O Bacharel de Cananeia ou Cosme Fernandes (Portugal, 14?? — Brasil, 15??) foi um degredado português e posteriormente traficante de escravos, intérprete e guia de navegação. Foi levado para o Brasil, no litoral sul do atual estado de São Paulo em algum momento no começo do século XVI, onde passou a viver entre os índios carijós da área, ganhando liderança e o respeito de sua tribo na então aldeia de Maratayama.[1]HistóriaEm agosto de 1531, Martim Afonso de Sousa e seu irmão, Pero Lopes de Sousa, aportaram com sua esquadra no lagamar de Maratayama para povoar, fiscalizar e conquistar a já dividida em capitanias colônia do Brasil. De acordo com escritura pública, tomou propriedade por intermédio do padre Gonçalo Monteiro das instalações de estaleiros, arsenais e arredores do Porto das Naus (atual região de São Vicente),[2] recebendo uma das primeiras sesmarias da colônia.[3] Na escritura lavrada por segundo capitão-mor de São Vicente, em 25 de maio de 1542 em favor de Perro Correia, nota-se a menção ao Bacharel como proprietário de terras defronte ao Tumiaru, onde estavam instalados os estaleiros ou arsenais e o Porto das Naus.[4]Graças ao apoio do Bacharel foi organizada uma expedição portuguesa malfadada ao Rio da Prata.[5]Martim Afonso, foi então o Bacharel de Cananeia tido como traidor de seu reino, sendo sua cabeça colocada a prêmio no pelouro da então recém-fundada cidade de São Vicente, no ano seguinte de 1532. Encurralado por seus próprios paisanos, Bacharel então buscou arregimentar seus indígenas aliados e os outros náufragos que com ele viviam na região de Cananéia. Posteriormente, vingou-se saqueando e danificando São Vicente durante a Guerra de Iguape.
Não se sabe sobre seu fim. Após a Guerra o Bacharel de Cananeia voltou a Cananéia expandindo seu poder na região. Em outra versão acredita-se que pode ter sido assassinado pelos carijós em 1537.
Possíveis identidadesNão se sabe ao certo qual era o verdadeiro nome do Bacharel de Cananeia. Muitos historiadores, como Francisco de Varnhagen, acreditam se tratar de Cosme Fernandes, um fidalgo deixado naquela região por Américo Vespúcio em 1502 para assegurar as possessões portuguesas naquela região. Antes de ser transferido para Cananéia, Fernandes teria sido ouvidor-geral em São Tomé e Príncipe, onde estava preso. No entanto, Ruy Díaz de Guzmán, em sua obra La Argentina de 1612, afirma que o nome do bacharel teria sido Duarte Perez.[7] Essa hipótese é corroborada pelo historiador português Jaime Cortesão, que afirma em seu livro Descobrimentos Portugueses[8] que a personagem que povoou aquelas terras teria sido trazido em uma expedição não oficial de Bartolomeu Dias em 1499.