Na calada da noite, três cidadãos, aparentemente alterados pela bebida, foram apanhados pela ronda policial tentando invadir a residência de uma senhora no Rio de Janeiro.
O incidente ocorreu entre o final de 1870 e o início de 1871. Poderia ser só mais uma tentativa de invasão seguida de roubo, mas não era o caso.
O inspetor do quarteirão se lembraria dessa noite para toda a vida. Ao intimar os invasores que se identificassem, reconheceu um deles como o imperador dom Pedro II.
Depois de milhares de pedidos de perdão, o inspetor foi bater na casa do subdelegado às 2 horas da madrugada e contou-lhe o ocorrido, julgando que sua carreira policial terminara naquela noite.
O historiador norte-americano Roderick J. Barman revelou o nome da dama em questão: Carolina Bregaro. Ela era filha do dono do Real Teatro São João, atual João Caetano, no Rio de Janeiro, e sobrinha de Paulo Bregaro, o mensageiro despachado do Rio de Janeiro que chegou a São Paulo em 7 de setembro de 1822 com cartas da corte para d. Pedro I.
O marido de Carolina, Rodrigo Delfim Pereira, era um diplomata brasileiro educado na Inglaterra com ordens dadas por seu ilustre pai de “não voltar para o Brasil falando ‘minha pai’, ‘minha cavalo’”.
Ele era meio-irmão de dom Pedro II, filho do primeiro imperador brasileiro com Maria Benedita de Castro do Canto e Melo, Baronesa de Sorocaba, irmã da Marquesa de Santos. Barman acredita que o relacionamento amoroso entre dom Pedro II e sua cunhada – ele não desconhecia seu parentesco com Delfim Pereira – durou uma década.