Antonio Marcos Roseira – Foz do Iguaçu: Cidade Rede Sul-Americana 48 madeira e de outras mercadorias, fazia o beneficiamento da erva-mate brasileira e paraguaia. 23 O porto de Posadas possuía uma importância ainda mais expressiva para a região, pois tinha a maior população e a maior concentração comercial de toda a Fronteira Guarani. Grande parte de suas casas comerciais pertencia aos donos de Obrages, conhecidos como obrageros. Um deles, Domingos Barthe, proprietário da Obrage de mesmo nome, estava entre os mais importantes exploradores do Oeste Paranaense. Além dos portos, os obrageros tinham outros meios de fazer dinheiro com os produtos que traziam ilegalmente da Argentina. Segundo Colodel (apud Yokoo, 2002), existiam vários navios a vapor que percorriam o Rio Paraná vendendo produtos de primeira necessidade à isolada população ribeirinha. Para a exploração de toda essa potencialidade comercial, os meios de circulação utilizados pelos obrageros eram bastante desenvolvidos. Transportavam pessoas, produtos exportáveis e de consumo local, fazendo com eficiência a interligação de uma rudimentar malha territorial. Utilizava-se desde navios a vapor até as engenhosas zorras especializadas em romper os obstáculos das declividades nas margens do Paraná. 24 Por uma prática comercial, os obrageros sabiam perfeitamente que só detém o poder sobre o território quem controla o movimento. Diante de uma ineficiente 23 “Corrientes é um grande mercado de madeiras. As jangadas que descem do Alto Paraná são ali modificadas; compõem-se de várias qualidades entre as quais avultam o cedro, ipê (lapacho), o ouro (peteribe), etc. O movimento comercial de Corrientes consiste ainda em gado, couro, tabaco, amendoim, polvilho de mandioca, etc. Faz-se (ainda) beneficiamento da erva-mate brasileira e paraguaia (...).” Júlio Nogueira, 1920, p.60. 24 “A forma de embarque e desembarque de passageiros e mercadorias nas margens do Paraná era feita através de Zorras, movidas a vapor, tração animal ou mesmo usando braços humanos. Pelas barrancas, muitas vezes com mais de 50 metros de altura, seguiam duas linhas de trilhos paralelas com um só declive. Em cada linha de trilho corria um vagonete. Com a descida de um vagonete subia outro, em direção oposta, de modo que, quando um assentava-se em baixo, o outro estacionava-se em cima, na plataforma de desembarque. Quando eram carregados de mercadorias, esses dois vagonetes alcançavam velocidades bastante altas e o trabalho de carga e de descarga se fazia com rapidez. No entanto, quando os vapores tinham de embarcar e desembarcar levas de passageiros, este processo tornava-se muito mais moroso devido aos perigos de se despencar barranca abaixo.” José Augusto Colodel, 1988, p.99.