OS MARCOS GEOGRÁFICOS COMO REFERÊNCIAS NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO PAULISTA. O caso do morro do Lopo e os núcleos urbanos no “Caminho de Atibaia”, no século XVII. Ana Villanueva (data da consulta) - 01/03/2024 de ( registros)
OS MARCOS GEOGRÁFICOS COMO REFERÊNCIAS NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO PAULISTA. O caso do morro do Lopo e os núcleos urbanos no “Caminho de Atibaia”, no século XVII. Ana Villanueva (data da consulta)
1 de março de 2024, sexta-feira.
João de Atibaia que funcionava como entroncamento de vias de comunicações comas regiões do sertão e das minas,31 fazendo com que se a partir daí se derivassemoutros caminhos.3- A OCUPAÇÃO HUMANA E A FORMAÇÃO DOS NÚCLEOS URBANOS NAREGIÃO DO MORRO DO LOPO3.1- A ocupação indígenaExistem registros da presença indígena na região desde o século XVI.Capistrano de Abreu32 diz que os índios Maramumis e Guarulhos (tribos dosGuaianazes) passaram por gargantas do rio Cachoeira e Muquém na atual cidadede Piracaia.33Os jesuítas estabeleceram o controle dos índios guarulhos ou guarus34 nas margensdo rio Tietê, Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, e no sertão35 paulista, noaldeamento36 de São João de Atibaia (Fig. 12). [Página 9]
(...) o Padre Manuel Nunes de Siqueira, vigário de S. Paulo, conduziu e localizou[os índios guarulhos] “no sítio chamado Atibaia”, isso no ano de 1565 (AurelianoLeite).37
Os índios guarulhos chamavam este local de “ty-baia”, que significava “manancial saudável”. Existem outros registros de índios no local, conforme explica Cassalho, descrevendo a história do pirata inglês Antonio Knivet, que esteve na aldeia dos Tamoios em aproximadamente 1598, nas imediações ou confluência do Rio Jaguari com o rio do Peixe (maior afluente da margem esquerda do Jaguari), próximo ao local onde hoje está Igaratá.
Knivet fazia parte da expedição do famoso pirata Cavendish, e escreveu a história de sua viagem que foi publicada em inglês no início do século XVIII. Foi náufrago e prisioneiro de Salvador Correa de Sá. Antonio Knivet integrou a bandeira de Martim de Sá, saindo do Rio de Janeiro em 1597, passando por Parati, Ubatuba, até o planalto. Ficaram aproximadamente um mês nas proximidades de São José dos Campos.
A situação era de fome, pois nas aldeias só havia batata, e já haviam morrido 180 homens. A desordem e a indisciplina completaram o desastre. Nas margens do Jaguary dispersou-se a expedição e por outros trilhos começou a viagem de regresso. Antonio Knivet relatou sua viagem dizendo que desceu por uma semana o rio Jaguari com bandeirantes que procuravam seus inimigos Tamoios. A partir daí caminharam rumo sudoeste:
(...) fomos ter a uma montanha grande e selvagem e chegamos a um lugar cujo solo seco e de uma cor escura, crespo de colinas e penhascos, onde vários ribeiros tinham ai suas origens.
A montanha era o morro do Lopo e, conforme Teodoro Sampaio, o rio seria o Guaripocaba de Bragança Paulista. [Página 10]
Nos relatos de Knivet, este diz que permaneceu entre os canibais tamoios por umano e onze meses, e ficou vivo porque os índios acreditavam que ele era francês. Como os tamoios eram aliados dos franceses contra os portugueses, devoraram apenas os bandeirantes. Além disso, Knivet ajudou os tamoios contra a tribo dos temiminós.
Na região entre Camanducaia, Itapeva, Extrema, Joanópolis, Vargem, Piracaia, Bom Jesus, Nazaré, Igaratá, São José dos Campos e região, peregrinavam então os índios Tamoios, Temiminós e os Tupiniquins.
3.2- A organização de povoamentos ao longo dos caminhos das“Bandeiras”Para exercer as posições junto às “Bandeiras”, os paulistas luso-brasileiros eramindispensáveis para entrar no mato, passar a nado ribeirões, e pantanais, de queestá cheio.46 O bandeirismo era feito de forma a firmar relações de sangue,constituindo principalmente famílias luso-tupis. A personalidade deste paulista erafundamental para o objetivo a se alcançar, ou seja, a penetração do sertão.Sobre este caráter paulista, existem estudos importantes como o de Capistrano deAbreu ao citar um relato de época:(...) os mamelucos, conforme os graus da mescla, têm a pele quase cor de café,amarela ou quase branca. Traem a mistura indiana antes de tudo a cara larga,com maçãs salientes, olhos pretos e não grandes e certa incerteza de olhar. Aestatura elevada e ao mesmo tempo larga, feições fortes, sentimento deliberdade e desassombro, olhos brunos, ou raramente azuis, cheios de fogo eafoiteza, cabelo cheio, preto e liso, musculatura reforçada, decisão e rapidez nosmovimentos são, aliás, os principais característicos na fisionomia dos paulistas.Em geral pode-se atribuir-lhes um caráter melancólico, misturado com algumacoisa de colérico (...). [Página 11]