' Revista Escrita da História - Dossiê Elites e Instituições no Brasil Colonial - 01/01/2016 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Revista Escrita da História - Dossiê Elites e Instituições no Brasil Colonial
2016. Há 8 anos
em São Paulo, mas principalmente o fato de haver grupos relativamente consolidadosque, alijados desse processo de controle da concessão de terras, tiveram força política eeconômica para fundar novos municípios e figurar como novas elites políticas locais.As famílias dos emancipadores das vilas do planalto tiveram, conformeapontamos, origem no município de São Paulo. Balthazar Fernandes, emancipador deSorocaba, por conta de contatos e relações familiares, apresenta uma situação peculiar emrelação aos demais povoadores.Aluísio de Almeida, ao tratar da história de Sorocaba, destaca que no século XVIIAndré Fernandes tornava-se um dos maiores bandeirantes de captura de índios eBalthazar Fernandes sempre o acompanhara nas expedições. O outro irmão, Domingos,que era “menos sertanista”, estabeleceu-se em Itu.104Nesse século, várias bandeiras foram dirigidas ao sertão visando a captura deíndios para serem usados como mão de obra. Afonso Taunay descreve que no segundosemestre de 1628 saiu de São Paulo para o sul a grande bandeira de Manuel Preto eRaposo Tavares que aniquilou as reduções jesuíticas na região do Guairá.105Nessa expedição, da qual tomaram parte os Fernandes, os paulistas entraram emcontato com a elite local criolla do Guairá, região pertencente à governação do Paraguai.Essa elite vivia, à época dos ataques às missões jesuíticas, tal qual os paulistas,em contínua tensão com os padres inacianos. Por ser uma região pobre e periférica emrelação ao circuito econômico da América hispânica, grupos de Ciudad Real e Villa Ricadedicavam-se igualmente ao aprisionamento e tráfico de indígenas.

Luiz Gonzaga da Silva Leme, na genealogia da família Fernandes afirma que foio capitão Balthazar Fernandes casado com María de Zunega, natural da Vila Rica doParaguai, filha essa de Bartholomeu de Torales e de Violante de Zunega, da mesma VilaRica. María de Zunega era irmã de Bartholomeu de Torales, que se casou em 1636 emSão Paulo com Izabel de Góes, filha de Antônio Raposo e de Izabel de Goés.106

As famílias Zunega e Ponce de León, segundo Silva Leme, no trajeto entre oParaguai e São Paulo, demoraram algum tempo na campanha de Vacaria, passando dalia São Paulo pelos anos de 1630 e 1634, denotando essa data como referencial para a migração dessas famílias.107 Essa mudança foi motivada pela destruição das missõesjesuíticas e pelo colapso econômico da região do Guairá.Carlos Jensen, historiador paraguaio, destaca que María de Zúñiga casou comBalthazar Fernandes, irmão do sertanista André Fernandes. Desse matrimônio nasceuMaría de Torales, a qual casou com Gabriel Ponce de León.108

E, dom Diego de Orrego y Mendoza encontra-se na época casado com dona Maríade Zúñiga, seu cunhado Gabriel Ponce estava casado com uma irmã dele, que deveria serMaría de Torales. Os filhos do matrimônio Ponce de León e Torales confiram essa teoria,já que nenhum deles usou o sobrenome Fernandes, apesar do prestígio desse em Parnaíbae Sorocaba.109

A partir dessas conexões familiares, conclui Jensen que esses guairenhosradicados em São Paulo eram membros de três famílias de Ciudad Real, os Orrego yMendoza, os Torales e os Contreras, os quais transmitiram sobrenomes maternos comoZúñiga, Ponce de León, Guzman e Espinosa.110

O acesso à rede de contatos entre os vicentinos e paraguaios não se deu somentecom a migração dessas famílias do Guairá. Conforme assinalada Carlos Jensen, décadasantes o português Antonio Gonzáles do Rego foi nomeado tenente do governador de SanJuan de Vera de las Corrientes em 1603. Suas vinculações familiares e seus serviçosprestados nas fundações das cidades de Concepción del Bermejo e de San Juan de Verao converteram em um dos principais vecinos da Governação do Rio da Prata.111Os contatos familiares evidenciam, pois, o contínuo convívio entre a capitania deSão Vicente e a região do Paraguai. A passagem do governador do Paraguai, D. Luís deCéspedes Xeria em 1628 representa que os contatos não só eram possíveis como que ocaminho entre as duas regiões era muito praticado.A presença de paraguaios na vila de São Paulo teve como ponto de destaque aparticipação desses no episódio da aclamação de Amador Bueno em 1641.De acordo com Taunay, “não querendo ser, de todo, súditos de dom João IV, quereputavam vassalo rebelde a seu soberano resolveram os espanhóis residentes em S. Paulo [Páginas 39 e 40]

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