Constantino I, o Grande, foi o primeiro imperador romano convertido ao cristianismo. Ele foi responsável pelo fim da proibição do culto no início do século quarto, fato que fez seu nome entrar para a História. Para além das análises históricas personalistas, podemos ver a atitude de Constantino como parte de uma jogada política relevante durante a crise do Império Romano.Antes de sua conversão, o imperador era devoto do panteão latino, autodeclarado descendente de Hércules até se identificar com o culto a Mitra. Num cenário em que o império estava dividido numa tetrarquia (dois césares em cada Império, o oriental e o ocidental), Constantino lutava pela sua hegemonia, tentando retomar a monarquia clássica. Uma guerra entre imperadores teve início após a morte do pai de Constantino, Constâncio, cujo principal general era Galério. Uma disputa de poder interna no Império Ocidental se deu entre César, sucessor legítimo, e Constantino, que fora concebido Augusto pelo Exército. Nesse conflito, entrou também em disputa o Império Oriental, com o imperador Maxêncio e seu César, Licínio.Quando Galério morreu, Constantino assumiu oficialmente o império sem a aceitação de Maxêncio. Então, a guerra entre os impérios continuou e, em meio ao cenário caótico, o imperador do Ocidente teria sonhado com uma cruz que retratava os dizeres: In hoc signo vinces (Sob esse signo, vencerás”, em português). Constantino mandou que todos os soldados pintassem o símbolo cristão em seus escudos: eles venceram. Com a vitória, Constantino passou a se interessar pelo Cristianismo. Até esse ponto, a conversão do imperador ainda competia a seu escopo pessoal. Ao mesmo tempo, a ação acabou tendo um papel diplomático relevante: se aproximando do então imperador oriental Licínio em 313, Constantino declarou o fim da perseguição dos cristãos, no Édito de Milão. A atitude fez com que o imperador fosse bem visto pela vertente. Assim, Constantino se aproximou cada vez mais do Império do Oriente, até ordenar a morte de Licínio e reunificar o poder.
Em 325, ele convocou o Concílio de Niceia, onde foi organizado o primeiro encontro ecumênico da História. Lá, foram reunidos importantes bispos do Cristianismo Primitivo para a reformulação e estruturação do dogma dos adoradores de Cristo. Foram tratados temas como datas, a canonização bíblica, políticas oficiais de batismo e de conversão, além de outros temas relevantes.
Sua relevância geopolítica foi gigante. "Esse primeiro concílio em Niceia foi importante não apenas para a formulação da doutrina cristã, mas como o primeiro exemplo de cesaro-papismo”, afirma Steven Runciman, em seu livro A Civilização Bizantina.
A conversão religiosa foi também o primeiro passo para o desenvolvimento da fé em Cristo enquanto igreja, um processo longo e descontínuo. Por fim, seu legado possibilitou que, em 380, o então imperador Teodósio I declarasse o Cristianismo religião oficial do Império Romano, característica que ganhou destaque durante a queda do Estado romano e a transição para a Idade Média.