu trazer consigo amostras de minerais encontrados, uma supunha-se ser ouro, mas não era ouro, e as pedras verdes que encontrou não eram esmeraldas, mas turmalinas. Na mesma época que Brás Cubas partiu, Luís Martins o qual também foi incumbido de procurar por ouro e joias, seguiu cerca de 30 léguas ao norte de Santos, onde o mesmo atestava que havia encontrado ouro, todavia o suposto ouro de "boa qualidade" que ele atestava, não era ouro, provavelmente deveria ser perita, o chamado "ouro dos tolos", minério parecido com ouro na coloração. Nos anos seguintes outras entradas foram enviadas para procurar ouro, e boatos começaram a surgir da existência do mesmo, como será atestado na parte acerca das bandeiras. Em 1601, André de Leão foi incumbido pelo governador-geral D. Francisco de Sousa, de viajar para o norte da capitania em busca de prata, pois por essa época corriam nas capitanias da Bahia, Sergipe e Espírito Santo a história da Sabarabuçu, a qual seria supostamente uma serra feita de prata. Além de Sabarabuçu havia também a história do Reino de Payati, o qual seria rico em ouro e prata, e ficaria localizado em algum lugar no centro do continente. A viagem de Leão durou nove meses, como atesta o holandês Wilhelm Joost ten Glimmer o qual viajou junto a bandeira. Glimmer relata que chegando numa região cheia de serras, Leão teria dito que naquele lugar ficaria a tal serra de Sabarabuçu, todavia, nenhum sinal de prata foi encontrado, e a entrada retornou sem êxito. Sete décadas depois, o bandeirante Fernão Dias Paes passaria pela região atrás de esmeraldas. A entrada de Cristóvão de Barros (1574-1575)Em 1565, foi fundada a segunda cidade do Brasil, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, fundada por Estácio de Sá. Em 1572, a Coroa decidiu fazer uma experiência, nomeou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro co-capital administrativa da colônia, a incumbido de cuidar da administração das capitanias do Sul, enquanto Salvador faria o mesmo com as capitanias do Norte. No ano de 1573, o então governador do Rio de Janeiro Antônio Salema, ordenou Cristóvão de Barros para organizar uma entrada punitiva, a fim de atacar os tupinambás. A entrada mencionada é uma das primeiras que se tem notícia onde o objetivo não era desbravar, mas sim exterminar os gentios. De acordo com o relato do Tratado descritivo do Brasil em 1587, escrito por Pero de Magalhães Gandavo (1540-1580), publicado postumamente, o cronista português relatou que a entrada de Cristóvão de Barros, contou com 400 homens e 700 índios, e realizaram uma verdadeira razia (incursão rápida e violenta), tendo matado centenas de índios e capturado de oito a dez mil destes. Não se tem certeza da veracidade do número de indígenas feitos cativos e mortos, mas sabe-se que a entrada foi uma das mais violentas que aconteceu. Entradas relatadas por frei Vicente de Salvador no ano de 1578Frei Vicente de Salvador (1564-1636) em sua História do Brasil, nos deixou relatado algumas entradas. O frei nos conta que em 1578 partiu de Ilhéus na Bahia, a entrada de Luís Álvares Espinha que se meteu pelo sertão, e nunca mais se soube a respeito. De Pernambuco partiram Francisco de Caldas e Gaspar Dias de Taíde com uma entrada que seguiu o curso do rio São Francisco, sertão adentro. No entanto, depois de dias de viagem e léguas percorridas, um dos indígenas que era guia da expedição, chamado de "Braço de Peixe", traiu os colonos, e uma rebelião se instaurou e a entrada teve que ser abandonada. Ainda de Pernambuco, partiu a entrada de Francisco Barbosa da Silva com cerca de 70 homens, liderada por Diogo de Castro. Depois de dias de viagem, a entrada alcançou o rio Cotinguiba, na Capitania de Sergipe, após ter sobrevivido a ataque de índios pelo caminho, os quais mataram parte dos membros da expedição. "O temor de uma possível invasão de indígenas e a necessidade de uma via terrestre de comunicação entre a Bahia e Pernambuco determinaram a conquista definitiva da orla marítima de Sergipe, missão de que galhardamente desempenhou Cristóvão de Barros". (MAGALHÃES, 1978, p. 24). Tais entradas citadas pelo frei, tinham como objetivo procurar riquezas e estabelecer povoados, como também reconhecer o território. Pois de Olinda a Salvador, muitas daquelas terras estavam desocupadas, e o medo de que tribos indígenas que ali viviam pudessem atacar as vilas e os canaviais, era grande como Magalhães apontou. Além disso, havia o fato de que os franceses aproveitavam estas brechas na ocupação do território brasileiro, para irem roubar pau-brasil. Tal fato foi um dos motivos que levou o governo-geral a criar a Capitania Real da Paraíba (1585), pois naquelas terras que antes pertenciam a Capitania de Itamaracá, várias vezes foram avistados navios franceses os quais partiam carregados com pau-brasil. Fundação da Paraíba e ocupação do Rio Grande do NorteAntes de 1574, duas entradas lideradas por Diogo Dias e Fernão da Silva, falharam em se estabelecer a ocupação da região norte da Capitania de Itamaracá, mais precisamente na desembocadura do rio Sanhauá, um dos afluentes do rio Paraíba. Grande parte da capitania itamaraquense estava desocupada e não era explorada, isso permitiu que os franceses fossem ali realizar contatos com os indígenas, especialmente os Potiguaras, como também extrair pau-brasil. Em 1574, a situação piorou quando o Engenho de Tracunhaém foi incendiado pelos potiguaras, devido a uma confusão gerada entre os colonos e um grupo de potiguaras que ali passou a noite, onde uma índia acabou sendo sequestrada, sendo que esta era filha do cacique. Os índios foram embora e retornaram com reforços e massacraram a população local, destruindo o engenho e resgatando a índia.O governador-geral Luís de Brito enviou uma carta ao rei D. Sebastião I avisando sobre o ocorrido, o rei ordenou que o governador-geral fundasse um forte na foz do rio Sanhuá, e de-se início a ocupação daquela região, fundando uma vila. Alguns historiadores não consideram que as cinco expedições enviadas para se conquistar a Paraíba tivessem sido entradas, todavia, dez anos transcorreriam de duras derrotas aos portugueses onde Frutuoso Barbosa, responsável por liderar duas das expedições (entradas) quase morreu e enlouqueceu, pois embora tenha se fundado um forte na margem norte do rio Paraíba, chamado de Forte de São Filipe e Santiago (1584), o mesmo foi duramente atacado pelos potiguaras e os franceses. Apenas em 1585 com o apoio da tribo dos Tabajaras, inimigos de longa data dos Potiguaras, é que Portugal teve chance de subjugar os potiguaras. O acordo foi feito em 5 de agosto daquele ano, entre João Tavares, escrivão da Câmara e Juiz de órfãos de Olinda e o cacique Piragibe. Assim foi fundada a Capitania da Paraíba e a cidade de Nossa Senhora das Neves (atualmente João Pessoa), a terceira cidade mais antiga do Brasil. Com a nova capitania estabelecida e a capitania de Itamaracá reduzida a ilha de mesmo nome, o governo-geral constatou que isso não seria o suficiente, pois o território da Capitania do Rio Grande (do Norte) que anteriormente compreendia parte da Capitania da Paraíba antes de sua criação, era praticamente despovoado pelos colonos, e isso facilitava a ida de navios franceses para explorarem o pau-brasil. A solução veio dez anos depois da fundação da Paraíba. "A ocupação do Rio Grande do Norte efetuou-se em fins do século XVI, com a expedição chefada por Manuel Mascarenhas Homem, capitão-mor de Pernambuco, e da qual fizeram parte Feliciano Coelho, capitã-mor da Paraíba, e Jerônimo de Albuquerque. Auxiliado por estes, aquele, a 6 de janeiro de 1596, lançou os fundamentos do forte dos Santos Reis Magos; e Jerônimo de Albuquerque 25 de dezembro de 1599, demarcou, junto à dita fortaleza, da qual ficara como comandante, o local onde surgiu a cidade de Natal. A conquista daquele trato de terras foi devida ao temor de incursões francesas, e o seu desenvolvimento posterior está ligado também à segunda grande invasão batava. (MAGALHÃES, 1978, p. 25). As supostas minas de prata de Sergipe (1587-1677)Entradas anteriores já haviam ocorrido na região do Sergipe, a qual ainda não era uma capitania, mas parte norte da Capitania da Bahia. Em 1587 a entrada de Cristóvão de Barros foi incumbida de colonizar essa região. As margens do rio Real, foi criado um povoado e fazendas. Após três anos de povoamento, em 1590 o rei Filipe II criou a Capitania de Sergipe del-Rei. Todavia, o que marcaria as entradas pelo Sergipe foi a suposta existência de uma serra de prata chamada de Sabarabuçu, a qual estaria localizada nos sertões de Sergipe. Por várias décadas se devassou o sertão sergipano atrás desta prateada serra, alguns chegaram a alegar que ela ficaria na Bahia, no Espírito Santo ou até mesmo em Minas Gerais, mas a verdade é que tal serra nunca existiu.

Em 1592, Belchior Dias Moreia (também grafado Melchior Dias Moreia), primo de Gabriel Soares e neto do Caramuru, foi incumbido de liderar uma entrada pelos sertões da Bahia e do Sergipe. Por oito anos, Belchior e seus companheiros percorreram os sertões, alguns dos familiares chegaram a acreditar que tivessem morrido. Por volta de 1604, sua entrada aportou nas redondezas da Serra de Itabaiana, na região central de Sergipe, e de lá, Belchior partiu para Salvador. Depois destes oito anos fora de casa, ele decidiu ir cobrar sua recompensa, prometida pelo rei espanhol. Belchior partiu para a Espanha onde residiu por quatro anos, mas não conseguiu do rei sua recompensa, pois na prática a entrada falhou em encontrar minas. Então retornou ao Brasil, e chegou posteriormente a viajar novamente para Madrid a fim de falar com o rei, no intuito de conseguir alguma mercê por sua dedicação.

O fato interessante que marca a longa entrada de Belchior, foi que o mesmo havia dito que havia descoberto prata em Sergipe, nas redondezas da serra de Itabaiana. Outra entradas para lá foram enviadas, a fim de averiguar o fato, porém, nenhuma prata foi encontrada, embora alguns dos metais ali encontrados chegaram a serem confundidos com prata. Algumas autoridades chegaram a alegar que Belchior ou era um grande mentiroso, ou estava guardando o segredo da verdadeira localização das minas de prata do Sergipe.

Belchior chegou a viajar para Sergipe numa entrada em 1618 para localizar outras minas, acabou retornando em 1620, ficou algum tempo preso, pois havia se negado a revelar a localização das minas de prata ao capitão-mor de Pernambuco Luís de Sousa, e o capitão-mor da Bahia Francisco de Sousa, ambos haviam chegado a viajar em 1618 com Belchior ao Sergipe, para ver as supostas minas que ele dizia ter descoberto.

"O não ter querido o neto do Caramuru revelar as riquezas do sertão sanfranciscano, riquezas de ouro e de prata, sobretudo desta última, que ele dissera haver tanta como ferro em Bilbau, foi o que deu origem à lenda das minas de prata, que atravessou todo o resto da nossa evolução colonial". (MAGALHÃES, 1978, p. 41).

Nos anos seguintes outras entradas organizadas pelo governo colonial e até mesmo pelos holandeses, os quais a partir de 1630, haviam conquistado Pernambuco, criando a colônia da Nova Holanda (1630-1654), ainda havia gente que acreditava que as minas de prata que Belchior alegava existir no Sergipe, eram reais. Um dos bisnetos de Belchior, chamado Belchior, o Moribeca chegou a dizer as autoridades que sabia da localização das minas de seu bisavô, e além disso, numa segunda entrada que fez em Sergipe, ele alegou ter encontrado ouro. O material contestado por alguns de realmente ser ouro, foi enviado para Lisboa, para ser averiguado, porém, o navio que o carregava afundou na viagem.

Em 1677, D. Rodrigo liderou uma entrada ao Sergipe atrás das minas de Paranaguá e Sabarabuçu, mas retornou sem nenhum êxito. A realidade só veio mudar no final do século XVII, onde em 1697, a entrada de Damião Cosme de Faria e do sargento-mor Manuel do Rego Pereira, foram às serras de Sapucaia, onde dizia-se ficar a Serra Jacobina, a qual supostamente teria ouro. Lá eles encontraram também a serra da Pedra Furada ("Itacupurebá"), como os indígenas chamavam o local, e diziam haver ouro na região. Anos depois nesta região, que hoje fica ao norte da Bahia e próximo da fronteira oeste do Sergipe, seria encontrado ouro, como atesta João Calhelha: o metal foi encontrado na serra do Pindobuçu ou Pindobaçu. A suposta serra das Esmeraldas em Espírito Santo (1598-1677)Assim como foi visto em Sergipe com as várias entradas que partiram em busca do Sabarabuçu, na Capitania do Espírito Santo procurava-se a suposta Serra das Esmeraldas, a qual por mais de um século, entradas a buscaram constantemente. Em 1596, Diogo Martins Cão conhecido como "o Matante Negro ou Matador de Negros", foi ordenado pelo governador-geral D. Francisco de Sousa, a descobrir a Serra das Esmeraldas. Martins Cão pediu auxílio ao bandeirante Antônio de Proença, o qual mandou seu filho Francisco de Proença, liderando uma pequena tropa de homens armados. A entrada por cerca de dois anos devassou o sertão da capitania e nada encontrou sobre a tal Serra das Esmeraldas. Proença acabou retornando para São Paulo, e Martins Cão voltou para Vitória, sem êxito. Por volta de 1612, um tal Marcos de Azeredo teria encontrado esmeraldas, e o mesmo viajou para a Espanha para mostrá-las ao rei Filipe III, onde mandou averiguar se eram esmeraldas. Segundo os relatos dos cronistas do século XVII, foi comprovado serem esmeraldas, mas como Azeredo não recebeu nenhuma recompensa por sua descoberta, retornou para a colônia e faleceu pouco tempo depois, levando para o túmulo a localização das minas de esmeralda. O problema desta história como atesta Magalhães é que ela é bem parecida com a de Belchior Dias Moreia. Ambos passaram anos atrás de supostas minas, e após todo esse tempo, juravam que haviam encontrado tais minas, e assim foram ao reino cobrar do rei mercês. O problema dessas histórias é que se realmente tais minas houvessem sido descobertas, por que tais homens não receberam suas mercês pelos serviços prestados a Coroa, e tais minas não foram exploradas?De qualquer forma, sabe-se que em 1634 foi realizada uma entrada comandada pelos jesuítas, liderada pelo padre Inácio de Siqueira para procurar por esmeraldas, mas como não portavam armas, acabaram abandonando a entrada depois da ameaça de tribos indígenas. Dez anos depois, Salvador Correia de Sá e Benevides, governador e administrador-geral das minas da Repartição do Sul, escolheu Antônio e Domingos, o qual era filho de Marcos de Azeredo, para liderar uma nova entrada aos sertões da capitania em busca de esmeraldas. A entrada teria partido em maio de 1646 ou 1647, mas acabou não dando êxito. Um sobrinho de Azeredo, chamado Diogo realizou mais duas entradas em 1649 e 1653, mas também fracassou. Em 1667, Fernão Pais de Barros um dos que liderou entradas em busca de esmeraldas, acabou desistindo de prosseguir com a expedição depois de perigos enfrentados pela selva. Em 1696, com a descoberta de ouro nas Minas Gerais, muitos desistiram de ficar procurando por esmeraldas que ninguém encontrava, e decidiram ir tentar a sorte nas Minas. No entanto, no começo do século XVIII, foi descoberto ouro nos sertões do Espírito Santo, o qual garantiu pelo menos três décadas de exploração deste metal.Entradas no Ceará e no Maranhão (1603-1616)As capitanias do Maranhão (a mesma era dividida em duas partes) e do Ceará já existiam desde 1534, quando foi criado as Capitanias hereditárias, todavia, praticamente ninguém morava nestas capitanias a não ser os indígenas e poucos colonos. Não havia fortalezas, vilas ou cidades, embora aquelas terras oficialmente pertencessem a Coroa portuguesa, tais capitanias estavam praticamente inexploradas, pois seus capitães donatários, não haviam conseguido desenvolvê-las.Entre 1535 e 1536 partiu a entrada de Aires da Cunha, e vários anos depois entre 1554 e 1557, foi a vez da entrada de Luís de Melo, ambas as entradas acabaram falhando em tentar fundar povoados e desbravar a região. O fracasso das entradas não se deu propriamente pela falha de seus chefes e membros, mas sim pelo mar, pois os navios em que eles partiram naufragaram. Logo, as capitanias do Ceará e do Maranhão praticamente ficaram a parte do restante da colônia, devido a sua distância de Salvador, então capital. Em 1603, Pero Coelho de Sousa cunhado de Frutuoso Barbosa, partiu a 26 de janeiro, liderando uma entrada com 265 membros, sendo 200 destes escravos indígenas. A missão da entrada era explorar o Ceará em busca de indícios de metais preciosos, e averiguar a situação da capitania acerca de sua povoação. "Partindo em julho de 1603, a expedição seguiu a ourela atlântica indo parar, um mês depois, à foz Jaguaribe, onde construiu um fortim ou abrigo, a que foi posto o nome de São Lourenço; captada a confiança dos silvícolas da região, prosseguiu e avançada, acampando junto à enseada do Mucuripe, e, logo após, à barra do rio Ceará; daí rumando sempre para o norte, sem se afastar da orla marítima, estanciou em Jericoacoara e nas matas do Iburá-Quatiara (como diz frei Vicente do Salvador), chegando ao Camocim". (MAGALHÃES, 1978, p. 46).No ano seguinte, em 19 de janeiro, a entrada subiu a Serra do Ibiapaba, onde acabaram por confrontar os Tabajaras, os quais foram subjugados pelos colonos. De lá, Pero seguiu viagem até o rio Parnaíba, porém, devido a vários meses de viagem, os demais membros convenceram Pero Coelho a voltar para o forte. Tendo vários problemas no caminho, chegou em julho as margens do rio Ceará, onde fundou um segundo forte, batizado de Forte de São Tiago da Nova Lisboa.

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