Uma interessante espada portuguesa foi encontrada no fundo do Rio São Matheus (ou Rio Cricaré, em tempos coloniais), em Conceição da Barra, Espírito Santo, no último dia 17 de março, mas a informação só foi divulgada agora, com a constatação do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) sobre o achado.
O artefato foi encontrado por acaso quando um banhista nadava no rio e sentiu pisar em um objeto de ferro. Com medo de outras pessoas voltarem a pisar no objeto e se machucar, o banhista mergulhou para retirá-lo e, com dificuldade, conseguiu emergir o metal e percebeu que se tratava de uma espada antiga.
O objeto despertou o interesse dos historiadores, que hoje pesquisam a região atrás de mais informações sobre a Batalha de Cricaré, além de tentarem estabelecer o local exato onde ela ocorreu. A batalha atrai bastante atenção, principalmente pela participação e captura do filho do governador-geral Mem de Sá, que foi abatido em batalha e comido numa cerimônia de antropofagia pelos nativos.
Uma primeira perícia foi suficiente para estabelecer que, pelas características do objeto, trata-se realmente de uma espada do período colonial. Porém, falta ainda estipular melhor a época e a situação na qual a espada foi parar no sítio em que foi encontrada. Foi achada também uma machadinha no local, mas a perícia inicial descartou a ideia de que ela foi usada na batalha. Estima-se que os objetos são de origens diferentes.
Se tratando das características físicas da espada, pode-se considerar que provavelmente ela pertenceu a um nobre que viera lutar no território colonial. Isso porque nela estão presentes diversos detalhes característicos de artefatos pertencentes à nobreza da época, como a imagem de uma águia de duas cabeças inserida na base do cabo, pomo e guarda-mão com diversos detalhes manufaturados e dimensões coerentes com a hipótese. Diz-se que a espada foi produzida em território ibérico, talvez Toledo na Espanha ou alguma fábrica em Portugal.
Se for provado que a espada participou da Batalha de Cricaré, será uma importante descoberta para os estudos do evento. Isso, pois ainda há muito a se entender dessa batalha, pouco pesquisada no Espírito Santo. A Batalha foi o primeiro de inúmeros confrontos travados entre os portugueses e a população nativa na Capitania do Espírito Santo. Ocorrida no encontro dos Rios São Matheus e Mariricu, a batalha devastou o território próximo ao vilarejo de Cricaré (hoje São Matheus) em 1557 com o objetivo de livrar o território da presença indígena que era uma ameaça ao donatário da capitania Vasco Fernandes Coutinho.
Provavelmente, essa batalha foi um dos primeiros e maiores genocídios indígenas da história do país. Com a morte de Fernão de Sá, filho de Mem de Sá, o governador-geral se inundou de um sentimento de vingança, que o levou a conduzir o extermínio de mais de 8 mil índios na situação.
É importante relatar que a descoberta da espada, mesmo ocorrida no início de março, só foi relatada oficialmente nos últimos dias. Isso porque não foi seguido o protocolo estabelecido para esse tipo de fenômeno. Em caso de descobertas acidentais de objetos de valor histórico, o IPHAN ou algum órgão responsável por gestão de patrimônio, deve ser contatado para a prospecção do campo. Isso porque, legalmente, todo objeto encontrado com valor de artefato arqueológico é posse da União e especialistas devem ser convocados para retirar o objeto do campo arqueológico, inclusive para não danificar o sítio e as informações possíveis ali presentes. [1]
Neto de Diogo Álvares (o Caramuru)* e de sua mulher Catarina Álvares. Seus pais foram Paulo Dias Adorno (de origem fidalga, pois que aparentado com o duque de Gênova) e Filipa Dias (ou Álvares). “Primeiro casal que se consorciara na Bahia”, escreveu PEDRO CALMON (Hist. Brasil, I, 311). Antônio Dias Adorno era casado com Antônia Fogaça, filha de Diogo Zorilla (Denunciações da Bahia, 389). Recorde-se que o pai de Antônio Dias Adorno fez parte da expedição que, sob o comando de Fernão de Sá, investiu contra os índios de Cricaré (Ver foot-note n.º 41, do capítulo V).