c | Mulheres escravizadas em Alagoas: Resistência e protagonismo nos periódicos locais (1870 e 1880) |
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| | | A violência era constante na vida das escravizadas, presente em diferentes momentos do convívio social. Vigiadas e compelidas, qualquer ato poderia fazer explodir a violência. Em nosso primeiro caso, no dia 14 de maio de 1882, o periódico O Orbe noticiou a morte da escrava Bendita:
Benedita, de 23 anos, mais ou menos, escrava do Sr. João Pires de Almeida, há tempo mantinha relações ilícitas com um escravo de Raphael de Barros, recolhendo todas as noites o dito escravo em casa do seu senhor. Informado disto por outro escravo, o Snr. João Pires tratou de averiguar o fato, depois do que deu as providências para que não se reproduzisse aquele abuso, isto na terça feira, 14 do corrente. Passou-se quarta feira sem haver causa alguma e, na quinta feira, Benedita, depois de fazer os seus serviços habituais pela manhã, retirou-se para o quintal, onde, duas horas depois, foi encontrada enforcada, conjuntamente com seu amante, no mesmo galho de uma arvore, e em um mesmo cipó, em cujas extremidades haviam as laçadas, tendo duas voltas no centro do cipó sobre o galho, para não haver desequilíbrio pela desigualdade do peso, ficando ambos em uma só altura. Benedita estava em adiantado estado de gravidez. (O Orbe, 14 de maio de 1882, p.3).
Mesmo em jornais escravocratas, as notícias que relatavam a violência e o abuso eram reprovados pelos editores. No entanto, essas notícias ganhavam maior comoção nas páginas dos jornais abolicionistas, que percebiam na violência imoderada um dos principais argumentos para se colocar fim ao regime escravista. Com o intuito de informar a população, mas também de chocar a mesma, as folhas abolicionistas de Alagoas reproduziam notícia bárbaras que ocorriam no interior da província ou mesmo fatos passados em outras províncias que resultaram na morte de escravas:De Anadia nos escrevem, em data de 2 de outubro, chamando a atenção do exm. Snr. Presidente da Província e do dr. Chefe de polícia para o seguinte: -No engenho Bebedouro, uma infeliz escrava de nome Luiza foi tão barbaramente surrada que estava prestes a falecer. Há também em dito engenho dois escravos que de dia trabalham com grossas correntes no pescoço como se fossem gallés e a noite passam no tronco. É um meio bárbaro de castigar usado pelo sr. de tal engenho. Pedimos as suas primeiras [Página 89] | |
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