Boigy: Boituva, Curitiba, Itaquaquecetuba, Itu, Mogi das Cruzes, Mogi Mirim, Paranaguá, Paranapanema e Santa Ana de Parnaíba - 24/01/2023 de ( registros)
Boigy: Boituva, Curitiba, Itaquaquecetuba, Itu, Mogi das Cruzes, Mogi Mirim, Paranaguá, Paranapanema e Santa Ana de Parnaíba
24 de janeiro de 2023, terça-feira. Há 1 anos
O povoado que viria a se tornar Mogi das Cruzes foi fundado em 1 de setembro de 1560, servindo como um ponto de repouso aos bandeirantes e exploradores indo e vindo de São Paulo, entre eles Brás Cubas. Gaspar Vaz Guedes foi responsável pela abertura da primeira estrada entre a capital e Mogi, iniciando o povoado, posteriormente elevado à "Vila", com o nome "Vila de Sant´Ana de Mogi Mirim". O fato foi oficializado em 1º de setembro de 1611.
Itaqua Quinta-feira, 8 de Setembro de 1560 [25906], Santa Ana [20358]
Mongi significa estronde de águas ou cachoeiras., Plínio Ayrosa (1930: 267), em um parecer para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, contestou a origem indígena do vocábulo, afirmando que o nome Tietê não fora atribuído por índios, mas por portugueses, mesmo porque, nem pelo seu volume, nem pela comparação com outros cursos d´água, os índios seriam levados a atribuir-lhe o significado de rio grande. Ayrosa defendia esta posição devido ao fato que o Tupi foi língua falada no século XVI e XVII por todos os habitantes, indígenas, brancos e mamelucos. [27939]
Quarta-feira, 18 de Maio de 1566 Bras Cubas foi pessoalmente demarcar as terras três cruzes [23527]. Paulista, mineiro prático e sertanista, que desde 1588 explorou minérios nos entornos de São Paulo e até 1606 havia registrado, na respectiva câmara, cerca de quatorze locais onde descobrira ouro, no Jaraguá, em Parnaiba, em São Roque - “e pelo próprio caminho geral do sertão antigo, na borda do campo, onde dizem teve Braz Cubas umas cruzes de pedras que até hoje estão e por riba delas passa uma bêta de metal preto’.
Clemente Álvares e seus sócios, Martim Rodrigues (um nativo batizado e civilizado pelos frades carmelitas) e Damião Simões encontraram "mantas de ouro" e minas de "betas" quando penetraram, pelo caminho da Borda do Campo, além das "cruzes" que, segundo depoimento do primeiro, Bras Cubas inscrevera empedras, cumprindo uma composição de divisas com Luis Góes, lavrada em escritura pública. Esse caminho era o divisor de águas que nasciam na Serra do Mar e desciam por ela. Na orografia da Serra do Mar, "mogy", ou "mogy" é nome encontradiço de "rio que nasce junto a Cubatão", denominado-se o vale de "Mogi". [23527]
Expressão igual vamos encontrar em 1650, cuja referência vem confirmar não apenas a existência de um antigo caminho, mas ainda a efetividade do seu deslocamento em massa para regiões "além-Sorocaba". No ano refeiro procede-se inventário dos bens deixados por Bernardo Bicudo, morador do bairro de Pirapitingui, bairro mais chegado à então povoação de Itu do que ao perímetro urbano da vila, citando "meia légua de terras de matos maninhos em Capibari na estrada velha do sertão para o sertão dos Bilreiros".
Q qualificativo "velha", designando em 1650 uma estrada para determinada parte, denota uma sucessão de tempo: indica a passagem de um período de não-utilização do caminho seguindo-se a um outro de uso frequente. Com relação ao caso presente, estes dois períodos encaixam-se no quadro de tempo estabelecido pelos dados que temos apurado sobre o assunto. [20389]
As primeiras notícias que temos sobre a região de Mogi, pelas atas da câmara referem-se a um período de conflitos conhecido como "Guerra de Extermínio aos Carijós" [25169]. Após a concessão de terras aos nativos de Piratinim, é incontestável também as solicitações de sesmarias na região de Boigi, Parananaguá e Sorocaba, após a dita Guerra [24356], iniciada em 1585, e de 1592 a 1599, dirigidos por Afonso Sardinha [28106].
Escreve Benedicto Calixto, havia os apés para a terra dos carijós, passando por Curytiba, Umbotuba, em direção aos cursos do Tibagy, Cinzas e Paranapanema, ou ainda, do lado oposto, do Iguassú e seus tributários [24343].
No início de 1590, formam uma expedição com 50 homens à procura da Lagoa Paraupava "sorocabana" [28075], atacando o gentio de Mogi e aí sofreu grande revés sendo trucidado com grande parte de sua gente [24339]. Relata Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953):
“Bandeiras e Bandeirantes de São Paulo”, 1940. Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953):
Ao receber noticia dessa derrota, os moradores de São Paulo apressaram-se em pedir providencias ao capitão-mór Jeronymo Leitão, o qual ordenou um reconhecimento prévio do entorno e em junho de 1590 houve por esse motivo uma escaramuça em Pirapitinguy, da qual fazia parte Diogo de Unhate. [24343]
Lê-se no memorável texto histórico que foi em “mongi” que nativos desbarataram a expedição e massacraram seus seguidores, em 1590. Sobreviventes do morticínio “disseram que é verdade que o nativo de mongi rio abaixo do Anhemby perto de outro rio de Jaguary (...) no dito sitio foram dando neles e matando e desbarataram a uns e outros”.
Vindo o ano de 1594, Afonso Sardinha tinha "ordem para vigiar os nativos, não fora isso necessário por não se haver apresentado gente do sertão, convindo agora fazê-lo indo vinte homens brancos a ver o que passava até o Pirapitinguí (Itu) partindo outros a vigiarem até Sabaúma". [25357]
A coincidência dos três nomes vem a ser de tal ordem que se mostre inaceitável num núcleo tão pequeno, como o de São Paulo seiscentista, torna-se realmente extraordinário que se possa admitir a coexistência dos três locais. Segundo Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958):
Na toponímia de São Paulo diversos Pirapitinguy ha. Assim se chama um pequeno afluente do Parahyba, cuja foz se acha no município de Pindamonhangaba, um outro ribeirão, afluente do ainda pequeno Jaguary, no vale do Tietê, e um terceiro, afluente insignificante do próprio Tietê junto a Ytú. O único que apresenta afinidades com a geografia do bandeirismo é este. Em todo caso a sua barra é a montante do Salto, naquele trecho de corredeiras, tão lindo e abaixo da Cabreuva. [24042]
Ora, "este" rio Jaguari, junto do qual foram dizimados, não é afluente do Rio Tietê, nem existem cachoeiras em Mogi ou nas suas redondezas, entre o Tietê e o vale do Paraíba. Documenta-se, em São José dos Campos, um rio chamado Jaguari e um lugar denominado "campos do Jaguari", à margem da vila D. Pedro I, nas cercanias de Jacareí. [23527]
E, à luz da documentação da Irmandade Carmelita, onde se encontram suas posses em "Santa Ana das Cruzes de Mogi Mirim", todas as vezes que se referem à região em questão, utilizam o nome Sabaúma, não se tratar de Mogi, tanto "das Cruzes", quanto a "Mirim". [23527]
FIM DA GUERRA
A partir da análise de 67 cartas de sesmarias - que correspondem à concessão de terras na região do entorno da fazenda do padre João Álvares -, foi possível elaborar uma tabela que espelha a ocorrência das toponímias por carta, o que nos permite observar alguns dados importantes.
A toponímia mais citada nas cartas foi Mogi Mirim, utilizada para referir-se à vila de Mogi, às paragens da região de Mogi ou ao povoado. O que significa que nas 28 cartas onde a toponímia foi citada temos pessoas que moravam em Mogi, solicitando terras nesta mesma região ou em outras paragens, ou mesmo solicitações de terras no povoado nascente ou nos termos da vila já estabelecida. A segunda toponímia mais citada nas cartas foi o rio Anhemby ou Anhambi , a partir do século XVIII conhecido como rio Tietê, utilizado como principal referência para a demarcação das terras solicitadas pelos colonos.
As demais toponímias aparecem em menor recorrência, o que pode nos indicar um movimento de dispersão das propriedades pela região. Mas é importante nos atentarmos ao fato de que temos 16 rios ou ribeiros mencionados nas cartas, para além do Anhemby , que norteiam esse processo de ocupação territorial. Alguns deles, no caso os rios Guaió, Jaguari, Juqueri e Cabuçu , são afluentes ou tributários do rio Tietê (Anhemby) que neste contexto se projetou como veículo de comunicação central por entre esses territórios, articulando os espaços do litoral, do planalto e do sertão, e permitindo a circulação dos grupos indígenas e dos colonos.
De fato, constam de documentos as concedidas a moradores de São Paulo, João de Abreu e Diogo de Unhate, datado de 1 de junho de 1614 a que este obteve. O primeiro beneficiário foi []
Onde as terras eram devolutas, ou seja, numa área ainda desocupada por colonos. Como bem pontuou Raquel Glezer, o uso da expressão “terras devolutas”, mesmo neste período, não estava associada ao sentido de terras devolvidas, tratando-se de um indicativo de terras desocupadas ou desaproveitadas dentro da perspectiva do processo de ocupação colonial. [28193]
Após a concessão da carta de sesmaria de Gaspar Vaz, no período de 1608 até 1611, ano de fundação da vila de Mogi, identificamos 23 pessoas beneficiadas com concessão de sesmaria na região da banda de além do Anhemby . Alguns destes moradores já possuíam chãos na vila de São Paulo e já haviam ingressado na vida pública. De outros sequer possuímos condições de identificar informações básicas. Dos beneficiários destas cartas de sesmarias, concedidas na fase inicial da ocupação, apenas oito pessoas participaram do ajuntamento liderado por Gaspar Vaz, para fazer requerimento ao capitão Gaspar Conqueiro solicitando a elevação da povoação de Santa Ana de Moji à categoria de vila. São eles: Francisco Vaz Coelho, Braz de Pinna, Manoel Fernandes, João de Almeida, Jeronimo Rodrigues, José de Bulhões, Antonio Fernandes, Antonio Gonçalves e Domingos Agostim. [28195]O primeiro beneficiário foi Gaspar Vaz, consolidado pela historiografia local e regional como o povoador da futura vila de Sant´Anna de Mogi das Cruzes. Nascido na capitania do Espírito Santo, já era morador da vila de São Paulo há alguns anos quando recebeu sua concessão de terras. Sua carta de sesmaria está em maior parte ilegível. Mas no campo da justificativa na petição do suplicante, foi possível identificar que Gaspar Vaz já se declarava morador em Boigi em setembro de 1608. Da mesma forma, não foi possível identificar os referenciais de demarcação das terras por estarem ilegíveis. A única parte que se lê faz referência a uma expressão comum nestes documentos “rio arriba”, provavelmente uma referência ao Anhemby.
Mas no campo da justificativa na petição do suplicante, foi possível identificar que Gaspar Vaz já se declarava morador em Boigi em setembro de 1608*Segunda-feira, 1 de Setembro de 1608
ITAQUAQUECETUBA E CURITIBA
Itaquaquecetuba em tempos coloniais: a função social do aldeamento de Nossa Senhora da Ajuda na ocupação do planalto da Capitania de São Vicente (1560-1640), 2021. Diana Magna da Costa:
O desafio inicial para a construção dessa análise se deu pela necessidade imperativa de delimitarmos, dentro da complexidade de compreensão e definição das fronteiras coloniais, o que seria o território referenciado pela toponímia Taquaquecetiba (Identificamos que nas cartas de sesmarias esta toponímia aparece com as seguintes variações: Taquiquessetiba, Taquaquecetiba, Ytacurubitiva) neste período.
Na análise das cartas jesuíticas, principalmente as escritas pelo padre José de Anchieta, ao qual fora atribuída a fundação primeira do aldeamento de Nossa Senhora d´Ajuda, não encontramos nenhuma menção direta à uma aldeia ou localização com esta referência toponímica. Igualmente as atas da câmara das vilas de São Paulo e de Sant´Anna de Mogi das Cruzes não nos trazem nenhuma menção à aldeia, seja pela toponímia ou pela referência ao orago de Nossa Senhora d´Ajuda.
Num primeiro momento esta ausência nos causou estranhamento, afinal se Taquaquecetiba se localizava no caminho entre as vilas de Mogi e São Paulo, como não há referências diretas à essa aldeia indígena nas fontes? A partir desta inquietação buscamos esclarecer, inicialmente, o uso da toponímia nos documentos em que aparece citada, neste caso. [25169]
Em 10 de Novembro de 1609 Traslado de uma carta de dada de Sesmaria (...) Rodrigues (...) Gaspar (...) Vila de São Paulo
sua petição que eles eram casados e (...) e filhos e que sempre estiveram prestes (...) com suas armas e escravizados para defender de todo os trabalhos e adversidades que ha tido e se acharam em todas as guerras que nela houve onde receberam muitas frechadas em seus corpos e que eram (...) honrados (...) alguma pedindo-me que visto isto em nome do dito senhor Lopo de Sousa por virtude de seus poderes que para isso tenho lhes dê uma légua de terra para eles ambos lavrarem na banda dos campos de Ytacurubitiva no caminho que fez Gaspar Vaz que vai para Boigi-mirim a saber partindo da barra dum rio que se chama Guayao por ele arriba até dar em outro rio que se chama (...) dai dará volta a demarcação pelas fraldas do outeiro da banda do sudoeste e correrá avante até dar no rio grande de Anhemby e por o rio grande abaixo até dar digo até tornar onde começou a partir e assim mais meia...[24152]
Rio grande [27933]
São bem conheida entre nós as ricas minas do ferro de Guiraçuyába (que desde os tempos de D. Francisco de Souza, sétimo Governador Geral do Brasil, tem feito muita bulha, sem nenhum proveito) descobertas por Afonso Sardinha, que nelas estabeleceu uma forja regular para a Fazenda Real, e cometidas à administração daquele Fidalgo,que havendo-se retirado para Lisboa no fim do seu Governo em 1602, voltou para São Paulo em 1609 com o cargo de Governador, e Administrador Geral de todas as Minas descobertas, e por descobrir nas três Capitanias, do Espirito Santo, Rio de Janeiro, e São Vicente, e promessa do Título de Marques das Minas (que alcançou o Neto do mesmo nome) e outros Despachos, que se deviam verificar depois de cinco anos de trabalho com a qualidade Juro, e Herdade: falecendo porém em 1611, tudo se perdeu, e pelo Regimento de 8 de agosto de 1618 se entregaram com aquelas todas as outras Minas á industria dos Povos; mas oprimidos com o enormíssimo tributo do quinto. Daquele tempo em diante, apenas se trabalharam as Minas de Ouro, e nenhuma pessoa se aplicou ao aproveitamento dos outros metais inferiores, porque não podiam suportar, sobre as despesas da exploração, e subsequente manufatura, o peso daquela imposição. [27955]
Luís Castanho de Almeida (1904-1981) limita-se a informar:
Esse Caminho de Curitiba, pois, é de antes de 1693 e foi sendo ladeado por sesmarias até mesmo Curitiba. Não houve empreiteiro dessa estrada. [25029]
18 de agosto de 1639. Registro de uma carta de dada de terras do capitão Pedro Vaz de Barros onde chamam Itacutiara
Antonio de Aguiar Barriga capitão-mór e governador e ouvidor com alçada em toda esta capitania (...) aos que a presente minha carta de dada de terras de sesmaria de hoje para todo sempre apresentada for virem e o conhecimento dela com direito deva e haja de pertencer faço saber que Pedro Vaz de Barros nesta vila de São Paulo me fez a petição atrás escrita dizendo ele suplicante tinha muitos filhos e gente e que lavrava nas terras dos nativos onde não podia fazer suas lavouras por ser parte mui limitada e não podia sustentar sua casa e família e se queria passar a viver onde com largueza pudesse caber e porque no caminho velho do sertão onde chamam Itacoatiara havia terras devolutas que me pedia lhe désse no dito caminho um pedaço de terras de Miriquigiba até sair no campo indo pelo dito caminho de Itacuritiba tomando pelas fraldas dele duas léguas de longo até chegar ao campo ficando o dito caminho em meio a uma ilharga onde dado não fosse ele a quisesse tomar no que receberia mercê a qual sua petição sendo por mim vista e seu pedimento ser justo lhe pus nela o despacho seguinte [24152]
Logo no início de 1610, temos o registro da concessão de sesmaria que decerto demarcou as áreas limítrofes iniciais do que viria a se tornar o primeiro núcleo de assentamento colonial nas paragens de Taquaquecetiba. Aos 23 de março do referido ano, padre João Alvares teve sua primeira carta de sesmaria concedida.
Este documento está com a maior parte das linhas ilegíveis e por este motivo não foi transcrito na íntegra. Mas na petição desta carta é possível ler que João Álvares se declarava “[...] clérigo natural da villa de São Paulo [...] era filho e neto de conquistador desta capitania e que elle assistia e morava no Boigi miri ……………………… [...]”.
Pela indicação legível na seção de justificativa para a solicitação das terras, João Álvares afirmava querer “[...] fazer suas milharadas ………………………………………… [...]” e por este motivo requeria a meia légua de terras ao capitão Gaspar Conqueiro. Sobre a demarcação dessa meia légua de terra solicitada, temos a seguinte informação:
[...] ………………………………….. em quadra tanto de largo como ………….. no dito Boigi miri da outra banda ……………………… Anhambi indo para a Paraiba depois de passar ……………………… e começará a partir pelo caminho ……………. para o dito rio da Paraiba e fica esta ……………….re o rio Anhambi a qual terra pedia por estar devoluta e que em lh´a dar receberia mercê [...].
Por este excerto é possível observar que a demarcação das terras de João Álvares seguia o curso do rio Anhembi rumo ao rio Paraiba , pelo dito Boigi miri da outra banda, onde as terras eram devolutas, ou seja, numa área ainda desocupada por colonos. Como bem pontuou Raquel Glezer, o uso da expressão “terras devolutas”, mesmo neste período, não estava associada ao sentido de terras devolvidas, tratando-se de um indicativo de terras desocupadas ou desaproveitadas dentro da perspectiva do processo de ocupação colonial.
Por esta razão, a localização inicial da fazenda de João Álvares é uma incógnita. E quando menciono a localização inicial da fazenda, o faço pelo fato de que padre João Álvares recebeu ao menos três cartas de concessão de sesmaria ao longo de sua vida em São Paulo. E é por meio dessas outras cartas que podemos alcançar um esclarecimento sobre a demarcação das terras de Taquaquecetiba. [25169]
1° de fonte(s) [26888] História do Brasil, 1914. João Ribeiro Data: 1914, ver ano (54 registros)
4° de fonte(s) [25169] “Itaquaquecetuba em tempos coloniais: a função social do aldeamento de Nossa Senhora da Ajuda na ocupação do planalto da Capitania de São Vicente (1560-1640)”. Diana Magna da Costa Data: 2021, ver ano (145 registros)
5° de fonte(s) [24042] Historia geral das bandeiras paulistas: escripta á vista de avultada documentação inédita dos archivos brasileiros, hespanhoes e portuguezes. Afonso de E. Taunay (1876-1958) Data: 1927, ver ano (87 registros)
7° de fonte(s) [20496] Depoimento sobre o ataque a Antonio de Macedo e Domingos Luis Grou no rio Jaguari: Manoel Fernandes uma das vítimas Data: 5 de dezembro de 1593, ver ano (33 registros)
8° de fonte(s) [28075] “A Lagoa Dourada: Paraupava, Parima”. Adriano César Koboyma (03.01.2023) em Brasilbook Data: 1 de janeiro de 1985, ver ano (75 registros)
9° de fonte(s) [21472] Diogo de Lara assinou na Câmara Data: 5 de fevereiro de 1595, ver ano (36 registros)
Eis que dois anos após o ocorrido, aos 05 de fevereiro de 1595, temos um registro de um ajuntamento para deliberar sobre um mandado do provedor Pedro Cubas no qual:
(...) mandada apregoar nesta vila que todos os moradores e estantes desta dita vila fossem ou mandassem levar todas as pessoas nativos e nativas e escravizados desta guerra de bougi e de outras guerras e expedições ao juízo da provedoria e alfandega para se fazerem exames e diligências importantes e ordinárias (...)
É notória a iniciativa da administração colonial em tentar submeter ao poder dacoroa o controle sobre os contingentes de indígenas escravizados, ao menos em termos de burocracia. A resposta dos oficiais e demais moradores da vila de São Paulo presentes na reunião, entre eles Gaspar Vaz, foi unânime:
(...) este negócio era árduo e de muita importância e que dava muita importunação e opressão ao povo em ir ao mar a gente da terra e além disso estávamos em uso e costume as pessoas da guerra e entradas não iem ao registro salvo as peças que se traziam do resgate e outras nenhumas não e que se o provedor mostrar pelo seu regimento que sua majestade manda ir a alfandega e a registro as peças de guerra e entradas que vinham se responderia a isso e por hora tinham embargos ao dito mandado e provisão e se não podia cumprir até não mandar o regimento para ser publicado e porquanto esta guerra foi data licitamente com parecer do prelado e homens do regimento da república pela opressão que os contra nos davam continuamente (...)
O posicionamento dos oficiais não só desafiava a autoridade do provedor como também demonstrava a autonomia de ação da Câmara Municipal em decidir quando e quais ordens seriam obedecidas pelos moradores. Demonstra, por outro lado, que era costume dos colonos que se beneficiavam da escravidão indígena não registrarem os indígenas apresados em guerras e entradas ao sertão. Pelas informações apresentadas nestas atas é possível inferir que os grupos indígenas apontados como o gentio de boigi já eram alvos do apresamento e da consequente escravização desde, pelo menos, a última década do século XVI.
11° de fonte(s) [25174] Aos 23 de março do referido ano, padre João Alvares teve sua primeira carta de sesmaria concedida. Este documento está com a maior parte das linhas ilegíveis e por este motivo não foi transcrito na íntegra Data: 23 de março de 1610, ver ano (58 registros)
13° de fonte(s) [25373] Oficiais da Câmara e outras pessoas da governança, lembrando o procurador a Afonso Sardinha “o recado do senhor capitão para estarem todos prestes para a guerra". Ao procurador parecia que tendo Afonso Sardinha "ordem para vigiar os nativos”, não fora isso necessário por não se haver “apresentado gente do sertão”, convindo agora fazê-lo “indo vinte homens brancos a ver o que passava até oo Pirapitinguí” partindo outros a “vigiarem até Sabaúma” Data: 13 de fevereiro de 1594, ver ano (44 registros)
Em vindo o ano de 1594, reuniram-se a 13 de fevereiro os oficiais da Câmara e outras pessoas da governança, lembrando o procurador a Afonso Sardinha “o recado do senhor capitão para estarem todos prestes para a guerra". Ao procurador parecia que tendo Afonso Sardinha "ordem para vigiar os nativos”, não fora isso necessário por não se haver “apresentado gente do sertão”, convindo agora fazê-lo “indo vinte homens brancos a ver o que passava até oo Pirapitinguí” partindo outros a “vigiarem até Sabaúma”.
14° de fonte(s) [27095] Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952 Data: 1952, ver ano (70 registros)
Já observou o Dr. Alfredo Ellis Júnior que, naquela época e até muito tempo depois de criada a vila (em 1611), ainda não existia a denominação Mogy das Cruzes. Aliás o próprio Azevedo Marques escreveu, referindo-se àquela região:
Em tempos remotos denominara-se Boygy. Ulteriormente a corrupção da língua a mudou para Mogy.
E mais adiante: No começo da povoação, como se vê no 3o. livro de registros de sesmarias existentes no cartório da Thesouraria desta província, o nome desta localidade era o de Santa Ana de Boygy-mirim. Diz o mesmo escritor, que a freguesia de Santa Ana de Mogy das Cruzes foi elevada à categoria de vila no dia 1 de setembro de 1611. A data está certa, mas os informes relativos aos nomes da localidade exigem esclarecimentos, que daremos em seguida.
Antes disso, porém, cumpre observar que não é exato que a povoação primitiva tivesse a denominação de Nossa Senhora das Cruzes de Mogi-Mirim, como escreveu o Dr. Alfredo Ellis Júnior no livro O Bandeirismo Paulista e o Recuo do Meridiano. Aliás, nos trabalhos posteriores, o historiador já não se refere a tal denominação.
II - Muitos são os documentos através dos quais é possível acompanhar as mutações de nomes da basta região em que se fundou a atual cidade de Mogy das Cruzes. A denominação indígena primitiva (dada, aliás, também, como veremos em nota 76, I, a outras paragens não muito distantes da vila de São Paulo) era simplesmente a que hoje se escreve Mogy (ou Mogi).
O topônimo é composto de mboi, cobra, e hy, água ou rio (rio das cobras). Devido, não só à má percepção auditiva, como também às dificuldades de ordem gráfica, escrevia-se aquela denominação muito diversamente: boigi, bongy, mongi, bongi, bougi; mugi; ou Moygy.
Em documentos de 1608 em diante, vemos aparecer o qualificativo mirim, ou miri (pequeno), acrescentando ao nome da região de que tratamos e da povoação que se ia formando: - Mogi-mirim, Boixi miri, Boigi miri, Boigi mirim, Boigi miri, Moigimiri, Mogy Mirim, Mogi Miri, etc. [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Páginas 616 e 617 do pdf]
III - Numa carta de sesmaria do ano de 1610, lemos que o requerente era "morador na povoação de Santa Ana". A santa deste nome era padroeira da igreja primitiva, e ainda é a da matriz da atual cidade.
Na petição em que Gaspar Vaz e outros moradores do povoado requerem, em 1611, se fundasse vila e se levantasse pelourinho, bem como nas informações então prestadas pelas câmaras de Santos, São Vicente e São Paulo, e na provisão pela qual o governador geral, D. Luís de Sousa, deferiu o pedido, a localidade ainda é designada por Mogy mirim.
Mas, do auto de levantamento do pelourinho (1 de setembro do mesmo ano), consta que o capitão-mor, Gaspar Conqueiro, deu à vila a denominação de Santa Anna. No fêcho do documento (redigido e assinado dois dias depois), diz o escrivão: "feito villa de Santa Anna".
A 11 de outubro de 1621, Àlvaro Luis do Vale, procurador do donatário, Conde de Monsanto, confirmou a data do rossio, campos, etc. "desta villa de Santa Anna de Mogy mirim", denominação que repetiu em duas sesmarias passadas em 1624. Note-se que nas epígrafes destes documentos está vila de Mogi Mirim e Mogi mirim povoassem nomeada Santana.
O "cumpra-se" dado pelo capitão-mór Antonio de Aguiar Barriga à referida confirmação vem datado de Santa Ana das Cruzes, a 27 de agosto de 1629. [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Página 618 do pdf]
76 - I. Talvez tenhamos encontrado uma explicação para a referência de Azevedo Marques à partida da bandeira em direção a Mogy das Cruzes. Já estudamos as denominações primitivas da região (boigi, bougi, moygy, mogi-mirim, boixi miri, boigi mirim, etc.). Ora, existem muitos documentos antigos onde aparecem formas pouco divergentes, mas que se referem a paragens muito distantes daquela. Assim é que vemos alusões: - aos "campos de Boy termo da vila de São Paulo"; - as terras situadas "junto a Boy da banda de além do rio Jerabaty"; [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Página 620]
II. - Dado o rumo inicial mais provável da expedição de Nicolau Barreto, que depois se teria desviado, conforme veremos oportunamente, seria natural que passasse pela região antigamente denominada Bohy, Mohi, etc., e que devia ser mais vasta do que o atual distrito de Embu. Ou então a bandeira teria estado em paragem mais longínqua, de nome igual. Azevedo Marques teria visto uma das formas gráficas do topônimo, no testamento de Ascenso Ribeiro ou em outro documento junto ao inventário desse bandeirante, e acreditado que se tratasse da região que, segundo vimos, só muito mais tarde recebeu o nome de Mogy das Cruzes.
III - Dir-se-á que o erudito cronista não podia fazer tal confusão. Mas, a verdade é que ela seria muito mais explicável do que certos lapsos que se encontram na referida obra, aliás valiosíssima. Citaremos três casos que nos parecem bastante significativos.O primeiro é relativo ao rio Pinheiros, o chamado Jerabaty num dos documentos apontados na seção I desta nota, e cuja denominação indígena se escrevia por diversas formas, uma das quais, a de Jurubatuba, é e mais conhecida e também a mais adulterada. Escreve Azevedo Marques:
"Pinheiros - Rio afluente da margem esquerda do Tietê, de que é um dos primeiros tributários, tem origem nos montes aos ponte da cidade de São Paulo na qual passa a pouco mais de légua, ou 5,5 km de distância, na direção Sul. Em tempos muito antigos foi conhecido com os nomes de Rio-Grande e Gerybatiba. Corre na direção mais geral de Leste para Oeste na altura da freguesia de São Bernardo curva-se um pouco para noroeste, rega os municípios da capital e Santo Amaro."
"Rio-Grande - Afluente originário (sic) do rio Pinheiros. É o mesmo que no município de Santo Amaro e adjacências tem o nome de Jurubatuba. Em seu começo corre de Leste a Oeste e depois toma o nome de Pinheiros corre de Sul a Nordeste, lançando-se no Tietê."
Há nesses trechos várias inexatidões e incoerências. Basta, porém, observar que o rio Grande (que só no curso inferior tem a denominação de rio Pinheiros) nasce em Paranapiacaba (antigamente Alto da Serra), e não "nos montes ao poente da cidade de São Paulo".
Lê-se também na citada obra: "Taiassupeba - Rio afluente da margem direita do Tietê"
"Taiassupeba-mirim - Rio afluente da margem direta do Tietê".
Ora,só o primeiro desses rios é afluente do Tietê, e afluente da margem esquerda, e não da direta. É formado pela reunião do citado Taiassupeba-mirim e do Taiassupeba-assu. [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Páginas 621 e 622]
15° de fonte(s) [23527] Cadernos da divisão do arquivo histórico e pedagógico municipal Nº 2, 1988. Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva, Secretário Municipal de Educação e Cultura de Mogi das Cruzes Data: 1988, ver ano (53 registros)
17° de fonte(s) [25173] As primeiras notícias que temos sobre a região de Mogi pelas atas da câmara Data: 3 de dezembro de 1593, ver ano (33 registros)
18° de fonte(s) [28195] Arquivo Histórico Municipal “Professor Isaacm Grinberg” (Mogi das Cruzes). Manuscrito. Transcrito e publicado em: GRINBERG, I. História de Mogi das Cruzes. São Paulo: Saraiva, 1961 Data: 1961, ver ano (82 registros)
19° de fonte(s) [20358] A igreja foi originalmente erguida como uma capela, de estrutura de pau-a-pique e folhagens. Foi a primeira construção religiosa da cidade e foi dedicada a Santo Antônio Data: 1560, ver ano (60 registros)
20° de fonte(s) [25906] Estabelecimento da Vila Nossa Senhora d´Ajuda, na beira do Rio Tietê, para catequizar os guaianases Data: 8 de setembro de 1560, ver ano (60 registros)
21° de fonte(s) [20389] Se dizia que a estrada para o sertão dos "bilreiros" era uma estrada velha, e depois desse ano não se fala mais nessa estrada / vila de Santa Ana da Parnaíba, nesta fazenda do defunto Bernardo Bicudo, paragem chamada Pirapitingui Data: 14 de agosto de 1650, ver ano (31 registros)
22° de fonte(s) [27939] Plínio Ayrosa (1930: 267), em um parecer para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo Data: 1930, ver ano (104 registros)
Ainda que alguns autores clássicos da historiografia paulista, como Alfredo Ellis Júnior e Sergio Buarque de Holanda, em suas análises discordassem da preferência dos sertanistas pelos caminhos fluviais aos caminhos terrestres 133, a análise das cartas de sesmarias nos permite entrever que os rios não só serviram como referenciais de localização para a demarcação da propriedade como também as terras em torno dos rios eram as mais almejadas pelos colonos. Nas palavras de Vilardaga:
O rio Anhembi e seus afluentes garantiriam alimento, água e formas de circulação. Tanto a jusante quanto a montante, o rio serviu aos processos de expansão do núcleo paulista, alargando sua área de influência e conformando uma espacialidade colonial, na qual ele atuou como eixo estruturante.
Ademais, o rio permitiu relações, pacíficas e conflituosas, com as áreas espanholas da América, interiores, sobrepondo relações coloniais às relações entre tupis e guaranis. Dessa forma, seguindo o fluxo do rio, que corre a oeste desde a Serra do Mar, o espaço colonial se estruturou num continuum que articulava o litoral, o planalto e o sertão.
25° de fonte(s) [24339] “O Mito indígena da Lagoa Dourada e as bandeiras do Brasil Central”, Manoel Rodrigues Ferreira Data: 28 de fevereiro de 1994, ver ano (70 registros)
28° de fonte(s) [24152] Sesmarias de 1602-1642, Publicação Oficial do Arquivo do Estado de São Paulo, impresso pela Tipografia Piratininga Data: 1921, ver ano (91 registros)
30° de fonte(s) [22863] “empenhado na abertura de caminho por terra ligando a vila aos campos de Boigi. O acesso a essa área só era possível pelos rios” Data: 22 de setembro de 1608, ver ano (53 registros)
31° de fonte(s) [27956] Memória sobre o melhoramento da província de São Paulo. Aplicável em grande parte a todas as outras províncias do Brasil; Antonio Rodrigues Vellozo de Oliveira Data: 1822, ver ano (220 registros)
34° de fonte(s) [24356] Primeiro Congresso de História Nacional: Explorações Geográficas, Arqueológicas e Etnográficas Data: 1915, ver ano (45 registros)