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História da Ilha de Santo Amaro. almanarkitapema.blogspot.com
15 de maio de 2011, domingo. Há 13 anos
Geograficamente a Ilha de Santo Amaro tem a forma de um "dragão alado", justamente assentada em sua cabeça está a Fortaleza da Barra Grande, enquanto que na cauda estão o Forte de São Felipe, a Ermida de Santo Antônio de Guaibê, a Armação das Baleias e na sua asa o Forte Vera Cruz de Itapema, bem como o Distrito de Vicente de Carvalho (ITAPEMA/SP). Localizada à borda do Oceano Atlântico, no Litoral Paulista e possuindo 143 Km quadrados de território.

Data de 1502 o primeiro registro documental da formação geográfica santo-amarense, quando duma Expedição de reconhecimento comandada por André Gonçalves e Américo Vespúcio, que ancorou a 22 de Janeiro (daquele ano) na costa ocidental da Ilha Guaibê, nas proximidades da Praia de Santa Cruz dos Navegantes. Outras expedições européias que por aqui estiveram registram a passagem pelo contorno insular, como a Armada de Sebastião Caboto em 1530.Alonso de Santa Cruz no seu conhecido "Yslario", escreveu que por ocasião da viagem realizada como Primeiro-Oficial (de Sebastião Caboto), nos anos de 1527 a 1530, ao sul do Brasil e ao Rio da Prata teve ocasião de verificar pessoalmente que: "Dentro do porto de São Vicente há duas ilhas grandes habitadas de índios, e na mais oriental, na parte ocidental dela, estivemos mais de um mês surtos..."

Tal ocorria no ano de 1530 - relata o Comandante Eugênio de Castro em "A Expedição de Martim Afonso de Souza", única vez que passava por estas paragens Alonso de Santa Cruz - "e por suas palavras, como pelas Probanzas e demais documentos transcritos por Turíbio Medina, se poderá concluir que a força naval de Caboto demandou na abra do porto de S. Vicente, antes da Armada colonizadora, e veio procurando junto à atual Ilha de Santo Amaro." - Acrescenta reforçando o fato:"Na parte ocidental dela, tomou um fundeadouro em que permaneceu um mês e o que certamente, para sua segurança, era abrigado dos ventos que ali cursam com maior intensidade - provável fundeadouro que vai por nós assinalado no mapa II, montada a Ponta da Capetuba ou dos Limões já em águas remansosas que banham a atual Praia do Góes."

Historicamente a Ilha está ligada à Capitania de Santo Amaro. Era denominada "Ilha Guaimbé" pelos indígenas, "Ysla Oriental" pelos espanhóis e "Ilha do Sol" pelos portugueses. Sendo que, a figura da Ilha e seu nome aparecem no mapa de Juan de La Cosa, estampado em 1500. Também está grafado na carta cartográfica de Sebastião Caboto (1554). Nas cartas marítimas de Juan Van Dort, de 1585 e de Cornelius de Jade (1593). O mesmo com mapa da região (século XVII), por João Teixeira de Albernaz, com inscrição "Ilha de Guaybe ou do Sól".Segundo o "Diário de Navegação de Pero Lopes de Souza", quando a Expedição chefiada por Martim Afonso aqui chegou em 21 de Janeiro de 1532, de volta do Rio da Prata, devido aos fortes ventos já próximo à Península de Itaipu, e a menos de duas milhas daquele porto de Sam Vicente lançou âncoras. Diante de uma imprevista tormenta, abordo de sua nau "Nossa Senhora das Candeas", Pero Lopes afastou-se do local, indo abrigar-se dos ventos nas águas da Barra Grande fronteiriça à Ilha de Santo Amaro."(...)Segundafeira vinte hum de janeiro demos á vela, e fomos surgir n´hua praia da Ilha do Sol; pelo porto ser abrigado de todolos ventos. Ao meo dia veo e galeam Sam Vicente surgir comnosco, e nos disse como fóra nam se podia amostrar vela, com o vento sudoeste..." - Pelas anotações do navegador português, a Ilha do Sol encontrava-se na altura de "vinte e quatro graos e hum quarto."

Conforme escritura de Estevam da Costa, genro de Martim Afonso, redigida em 31 de Dezembro de 1536, este ancorou sua Esquadra primeiramente na costa ocidental da Ilha de Santo Amaro (chamado Porto das Naos [da Barra Grande] - dito por alguns historiadores "Porto do Sol", na Praia do Góes), e então seguiu para São Vicente. É nesse mesmo documento que vê-se o uso da denominação Ilha de Guaibê. A palavra de origem indígena significa "separada", alusão à separação das terras da Ilha, das dos continente. Há ainda outra versão (segundo Varnhagen), o nome Guaimbé que a Ilha recebeu dos indíos, seria devido a planta aquática, que dá em cacho seu fruto, a qual noutras paragens do Brasil dizem Aninga. Ou também, significando "cipó de amarrar".

No ano da fundação da Vila Vicentina (1532), em carta do dia 28 de Setembro, D. João III escreve ao Almirante colonizador informando sobre a resolução de dividir o Brasil em Capitanias Hereditárias [imagem à esquerda]:"(...)e antes de dar a nenhuma pessoa, mandei apartar para vós cem léguas, e para Pero Lopes, vosso irmão, cinquenta dos melhores limites desta costa..." - Uma parte desta doação passou a designar a Capitania de Santo Amaro.

Compreendia dez léguas de costa, encravada junto à Capitania Vicentina, entre a foz do Rio Curupacé (hoje Juquerepacé), limítrofe a São Sebastião (ao Norte) e a boca do Rio São Vicente (ao Sul) - em medidas atuais aproximados 130 Km de costa, os limites da Capitania Santo-amarense extendendo-se para o planalto, dentro da demarcação imposta pelo Tratado de Tordesilhas. Sendo a Ilha de Santo Amaro, cabeça da Capitania, incluindo em sua costa marítima localidades como Buriquióca, Boissucanga, Maembipe (São Sebastião) e Ilha (Pequena) Barnabé. A Capitania de Santo Amaro foi doada efetivamente em 1534, a Pero Lopes de Souza pelo Rei português, com a finalidade de ser colonizada, cuidada e promovida. Assim, mandou construir instalações e designa administrador. Os irmãos Martim Afonso e Pero Lopes de Souza fizeram contrato com João Venist, Francisco Lobo e Vicente Gonçalves para formação de um engenho para fabrico de açúcar, onde entraram com a autorização de uso das terras.

Consta que o Donatário, a princípio, teria pessoalmente colonizado suas Capitanias, organizando viagens para o envio de colonos, implementos agrícolas, sementes, mudas de plantas, ferramentas, trabalhadores de ofício etc. Por vezes o próprio Pero Lopes capitaneando a frota, in loco a acompanhar o desenvolvimento das Capitanias nas temporadas que passa pela costa marítima da terra de Bresil.Gabriel Soares, afirma que conduzindo Armada às suas custas e em pessoa foi povoar a Capitania de Itamaracá com moradores que levou do Porto de Lisboa, donde partiu. No que gastou alguns anos e muito dinheiro. Acrescenta que fizera um Engenho em Santo Amaro [Capitania] que também foi povoar pessoalmente.

Pelo ano de 1536, o vigário Gonçalo Monteiro (Capitão-Lugar-Tenente de Martim Afonso) concedeu terra de sesmaria na Ilha de Santo Amaro, cercanias da Fortaleza da Barra Grande, a Estevão da Costa:"(...)Faço saber aos que esta minha carta de dada de terras virem, que por Estevão da Costa que ora à dita Capitania [S. Vicenti] veio em este ano passado me dizer que vive em viver, e ser povoador em a dita Capitania, pedindo-me que eu lhe faça proveito, e serviço ao dito Sr. Governador, de lhe dar terras com que viver, e fazer roças de canas e algodões, e o que a terra der; confiando no dito Estevão da Costa lhe dou e hei por dadas as terras seguintes da Ilha de Guaíbe defronte desta Ilha de S. Vicente onde todos estamos, a qual terra está devoluta sem nenhum proveito..." - Denota-se que, ainda aí chamavam-lhe "Ilha de Guaíbe", sendo somente dita Capitania de Santo Amaro de Guaíbe a partir da carta de nomeação (1542) do Locotenente e Ouvidor de D. Isabel de Gambôa, esposa e tutora dos dois filhos de Pero Lopes. Nesta sesmaria de Estevam da Costa, em 1544 devido à prosperidade da empreitada, José Adorno (tripulante da Armada Afonsina) teria mandado construir uma Capela, tendo por orago Santo Amaro.

Depois de um primeiro momento de interesse pela Capitania de São Vicente, Vila de Santos e adiante as terras do Sul, a ocupação mais efetiva dirigiu-se também para o Norte da região, voltando-se para a Ilha Oriental (Guaimbé).Vale ressaltar que por volta de 1533, Jorge Ferreira (integrante da Esquadra Colonizadora Afonsina), já implantara sesmaria em ITAPEMA/SP, do outro lado da Ilha, margem esquerda do estuário Guarapissumã, com fazenda, plantações e criação de animais.

Com o desaparecimento de Pero Lopes, e consequente morte num naufrágio na altura de Madagascar (1542), herdaram posse Pedro Lopes de Souza, o filho primogênito. Depois sucedido pelo irmão Martim Afonso Sobrinho, ambos sob tutela de D. Isabel de Gamboa, então Donatária.Ocorre que devido ao precoce falecimento dos filhos, estes não deixaram descendentes, cabendo à D. Isabel de Gambôa toda herança, todavia perdeu-se a linha sucessória de herdeiros diretos. O vigário Gonçalo Monteiro administrou a Capitania e aqui distribuiu sesmarias. Foi substituído em 1543, por Antônio Gonçalo Afonso (procurador e ouvidor da Donatária), primeiro Capitão-mor da Capitania de Santo Amaro de Guaíbe. Sucedeu-lhe o Capitão-mor Cristovão de Aguiar de Altero, Cavaleiro Fidalgo (1544).

[Capitão Jorge Ferreira - Capitania de Santo Amaro]Pelo seus préstimos seria escolhido Capitão-mor e ouvidor da Capitania de Santo Amaro, Jorge Ferreira (entre 1545 e 1556), com provisão de D. Isabel de Gambôa e nomeado por D. Duarte da Costa.No ano de 1547, repassou Jorge Ferreira sesmaria, na Ilha do Sol, a Manuel Fernandes. Coube ao Capitão Jorge Ferreira estabelecer em 1559, a sede da Capitania - a Vila de Santo Amaro.Onde José Adorno e sua mulher Catarina Monteiro fundaram a Capela dedicada a Santo [Mauro]. O historiador Francisco Adolfo de Varnhagen documenta a localização da Vila:"Nesta ilha, da banda de fora, e a umas três léguas ao norte de São Vicente onde se faz uma enseada fronteira à Ilha [Pombeva], se fundou a primeira povoação com o nome de Vila de Santo Amaro." - Todavia, o povoado não prosperou, a Capela ruiu e as alfaias foram entregues a Cristovão Diniz, almoxarife, em 24 de Setembro de 1576. Por causa desta Capela originou-se a denominação de Ilha (Capitania) de Santo Amaro.

Estas igrejas fundadas na Ilha de Santo Amaro estimularam a vinda de padres, das distintas Ordens Religiosas, dentre as quais Jesuítas e Carmelitas que aqui catequizavam pequenos grupos de indígenas e exerciam a liderança espiritual dos colonos. Muito embora divergentes, as mesmas atendiam os interesses de predomínio da Igreja Católica Romana, no processo de colonização do Brasil.Algumas propriedades possuíam simples capela para as orações ou tinham mesmo uma igreja erigida no local, reunindo moradores próximos. Ficaram registros da Capela Nossa Senhora da Apresentação, Capela de Santa Cruz do Riacho (em Itapema), Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, Capela do Crumahú, Capela dos Escravos (na Fazenda Perequê - século XVIII).Em função disso os clérigos estabeleceram suas bases catequéticas e de evangelização dos ilhéus de Santo Amaro. Dentre estas, no Morro dos Macacos foi erguida uma Capela, mais adiante o Convento da Paciência, mantidos pela Ordem Terceira do Carmo.Assim como em Conceiçãozinha, gleba pertencente aos Jesuítas, ministravam-se catequese e sacramentos.

Durante suas diligências pela região José de Anchieta (Reitor do Colégio de S. Vicente - 1558) e o Padre Manoel da Nóbrega pernoitaram e celebraram missa na Ermida de Santo Antônio de Guaibê, também construída (1560) por José Adorno, radicado nestes arredores da península do "rabo do dragão".Lá por 1554, o jesuíta José de anchieta promovia a "civilidade" dos indígenas através da música (canto-coral), com audições na Vila de São Vicente. Tendo a participação de índios catequizados das tribos Guyacurus, dos Purus, daquelas localidades de "Guaiaho", "Ilha do Sol", "Catiapoã" e "Rio Bugre".Os padres Manoel da Nóbrega e Anchieta (acompanhados de José Adorno) tiveram papel importante no conflito entre os Tupis e colonizadores portugueses. Sobretudo, por selar o Tratado de Paz de Iperoig (Ubatuba), em 1563. Mais tarde com a extinção do colégio dos Jesuítas (1585), os padres da Companhia de Jesus perderam a predominância e influência sobre a atividade religiosa.Viveu na região de Morrinhos, pelo século XVIII, o padre Antonio José Pinto (chamado Emboaba).Constituindo os primeiros passos do catolicismo na Ilha de Santo amaro.

Pelo ano de 1557, a Donatária (viúva de Pero Lopes) tornou Antônio [Roriz] Rodrigues de Almeida, Capitão-mor de Santo Amaro de Guaíbe, conforme procuração lavrada em Lisboa, à 22 de Julho daquele ano. Outro que teria sido designado Capitão-mor da Capitania Santo-amarense, foi Jorge Pires.No período de 1562 e 1579, vigora enquanto Capitão-mor e ouvidor Antônio [Roriz] Rodrigues de Almeida.Meramente engano e falta de conhecimento da situação e correta demarcação do território foram as causas que introduziram a Capitania de Santo Amaro num longo litígio familiar. Esta posse das terras esteve cercada de muitas dissensões entre os pleiteantes da Capitania Santo-amarense e os legatários de Pero Lopes de Souza. As informações geográficas obtidas seriam tão incertas e confusas, que originaram em demoradas demandas judiciais envolvendo os beneficiários de Martim Afonso e Pero Lopes. Como foram feitas várias doações além dos entendidos limites territoriais e outras tantas nomeações, principalmente por Antônio [Roriz] Rodrigues de Almeida e outros administradores, fizeram-se reclamantes os demais herdeiros.

Aparece como donatária da Capitania de Santo Amaro de Guaíbe, a irmã de Pero Lopes e Martim Afonso, D. Jerônima de Albuquerque Souza (viúva de D. Antônio de Lima). Em 1577 assumiu a filha desta, D. Isabel de Lima de Souza e Miranda, esposa de André de Albuquerque.Nesse mesmo ano (1577) exercia o mando da Capitania, Lourenço da Veiga, o qual substabeleceu a Salvador Correia de Sá, que concedeu sesmarias pela Capitania de Santo Amaro. André de Albuquerque, em 1584, figura na condição de Donatário. Sucedido então por Lopo Lopes de Souza (primo de D. Isabel de Lima), no final do século XVI (1500).Brás Cubas era Provedor da Fazenda Real da Capitania de Santo Amaro. Na data de 8 de Março de 1597, deferiu juramento e deu posse a João de Abreu, na serventia vitalícia do ofício de Almoxarife da Capitania Santo-amarense, mercê que lhe fizera, por provisão de 17 de Janeiro de 1595, o Governador-Geral do Brasil, D. Francisco de Sousa, em atenção e recompensa aos serviços prestados pelo mesmo Abreu a El-Rei, acudindo de seu bolso a todas as guerras havidas nesta região contra os índios rebelados.O donatário Lopo Lopes de Souza proveu Capitão-mor da Capitania Santo-amarense, Antônio Pedroso de Barros (1607). Mais tarde assumiria como Capitão-mor (seu irmão) Pedro Vaz de Barros. Foi sucedido por Gaspar Conquero.

Como Lopo Lopes de Souza faleceu em 1610, sem deixar descendência, a sua herança passou à irmã, D. Mariana [Pero] de Souza Guerra - "Condessa de Vimieiro" (1611 à 1623), cujo esposo era D. Francisco Faro. Depois ao seu filho D. Sancho de Faro e Souza. Seguido do neto da Condessa de Vimieiro, D. Diogo de Faro e Souza. Herdou então sua irmã, D. Mariana de Faro e Souza, "Condessa da Ilha do Príncipe".No ano de 1622, é nomeado Capitão-mor da Capitania de Santo Amaro, João Moura Fogaça.D. Luiz Alvares Pires de Tayde Castro Noronha e Souza, "Marquês de Cascaes" (Conde de Monsanto VII), filho de D. Inês Pimentel, portanto bisneto de Martim Afonso, que já questionava direitos concedidos a outros parentes, impetrou a demanda judicial pela posse da Capitania de Santo Amaro de Gauíbe, considerando-se legítimo herdeiro. Em 1620, o Conde de Monsanto consegue ganho de causa e assume as capitanias da família (São Vicente, Sant´Ana e Santo Amaro). Na data de 24 de Fevereiro de 1624, a posse das capitanias, inclusive a Capitania de Santo Amaro, passou ao Conde de Monsanto VII definitivamente.Ainda no ano de 1621, proveu Capitão-mor da Capitania Santo-amarense, Manuel Rodrigues de Morais. Em 1622, nomeia Fernando [Fernão] Vieira Tavares como Capitão-mor da Capitania de Santo Amaro. Sucedeu-lhe o Capitão-mor Álvaro Luís do Vale (1624).

Francisco Luís Carneiro de Sousa no ano de 1679, obteve do Príncipe Regente [D. Pedro II] reconhecimento da antiga demarcação das capitanias, contrariando o Marquês de Cascaes, e retomou a posse.A pendência deste litígio que divergia a respeito da linha sucessória de herança, sua abrangência em relação às capitanias, as demarcações de limites, distintas nomeações, apenas contribuíram para que parte da história da Capitania de Santo Amaro se misturasse aos relatos sobre a Capitania de São Vicente, impedindo uma leitura destacada, visão precisa dos fatos, do cenário no qual formou-se a Capitania Santo-amarense.Em Carta Régia de 11 de Janeiro de 1692, seria confirmada pelo El-Rei D. João V, a doação da Capitania de Santo Amaro ao Marquês de Cascaes (Conde de Monsanto).

Resolveu então, o Conde de Monsanto VII vender as terras das Capitanias (Santo Amaro e Sant´Ana). José de Góis de Morais, Cavaleiro Fidalgo da Casa Real, filho do Capitão-mor Governador Pedro Taques de Almeida, intentou (através de procuradores em Lisboa) comprar pelo preço de 40.000 ducados mais 5 mil liras, as cinquenta léguas que tinha por costa pertencente ao Conde de Monsanto (englobando as dez léguas da Capitania de Santo Amaro).Alertado o Rei de Portugal (D. João V), foi feita uma proposta ao Conde de Monsanto oferecendo igual quantia em dinheiro paga pela Fazenda Real e ficasse as ditas capitanias incorporadas à Coroa Portuguesa, e consequentemente ao Patrimônio Real. Oficializada por Alvará de Compra emitido em 22 de Outubro de 1709.Assina-se a respectiva Escritura de Compra e Venda, na data de 19 de Setembro de 1711. Sendo a Escritura definitiva lavrada perante a Câmara da Vila de São Paulo, a 25 de Fevereiro de 1714.Os controversos limites entre as capitanias (São Vicente e Santo Amaro), quanto a divergente sucessão de herdeiros donatários permitiu aos descendentes de Martim Afonso e Pero Lopes de Souza (que se julgavam mandatários) nomear indistintamente Capitães-mores, ouvidores, dentre outros. Essas nomeações indiscriminadas de administradores para o mesmo cargo tirava aos seus respectivos detentores a responsabilidade do exercício de autoridade, restringia suas ações de empreendimento e deixava a Capitania instável de governo. Isso prejudicou a ampla ocupação da Ilha, tanto como o efetivo desenvolvimento da Capitania Santo-amarense.

Devido a concessão de glebas na metade do século XVI, a atividade agrícola cresceu valendo-se da mão-de-obra silvícola (indígenas) e do trabalho escravo (índios prisioneiros e negros africanos). Desde 1534 a Capitania Santo-amarense contribuía com a produção açúcareira da região com seus canaviais, plantio agrícola de subsistência (mantimentos), criações de animais, pesca, extração de minérios e madeira. É nesta época, seja pela proximidade com o porto santense e caminho de escoamento de produtos dos fazendeiros da Ilha de Santo Amaro, que ITAPEMA/SP (pertencente a Capitania Santo-amarense) insere-se na atividade econômica do Litoral brasileiro quinhentista, como sesmaria de Jorge Ferreira. Anos mais tarde, Francisco Nunes Cubas adquiriu estas terras compradas de seu descendentes.Foram concedidas igualmente sesmarias a diversos outros interessados: João Ramalho, Brás Cubas, Estevam Raposo Bocarro, Domingos Garrocho, Rodrigo Álvares (1557), Cristovam Monteiro (1556), João Teixeira de Carvalho (1724).

Mapas do período apontam a implantação de engenhos como o do Governador ou do Trato, estabelecido por iniciativa de Pero Lopes e Martim Afonso, junto ao Rio Crumaú (1534). Engenho de Nossa Senhora da Apresentação (pertencente a Manoel de Oliveira Gago (1560), ficava ao fim do Rio Crumaú com saída para o Rio Bertioga). Engenho Nossa Senhora da Aparecida, fundado por Gonçalo Afonso (1560) nas imediações do Rio Crumaú. Engenho de Santo Amaro, estabelecido por Estevão Raposo (1565). Engenho Santo Antônio, fundado por Antonio Fernandes, junto à igreja de Santo Antônio de Guaíbe. O Engenho Antonio e o de Bartolomeu Antunes. Outra carta cartográfica do século XVII assinala fazendas, o Engenho dos Bairros e habitações.

A partir de 1543, tendo sido o porto deslocado da "Ponta da Praia" (defronte aos rios Icanhema e "do Meio") para o povoado de Enguaguaçú, no Largo de Caneú, pelo Rio S. Vicente adentro, além do fator de proteção contra ataques corsos (piratas), ficou mais cômodo a movimentação de ilhéus, o escoamento de produtos das fazendas da Ilha de Santo Amaro e arraiais do entorno, bem como a ligação com o planalto Piratininga.Já em 1539, os habitantes da Ilha de Santo Amaro e arrabaldes próximos, costumavam ir todos os domingos à Capitania Vicentina para ouvir missa e tratarem de negócios. Querendo evitar fatigantes e não raro perigosas viagens por mar, desembarcavam no "porto das canoas" (em terras de Paschoal Fernandes e Domingos Pires), foz do córrego São Jerônimo, no povoado de Enguaguassú, donde seguiam por terra para aquela Vila, num percurso de légua e meia, aberto por estes (caminho do marapé).Relatório - "Descrição de Todo Marítimo da Terra de S. Crus Chamado Vulgarmente Brasil", relata ser a Capitania de Santo Amaro de terras férteis, "e tem esta Ilha boas fazendas e engenhos de açúcar." - Parte considerável em território da "Vargem Grande". Segundo Luiz D´Alincourt, mantínhamos plantações, conjuntamente com a Vila de Santos e adjacências, de café, mandioca, do melhor arroz, cacau, algodão, milho, feijão, banana, cana para o fabrico de açúcar, água-ardente e pequena criação avícola, bovina e de porcos.

Conforme publicado no livro "Notícias do Brasil", pelo colono português Gabriel Soares de Sousa (1587) em visita a região, descreve ele que o Rio S. Vicente, "o qual tem a boca grande e muito aberta, onde se diz a Barra de Estevão da Costa. E quem vem do mar em fora, para conhecer a Barra, verá sobre ela uma ilha com um monte, da feição de moela de galinha, com três mamilões. Por esta Barra entram naus de todo porte, as quais ficam dentro do rio mui seguras de todo tempo; pelo qual entra a maré cercando a terra de maneira que fica em Ilha muito chegada à terra firme, e faz este braço do rio muitas voltas."Continua Gabriel Soares de Sousa em seu relato:"(...)e entrando por este rio acima está a terra toda povoada de uma banda e da outra de fazendas mui frescas, e antes que cheguem à vila estão os engenhos dos Esquertes (Schertz) de Flanders e o de José Adorno..." - Referências essas à margem esquerda da Ilha de Santo Amaro."(...)e tornando à ponta de de Estevão da Costa que está na boca da Barra, dela a três léguas ao longo da costa, está a Vila de Santo Amaro, junto da qual está o Engenho de Francisco de Barros.

Diz ele, a Capitania ter ares frios e temperados, cuja terra é mui sadia e de frescas e delgadas águas, em as quais se dá o açúcar muito bem, e se dá trigo e cevada, do que se não usa na terra, por os mantimentos dela serem muito bons e facílimos de granjear, de que os moradores são mui abastados e de muito pescado e marisco, onde se dão tamanhas ostras que têm a casca maior que um palmo, e algumas muito façanhosas. Do trigo usam somente para fazerem hóstias e alguns mimos.Dão-se nesta terra todas as frutas, às quais a formiga não faz nojo, nem a outra cousa, por se não criar na terra como nas outras capitanias; dão-se uvas, figos, romãs, maçãs e marmelos em muita quantidade. E também há já nesta terra algumas oliveiras que dão fruto, e muitas rosas, e os marmelos são tantos que os fazem de conservas, e tanta marmelada que a levam a vender por as outras capitanias.Tem muita caça de porcos e veados, e outras muitas alimárias e aves, e criam-se aqui tantos porcos e tamanhos que os esfolam para fazerem botas, e couros de cadeiras, e que acham os moradores mais proveitosos e melhor que de couro de vacas.Considerando-se isso, a Ilha (Capitania) de Santo Amaro não esteve tão relegada da atividade econômica no período da colonização, quanto possa parecer pela escassez de relatos históricos.

Com a permanência definitiva dos colonos lusitanos, naqueles idos do século XVI verifica-se as primeiras incursões sistemáticas dos Tupinambás descidos de Iperoig (Ubatuba). Os índios guerreiros passam a rondar diariamente as localidades da marinha (São Vicente, Enguaguassú, Cubatão, Piaçaguera, Cabraiaquáara, Titiguapara, Peruti, Ilha Pequena, Itapema, Ilha Guaimbê, Cabuçu, Itapanhaú, Buriquióca), semeando intranquilidade entre os moradores. Algumas outras tribos Tupiniquins vivendo nestas cercanias demonstravam igual animosidade. Em Setembro de 1542, tem-se registro de uma ofensiva por parte dos Tupinambás à região.A construção duma rudimentar Casa-Forte (por volta de 1547), na foz do Rio Bertioga, adjacente à Ilha Guaimbê (Capitania de Santo Amaro), chamou a atenção dos Tamoios de Ubatuba. Logo que isso descobrem, preparam uma invasão. Centenas deles partem em canoas. Atacam de madrugada. Portugueses e mamelucos correram para uma casa de pau-a-pique, e ali se defendem. Os indígenas aliados protegeram-se nas cabanas e resistem quanto podem. Muitos Tupinambás perecem, mas por fim derrotam os habitantes de Buriquióca. Somente colonos e mamelucos salvam-se. Capturam todos os índios adversários, esquartejam os cativos dividindo-os entre si. Depois rumaram para a sua Taba.

Por causa disso, deliberaram os habitantes edificar outro Fortim (Forte São Felipe) à margem d´água, bem defronte na Ilha Guaimbê (Santo Amaro), pois os guerreiros Tamoios evitavam o mar aberto sacudido pelas vagas. Então colocar canhões e gente para impedir os indígenas rebelados acessar o Rio Bertioga ou a terra firme pelos caminhos da Ilha do donatário Pero Lopes de Souza, até o estuário Guarapissumã, acossando a Vila de Santos, Ilha pequena (Barnabé), Itapema e Vila de São Vicente. Boiçucanga, mais adiante (paragens dos Tupiniquins) também viveu ranhidas batalhas envolvendo os dois povos Tupis e os colonizadores lusitanos.

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