Revolução Liberal: Relatório do Duque de Caxias ao Imperador Dom Pedro II
2 de julho de 1842, sábado. Há 182 anos
O estado do sul e oeste desta província é o mais satisfatório que se pode desejar; os rebeldes não tem hoje nenhuma força reunida, por insignificante que seja, nem esperanças de a reunir; e além disso mais de 900 indivíduos que serviram á rebelião se apresentaram a mim entregando as suas armas; tenho também achado grande porção de armamento, não só em diversos lugares onde os ditos rebeldes o tinhão escondido, como pelas estradas;
E mesmo muitos dos principais chefes me tem escrito pedindo perdão, como V. Ex. verá das cartas juntas, as quais não respondi, nem respondo sendo uma delas do major Francisco de Castro Canto e Mello, que tanto cooperou em favor da rebelião; e pelo, contrário, tenho ativado as partidas em busca deles, muito principalmente do chefe Rafael Tobias de Aguiar, que me consta, achar-se escondido para o lado da sua fazenda denominada Parnapitanga, acompanhado apenas por um criado, para cujo lugar, mandei o major João Bloem, com uma força de cavalaria e infantaria.
Tudo quanto V. Ex. me ordena a respeito da província de Minas Gerais já por mim tinha sido providenciado, pois que ordenei ao tenente-coronel José Vicente de Amorim Bezerra, ao padre João Vieira Ramalho que marchassem com as forças de Campinas e Mogi-Mirim, até Ouro Fino, e operassem conta os revoltosos daquela província com toda atividade: e que me comunicassem o estado das provocações por onde passassem.
Ordene ao tenente-coronel comandante do Batalhão de Jacareí que regressasse ao lugar da sua parado, visto já não ser necessário nesta capital o referido batalhão; no entretanto que, colocado ele naquela vila, me facilitará tirar dela e de S. José 200 homens, que, reunidos a 100 de primeira linha que daqui partirão, operem sobre a vila de Taubaté, e dali pela estrada de Minas até Sapucaí-Mirim ou mesmo Itajubá se necessário for.
Tenho-me demorado nesta cidade quatro dias, esperando noticias da província de Minas Gerais pelo lado de Ouro Fino; e logo que saiba que por ali nada ha de extraordinário, como creio, pois o espirito dos povos desta província e mesmo dos da fronteira daquela é hoje um perfeito contraste do que foi a um mês antes, partirei sobre as vilas do norte com a cavalaria que aqui tenho já bem montada, e em Taubaté ou Guaratinguetá assentarei o meu quartel general, afim de ativa os movimentos do coronel Manoel Antonio da Silva e do Major Pedro Paulo.
Sem contar com as forças existentes na comarca de Coritiba, das quais ainda não recebi o competente mapa, tenho 500 homens, e mais teria se fosse preciso.
Envio a V. Ex., por cópia, o oficio que me dirigiu o major Francisco Galvão de Barros França, comandante em chefe dos rebeldes, no dia imediado á fuga deles da cidade de Sorocaba e bem assim, a proclamação do Tobias, feita poucos momentos antes de fugir; cujas peças talvez seja convincente publicar com a analise que merecem.
Da mencionada cidade de Sorocaba fiz um passeio militar pela vila de Porto Feliz, cidade de Itu, vila da Parnaíba e todas que deixei fortes guarnições e comandantes militares, principalmente em Sorocaba e Itu, que ficaram guarnecidas pelo batão no. 12.
Há cinco dias que ordenei ao coronel Silva Machado que fizesse partir da vila de Castro para a cidade de Sorocaba o batalhão catarinense, e logo que ele chegue, farei com que renda o batalhão no. 12, o qual projeto concentrar sobre o lado norte da província.
O major Solidonio José Antonio Pereira do Lado, que mandei marchar da vila de São Sebastião para a de Santo Antonio da Parnaíba;
Ocupou-a sem a menor resistência; e hoje mesmo lhe envio cem soldados de primeira linha, com ordem para avançar até Taubaté, deixando na supradita vila da Paraibuna uma guarnição, e as novas autoridades civis já empossadas.
