Na madrugada de 18 de maio quando regressava de Ribeirão Preto, onde havia chegado pela manhã do dia 17 a serviço dos Correios ambulantes de São Paulo, foi barbaramente assassinado dentro do carro-correio, o auxiliar de praticante João Luz.
O crime permaneceu um mistério causou indignação geral não só pela maneira barbara como foi friamente perpetrado como também por se tratar de um rapaz, que além de ser um excelente filho e irmão, era também um ótimo companheiro de serviço, conforme é a opinião geral na 7a. seção dos Correios de São Paulo, seção esta a qual está ligado os serviços do ambulante.
Em Campinas, notou-se que a polícia foi de uma falha extraordinária, pois sem elementos para proceder uma pericia no carro, onde se deu o crime, não só não esperou a chegada dos funcionários da polícia técnica de São Paulo, para então entregar o carro a estrada, como ainda, da mesma policia nasceu a versão espalhada de que o sangue encontrado não era humano, e que parecia tratar-se de uma simulação de roubo.
Já a delegacia regional de Ribeirão Preto, certa de que se tratava de um crime hediondo, colocou-se em campo para esclarece-lo. O delegado regional daquela cidade, Dr. Hugo Agripino mandou logo que se procedesse as investigações a margem da estrada, afim de ser encontrado o cadáver do infeliz funcionário postal, pois o ladrão ou ladrões não só haviam assassinado o rapaz, como também se havia desfeito do corpo do mesmo.
Segundo se apurou, o crime foi cometido entre São Simão e Cascavel, isso é, num trecho longe da estrada. Em São Simão João Luz ainda recebeu e entregou correspondência e malas. Em Tambaú, o carro da agencia não compareceu á estação.
Supõe-se que o criminoso tomou o trem em Tambaú, e, aproveitando-se do trecho que vai dali à Casa Branca, sem nenhuma parada e que é de uma hora e meia, tenha agido descansadamente.
Ao chegar em Casa Branca o condutor de malar, Sr. Natal Mantovani, que conhecia João Luz e que o tinha visto passar para Ribeirão Preto, estranhou a sua ausência. E perguntou a um homem que estava em seu lugar sobre o paradeiro de João Luz. O homem respondeu de pronto: "O Luz adoeceu e perdeu o trem e seu vim em seu lugar".
Como não era extraordinário um funcionário perder o trem e vir outro em seu lugar, o Sr. Mantovani confirmou-se, entregou a mala da agência e pediu o recibo, tendo o mesmo "empregado" assinado "Gomes".
O mesmo Sr. Mantovani notou ainda no carro um pequeno filete de sangue, e, chamando a atenção ao referido empregado, o mesmo lhe disse, "cortei um dedo e perdi muito sangue, e lhe indicou o pé amarrado.
O empregado achava-se encapuzado, tinha o rosto enrolado em uma toalha, alegou estar com nevralgia e pediu-lhe que fosse buscar uma pinga, no que foi atendido. Um empregado do carro-buffet, que ali foi colocar uma carta, também viu o dito empregado.
Ao chegar o trem em Cascavel, o maquinista, afirma ter visto um individuo dali saltar em uma caixa dágua e que reconheceu nele um tal Romeu Erroy tido como "punguista".
Segundos informou um funcionário dos Correios de Campinas, o roubo foi de mais de 10:000$000. Segundo a policia, o encontro do cadáver foi verificado no Jaguary-Mirim, devendo-se o encontro, segundo a mesma policia, aos Srs. Alvaro Leite e Pamphilo Mercadante, funcionários dos Correios, que muito se esforçaram nas investigações.
João Luz era um excelente rapaz e um ótimo empregado, trabalhava havia 3 anos e tinha 26 anos de idade. Era um filho amoroso e obediente.