A charge de Leonidas, publicada em 29 de outubro de 1904 na edição 111 da revista O Malho expressa o sentimento do "povo", dias antes da revolta.
“Guerra Vaccino-Obrigateza!Espetaculo para breve nas ruas desta cidade: Oswaldo Cruz, o Napoleão da seringa e lanceta, à frente das suas forças obrigatorias, será recebido e manifestado com denodo pela população.
O interessante dos combates deixará a perder de vista o das batalhas de flores e o da guerra russo-japoneza. E veremos no fim da festa quem será o caccinador à força!”
Revolta popular carioca contra o médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), apelidado de “Napoleão da Seringa e Lanceta”, por causa da Lei da Vacinação Obrigatória, que estipulava a vacinação compulsória contra a varíola.
Lei nº 1261, de 31 de outubro de 1904Torna obrigatórias, em toda a República, a vaccinação e a revaccinação contra a variola.
A cidade do Rio de Janeiro do começo do século XX, capital da República dos Estados Unidos do Brazil, possuía graves problemas de saneamento público, que resultou em vários surtos de doenças contagiosas.
Oswaldo Cruz assume em 1903 a diretoria Geral de Saúde Pública com a missão de erradicar estas epidemias.
O ambiente de lixo acumulado nas ruas foi propício para a proliferação do vírus da varíola, chegando a 1.800 internações em 1904.
Para conter a doença, Oswaldo Cruz optou pela ação da vacinação obrigatória, decretada por lei. Porém não houve uma campanha de conscientização.
Funcionários da Saúde Pública, com ajuda da polícia, vacinavam à força a população. Vários atos da vida civil, como matrículas nas escolas, casamentos, autorização de trabalho, só seriam concedidos mediante comprovação de vacinação.
Quem resistisse às medidas, seria obrigado a pagar uma multa.
A falta de esclarecimento fazia com que a população rejeitasse a ideia de injetar um líquido de pústulas (pequena elevação da epiderme) de vacas doentes em seus corpos.
A população não gostou do caráter compulsório da lei e protestos violentos aconteceram entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904.
O motim resultou na morte de 30 pessoas, 110 feridos, 945 pessoas presas, 461 deportações para o Estado do Acre e depredações de bondes, trilhos, calçamentos e postes de iluminação.
O senador Lauro Sodré se envolveu na Revolta da Vacina, quando aproveitou para sublevar os cadetes das escolas militares da Praia Vermelha e de Realengo.
Foi preso ao final do episódio. O Senador se opunha à vacinação obrigatória, como medida cerceadora das liberdades individuais.