O “Rio Branco” é o 1° navio a ser afundado pelos alemães
3 de maio de 1916, quarta-feira. Há 108 anos
"RIO BRANCO": O PRIMEIRO NAVIO BRASILEIRO É AFUNDADONo dia 3 de maio de 1916 o submarino alemão UB-27 afundou o cargueiro "Rio Branco", quando navegava em águas restritas, o primeiro navio de bandeira brasileira a ir ao fundo do oceano.
O vapor havia sido cedido ao governo britânico e navegava a seu serviço, com tripulação norueguesa, o que tornou o ataque legal à luz das leis de guerra.
Mas, apesar disso, o afundamento provocou comoção e protestos no Brasil, pois o "Rio Branco" navegava com bandeira brasileira e com a inscrição “BRASIL” pintada bem visível em seu casco.
Apesar dos protestos, o fato de o afundamento ter sido efetuado de acordo com as regras de guerra fez com que o Governo brasileiro se mantivesse cauteloso e conservasse sua situação de país neutro.
Dando tons internacionais à sua campanha pelo fim da neutralidade, Rui Barbosa propagou suas ideias na Argentina, exatamente um dos países mais simpáticos à Alemanha na América do Sul.
Convidado pelo país platino para comparecer aos festejos comemorativos do primeiro centenário de sua independência, o Brasil credenciou Rui Barbosa como enviado extraordinário, o qual, após as cerimônias e protocolos oficiais, participou de uma conferência na Faculdade de Direito de Buenos Aires, em 14 de julho de 1916, onde abordou o tema "O dever dos neutros", à luz do direito internacional.
Na ocasião, em eloquente discurso, o jurista brasileiro contribuiu com sua visão sobre o verdadeiro conceito de neutralidade:
"A reforma a que urge submetê-las [as regras da neutralidade] deve seguir a orientação [...] pacificadora da justiça internacional. Entre os que destroem a lei e os que a observam não há neutralidade admissível.
Neutralidade não quer dizer impassibilidade: quer dizer imparcialidade; e não há imparcialidade entre o direito e a injustiça. Quando entre ela e ele existem normas escritas, que os definem e diferenciam, pugnar pela observância dessas normas não é quebrar a neutralidade, é praticá-la. Desde que a violência calca aos pés, arrogantemente, o código escrito, cruzar os braços é servi-la. Os tribunais, a opinião pública, a consciência não são neutros entre a lei e o crime. Em presença da insurreição armada contra o direito positivo, a neutralidade não pode ser a abstenção, não pode ser a indiferença, não pode ser a insensibilidade, não pode ser o silêncio."Reconhecendo o apoio prestado à causa aliada com seus discursos e, em particular à França, na semana seguinte o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau utilizou a mídia para elogiar a posição de Rui Barbosa em favor dos Aliados, a quem comparou com o mais importante diplomata francês presente no Congresso de Viena, de 1814-1815: “Idealista humanitário, eloquente ao extremo, enfim jurisconsulto de Haia, para coroar tantas virtudes. [...] Os discursos de Rui Barbosa continham expressões dignas de um Talleyrand.”Conheça essa e outras histórias lendoO BRASIL NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - A LONGA TRAVESSIA, de Carlos Daróz