Bento Gonçalves da Silva foi comandante de cavalaria na batalha de Sarandi
12 de outubro de 1825, quarta-feira. Há 199 anos
1825 — Combate de Sarandí e destroço completo de uma divisãode cavalaria brasileira, comandada pelo então coronel Bento ManuelRibeiro. Bento Manuel, marchando de Montevidéu com 1.150 homensde cavalaria de linha e de milícias, incluso o reforço que ali recebera,fez junção nas imediações de Minas com o coronel Bento Gonçalves daSilva, que comandava 354 milicianos, e seguiu rapidamente em procura EFEMéRIDES BRASILEIRAS579do general Lavalleja, chefe da revolução oriental. Na manhã de 12 deoutubro, atravessou o arroio de Castro, afluente do Ji, e foi encontrar oinimigo no lugar denominado Orqueta de Sarandí, cabeceiras do arroioSarandí, tributário da margem esquerda do Castro. O general FrutuosoRivera já se tinha reunido a Lavalleja, de sorte que os orientais puderamapresentar 2.600 homens de cavalaria, alguns atiradores a pé e uma peça.Bento Manuel, orgulhoso com as passadas vitórias, mudou de cavalos elançou-se a carga com 1.411 homens, todos de cavalaria (São Leopoldoenganou-se dizendo que tínhamos infantaria). Os esquadrões de linha,comandados pelo coronel Alencastro, romperam o centro do inimigo(coronel Manuel Oribe) e dispersaram a sua reserva (coronel LeonardoOliveira); no entanto, a nossa direita (coronel Bento Gonçalves) foirechaçada pelo general Rivera, e a esquerda, atacada também pelafrente e pelo flanco por forças superiores, ficou derrotada. No Passo deSarandí, Bento Manuel sustentou-se duas horas, até que se lhe reuniramBento Gonçalves e muitos dos dispersos; assim, com 550 homens,fizeram esses dois chefes a sua retirada, pelo Passo de Polanco do rioJi, para Santana do Livramento. Com eles seguiram o tenente-coronelBonifácio Isas Calderón e os majores Filipe Néri de Oliveira e Albanode Oliveira Bueno. Alencastro, cercado pelo inimigo, capitulou depoisde três horas de combate, ficando prisioneiro, com 36 oficiais e uns 400soldados. No dia seguinte, ainda os orientais fizeram alguns prisioneirosno Perdido (major Oliveira e 125 homens) e no Maciel (tenente-coronelPedro Pinto e um soldado). Ao todo, ficaram prisioneiros 515 homens(entre eles, 25 oficiais e 133 feridos), e, como em diferentes direções sepuderam salvar 730 homens, segue-se que os nossos mortos não devemter chegado a 200 (segundo a parte oficial de Lavalleja, foram 572). Osorientais tiveram 35 mortos e 90 feridos. Este combate e a surpresa doRincón no dia 24 de setembro obrigaram o coronel Abreu (barão doCerro Largo), que estava em Mercedes, a retroceder para a fronteira doRio Grande do Sul, ficando os revolucionários orientais de posse de todoo território de sua pátria, menos das duas praças de Montevidéu e deColônia. Entre os oficiais prisioneiros, figuravam um coronel (JoaquimAntônio de Alencastro, de 1a linha), três tenentes-coronéis (Pedro Pintode Araújo Correia, de 1a, João Marques da Silva Prates e Manuel Soaresda Silva, de milícias) e dois majores (Teodoro Burlamaqui, de 1a linha,e Antônio José de Oliveira). Nunca em combate algum, nem antes nem OBRAS DO BARÃO DO RIO BRANCO580depois deste, sofremos tão grande perda em prisioneiros. Em 5 de marçodo ano seguinte, todos os oficiais superiores aqui mencionados, menoso major Oliveira, libertaram-se no rio Paraná, assim como muitoscapitães, subalternos, cadetes e soldados, revoltando-se contra a escoltaque os conduzia, em um barco, para Santa Fé.