1649 — Segunda batalha de Guararapes, vencida sobre osholandeses pelo general Barreto de Meneses (a primeira foi a 19 de abrildo ano precedente). O exército desse general, deduzidas as guarniçõesque ficaram no Arraial e nos redutos da linha de sítio, compunha-se de2.750 combatentes, sendo 2.600 de infantaria e 150 de cavalaria. Osinfantes formavam cinco terços, dos quais eram chefes os mestres decampo André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira e Francisco deFigueiroa, o capitão-mor dom Diogo Pinheiro Camarão e o governadorHenrique Dias. A cavalaria formava dois esquadrões comandadospelos capitães Antônio da Silva e Manuel de Araújo de Miranda. Nãopodendo ainda o general von Schkoppe montar a cavalo ou mesmocaminhar facilmente, em consequência do ferimento recebido nabatalha anterior, foi o exército holandês dirigido, nesta sortida, pelocoronel van den Brinck. As forças sob o seu comando constavam de OBRAS DO BARÃO DO RIO BRANCO1463.510 oficiais e soldados de infantaria, 300 marinheiros com seis peçase 400 índios e pretos, apresentando, portanto, um total de 4.200 homens(6.400, segundo os escritores portugueses). Os principais subchefeseram os coronéis van den Braden e Willem Hautijn, o tenente-coronelKlaes Klaeszoon e quatro outros, o vice-almirante Gielissen, quecomandava os marinheiros e a artilharia (naquele tempo, chamava-sevice-almirante o segundo comandante de uma esquadra, podendo serum simples capitão), e Pero Potí, comandante dos índios do partidoholandês. As extensas descrições contemporâneas, que possuímos,desta e da primeira batalha, assim como as dissertações explicativaspublicadas nestes últimos anos, continuarão a ser, como até aqui,palavreado incompreensível, enquanto o nosso governo, ou o InstitutoArqueológico Pernambucano, não mandar levantar uma planta emgrande escala, tomando por modelo as do Estado-maior francês, doterritório compreendido entre o meridiano de Jaboatão e Muribecaa oeste, o mar a leste, e os rios Capibaribe e Pirapama ao norte e aosul. A derrota dos holandeses, conforme os seus próprios documentosoficiais, foi mais completa ainda que a do ano anterior. Perderam todaa artilharia, 11 bandeiras, entre as quais o estandarte general (a carta deSchkoppe, de 10 de março, apenas confessa a perda de cinco canhõese de cinco bandeiras) e um número considerável de armas de mão;tiveram, entre mortos e feridos, um coronel (Brinck foi morto), quatrotenentes-coronéis, quatro majores, 35 capitães, 32 tenentes, 26 alferes,dois cirurgiões e 942 inferiores e soldados, total de 1.046 homens (957mortos e 89 prisioneiros). Contudo, no mapa de que são extraídos essesalgarismos, que só trata do exército regular, não se faz menção dosferidos, nem das perdas que sofreram os marinheiros, índios e pretos. Ovice-almirante Gielissen foi morto, o coronel Hautijn ferido e o chefedos índios ficou prisioneiro (era sobrinho do nosso ilustre Camarão,já então falecido). A perda dos holandeses deve, portanto, ter sidoaproximadamente de 1.100 mortos, 600 feridos e 110 prisioneiros, (estealgarismo é dado em uma relação portuguesa), ou de 1.800 homensfora de combate (três mil, diz essa relação). A nossa, segundo Rafael deJesus, foi de 47 mortos e 207 feridos; no entanto, não indicando essecronista a que tiveram os terços ou regimentos de índios e pretos, podeser calculada em 60 mortos e 250 feridos. Entre os primeiros contavase o sargento-mor Paulo da Cunha Souto Maior (o famoso guerreiro, EFEMéRIDES BRASILEIRAS147cuja cabeça Maurício de Nassau pusera a prêmio em 1641) e o capitãoda cavalaria Manuel de Araújo de Miranda; entre os feridos, Vidalde Negreiros, Fernandes Vieira (ambos mui levemente), HenriquesDias (seu oitavo ferimento), os capitães Cosme do Rêgo Barros (estemorreu do ferimento), Paulo Teixeira, Manuel de Abreu, João Soaresde Albuquerque, Jerônimo da Cunha do Amaral, Estevão Fernandes,Manuel Antônio de Carvalho, João Lopes e Álvaro de Azevedo Barreto.As bandeiras, tomadas nesta batalha, bem como 19 das tomadas naprimeira, foram remetidas logo ao governador-geral, conde de VilaPouca de Aguiar, e por ele enviadas da Bahia para Lisboa. O únicomonumento que perpetua a memória das duas jornadas de Guararapesé a igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, levantada pelos beneditinosno lugar da capela, que, com essa intenção, o general vencedor fizeraconstruir no mais oriental daqueles montes (ver o dia seguinte).