Uma esquina nos confins do Brasil: O SUL DO MATO GROSSO COLONIAL E SUAS VIAS DE COMUNICAÇÃO (PROJETOS E REALIDADES) Paulo Roberto Cimó Queiroz - 01/01/2009 de ( registros)
Uma esquina nos confins do Brasil: O SUL DO MATO GROSSO COLONIAL E SUAS VIAS DE COMUNICAÇÃO (PROJETOS E REALIDADES) Paulo Roberto Cimó Queiroz
2009. Há 15 anos
cimento futuro daquele continente”, conforme o relato do responsávelpor uma dessas expedições (JUZARTE, 1981, p. 233). No tocante à pecuária, visava-se especialmente à criação de muares, que se destinariam a SãoPaulo e dali a Minas Gerais (FARIA, 1876, p. 221).
A Praça do Iguatemi deveria igualmente servir ao estabelecimento ou reorientação de rotas comerciais. Sua vinculação seria, em primeiro lugar, com o planalto paulista, tanto por meio da navegação, tipicamente monçoeira, pelos rios Tietê, Paraná e Iguatemi, como por meio de um caminho terrestre cuja abertura então se buscou providenciar. De fato, já em 1769 Juzarte escolheu o local em que essa estrada deveria atravessar o rio Paraná (as imediações da foz do rio Pardo)26, enviou dali um grupo que deveria abrir o caminho até Sorocaba e, mais tarde, expediu já da Praça outro grupo incumbido de uma primeira tentativa de abrir o trecho sulmato-grossense (JUZARTE, 1981, p. 263-265, 284; novas diligências com relação a esse trecho foram depois efetuadas, conforme é relatado em 1774 por FARIA, 1876, p. 259). Tal caminho parece haver sido efetivamente aberto, pelo menos no trecho entre Sorocaba e o rio Paraná. O ponto em que ele chegava, fronteiro à foz do Pardo, era um “lugar bem conhecido até o ano de 1783, em que foram vistas por mim as suas capoeiras”, diz Souza (1949, p. 131).
Outro caminho, já existente, era aquele que, pelo passo da serra deMaracaju, ligava o Iguatemi a Curuguati e daí a Assunção (distantes, respectivamente, cerca de 14 e 60 léguas espanholas, cf. JUZARTE, p. 277). Talcaminho deveria servir para o comércio com os domínios espanhóis, que defato ocorreu, embora em mínima escala, durante a breve existência da Praça(consistindo, segundo Juzarte, apenas na compra de cavalos, bestas e gadobovino fornecidos pelos hispano-americanos, cf. p. 278-280, 283-285).
Além da Praça, outros “núcleos urbanos” deveriam ser fundados junto às cabeceiras dos rios Amambai, Ivinhema, Iguatemi e Pardo (BELLOTTO, p. 275). A povoação das cabeceiras do Ivinhema estaria, no caso, relacionada a outro projeto: a “reabertura” da antiga rota fluvial pelos rios Paranapanema e Ivinhema – rota essa que, segundo informações domorgado referidas por Holanda, era ainda em 1770 “freqüentada por alguns raros comerciantes de Curitiba” (HOLANDA, 1990, p. 264-265).
As comunicações do Iguatemi situavam-se também no contexto dapolítica de D. Luís voltada ao descobrimento e ocupação de outros “ser- [Página 18 do pdf]