Um passageiro a quem todos chamavam de Antonio Pinto Leite, natural de Amarante, solteiro, 26 anos, dizia ser negociante estabelecido em Castro; o seu interrogatório revelou detalhes do crime:
Ele descobriu durante a viagem que se compatriota, José Tavarez de Pinho, trazia consigo lindos cartuchos de louro metal, e grossos pacotes de notas de banco, segundo os rótulos, pois vinham lacrados.
Vendo em má situação financeira, pressionado pelos credores, não pode resistir a tentação de roubar alguém que o tanto havia ajudado, inclusive pagou a sua passagem.Roubou o ouro e os papeis, deixando em troca uma mala velha com umas ceroulas, escova de dentes e um lanço de frase. Consumado o roubo, desceu do barco e não mais subiu a bordo.
Ele ouviu falar que Sorocaba (rio) ficava ali perto, e entendeu tratar-se de Sorocaba, e partiu em direção a Sorocaba. Antes disso, foi levar ao cofre do Bom Jesus uma das notas do banco.
O inexperiente cavaleiro embrenhou-se na estrada de Sorocaba, quando repentimnamente viu em um manche, cercado pela maré em sua enchente: arriscou-se a atravessar, mas atolou-se.Quase morrendo, então gritou por socorro. Foi ouvido por Antonio Felix, que o livrou do apuro, levou-o para a sua casa, e se dispôs a guiar Antonio Pinto pela estrada que levava a Sorocaba.
Porém, demorou até o dia 26 de agosto, em Cananeia, Antonio Felix sentiu-se roubado e declarou a bordo, que o autor do crime seria o passageiro ausente.
Alguns alegaram ter visto o suspeito com os objetos roubados. Tavarez desceu do vapor e chegou em Cananeia, onde foi recorrer a polícia.
Conhecidos os passos do cavaleiro, seguiram-no, e a 6 léguas de Cananeia, encontraram-no, eram 6 horas da tarde, do dia 26.
Devido a um temporal, a escolta abrigou-se em um sitio e o prendeu em um quarto> ali, durante a noite, rasgou ele o involucro de ouro, e entregou-o ao seu guia; o dinheiro em papel embrulhou em um lenço e atou em si mesmo, sob a roupa;; a escolta, desatenta, deixou-o escapasse, porém, o sr. Tavarez Pinho, tendo pressentido algo assim, mandou atrás da escolta um "preto" liberto, de nome Florentino, e este o apanhou de novo.
O preso tentou comprar o negro, não conseguiu. O negro o obrigou a devolver todo o dinheiro que tinha consigo, seiscentos e quarenta e cinco mil reis.De posse de quase toda a soma roubada, inclusive 7 onças que o guia Antonio Feliz subtraiu do seu turno, o Sr. Tavarez Pinho desistiu da ação criminal, e o homem foi posto em liberdade, tendo até quem lhe arranjasse uma passagem para voltar para Castro.
Das 97 "onças", nenhuma havia sido trocada ainda, a na polícia, apareceram todas.