Jornal A Cruz. Uma página do Exmo. D. Jaime Camara
18 de julho de 1943, domingo. Há 81 anos
O novo arcebispo do Rio de Janeiro dedica-se há muitos anos aos estudos históricos. Exerceu o cargo de professor de História da Igreja antes de ser eleito bispo de Mossoró.
Há poucos meses por instância de amigos e ex-alunos foi publicado o livro que enfeixa grande número de capítulos que S. Excia. cuidadosamente elaborou; estas páginas abrangem a síntese da vida do catolicismo até nossos dias, formando volume opulento; S. Excia. tem do mesmo modo volvido a atenção para os fatos da vida religiosa no Brasil. Publicou, já pouco, interessante capítulo na REB trimensário de ciências sacras, a respeito do passado católico no Estado de Santa Catarina.
Damos aos leitores a parte final deste ensaio digno de atenção:
Os primeiros missionários que percorreram o território catarinense foram os franciscanos espanhóis, dos quais dois se estabeleceram na Ilha de Santa Catarina, de 1537 a 1541, época em que acompanharam Cabeça de Vaca ao interior do Estado em demanda de Assunção.
Em 1551 chegaram a Santa Catarina os primeiros jesuítas, mandados pelo Padre Nóbrega e chefiados pelo Padre Leonardo Nunes.
Os cariós tinham fama de ser os mais inclinados para o cristianismo. Não recebendo novos missionários (os primeiros haviam perecido) iam a São Vicente buscar a instrução e o batismo.
Em 1567 estiveram em Santa Catarina novamente alguns jesuítas encarregados de reatar as relações entre os carijós e os colonos portugueses. Foram tão bem tratados, tão procurados para o batismo que tiveram que prometer que voltariam até lá. Ao que os caciques prometeram que encontrariam igrejas construídas.
Mais dois padres trabalharam com fruto de 1616-1618. Por ordem do Geral da Companhia, em 1622 estabeleceu-se uma residência para manter missões continuadas. Em 1665 foi elevada a paróquia a vila de N. S. da Graça, na ilha de São Francisco.
Em 1675 Dias Velho trouxe dois sacerdotes para a Ilha de Santa Catarina, onde já encontraram acabada a ermida de N. S. do Desterro, construída em 1651 pelo mesmo capitão.
Em 1696 foi levantada a igreja matriz da Laguna. Mais ou menos em 1712 entraram os missionários carmelitas no Desterro e na Laguna, mas a paróquia do Desterro foi ereta só em 1730.
Com a criação do bispado de São Paulo (1745) não ficou o território de Santa Catarina a ele subordinado, mas continuou a pertencer ao bispado do Rio de Janeiro até 1894.