A CURIOSA HISTÓRIA DOS DEGREDADOS DE PORTUGAL TRAZIDOS PARA O BRASIL, Fernando Coutinho em Grupo "História do Brasil"
6 de maio de 2023, sábado. Há 1 anos
Boa parte dos europeus que se mudaram para o Brasil no século 16 não teve a menor escolha. Eram condenados ao exílio. Muitos, porém, foram fundamentais para a construção do País. A expedição de Cabral, que chegou ao Brasil em 22 de abril de 1500, deixou os primeiros moradores europeus no Brasil.
Foram quatro homens. Dois tinham sido condenados ao exílio. Seus nomes eram Afonso Ribeiro e João de Thomar. Eles deveriam “andar com os índios e saber de seu viver e das suas maneiras”. Os outros dois que ficaram por aqui eram marinheiros. Eles simplesmente gostaram do que viram, e decidiram ficar: desertaram da expedição na véspera da partida da frota em direção à Índia.
Afonso e João foram, por incrível que pareça, bem recebidos pelos indígenas, que os teriam consolado ao ver tanto choro e tristeza. Os dois homens ganharam, algum tempo depois, o direito de dormir entre os indígenas. Costumava-se ensinar nas escolas, que o Brasil foi colonizado pela escória. Sabemos hoje que não é nada disso. O código de leis de Portugal no século 16 não mandava quase ninguém para a cadeia. Eram, basicamente, a pena de morte, degredo ou trabalhos forçados.
Entre os crimes cujas penas eram o degredo estavam: roubo de animais, visitas a terras árabes sem autorização prévia do rei, arruaça durante a madrugada, prática de judaísmo, fazer sexo com moças virgens ou freiras, abrir falência no comércio, causando grandes dívidas na cidade e desentendimentos com o rei. Penas menores rendiam quatro anos vivendo na África, enquanto que estragos maiores valiam uma pena de passar o resto da vida no Brasil. Daí se conclui que ser mandado para a África era considerado melhor do que viver em terras brasileiras. As penas médias eram o exílio por 10 anos.
Na prática, uma parte considerável dos condenados nunca mais voltava para casa. Muitos porque se adaptavam bem à nova rotina, como o Bacharel de Cananeia. Outros porque perdiam a vida no caminho ou no destino. Boa parte dos degredados chegava aos novos locais em idade para recomeçar: tinham entre 20 e 40 anos. Quando terminavam suas penas, já estavam estabelecidos nos novos locais. Muitos trabalhavam na administração colonial, tinham esposas, filhos, netos. Muitos viviam uma vida de aventuras sexuais com as nativas, muitos inclusive se casaram com índias. Os que voltavam para Portugal, eram requisitados por terem muitas informações importantes sobre a colônia.
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