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Revista do Patrimônio Cultural de Lavras
2020. Há 4 anos
As perseguições de que foram vítimas muitas famílias brasileiras entreos séculos XIX e XX são evidenciadas neste livro a partir da releitura de mais dequarenta obras publicadas no Brasil e na Europa entre os anos de 1836 e 2006.Amparando-se na transcrição de livros e jornais, esta obra acaba por resgatar ahistória dos colonos do Brasil, Século XVIII, ao mostrar que, a partir do SéculoXIX, as famílias descendentes desses colonos acabaram sendo vítimas dasperseguições levadas a efeito através do personagem “Sete Orelhas”.Da seguinte maneira tiveram curso essas perseguições. É sabido que oBrasil foi colonizado pelos portugueses a partir do ano de 1500. Passados poucomais de trezentos anos, em 1822, a Colônia foi transformada em naçãoindependente com o nome de Império do Brasil. Pelo que se observa do livro “OSete Orelhas ou a história das perseguições aos descendentes dos colonos deorigem flamenga no Brasil”, o processo político que levou à criação do Brasilindependente fez surgir entre os políticos da nascente nação uma pequena eliteconstituída basicamente por pessoas cujo objetivo seria apenas a permanênciano poder. Para levar adiante seu projeto de poder, em meados do Século XIXesse pequeno grupo de políticos deu início às perseguições ao maior gruposocial então existente no Brasil, as perseguições às famílias descendentes decolonos originários do arquipélago dos Açores.

Formado por nove ilhas esparramadas num raio de 600 quilômetros, oarquipélago dos Açores foi descoberto pelos portugueses em meados do SéculoXV. Para levar a efeito a colonização das ilhas situadas no centro do arquipélago,que se encontram dispersas num raio de 150 quilômetros, os portugueses sevaleram dos ancestrais desses colonos do Brasil do Século XVIII. A colonizaçãoflamenga dos Açores ocorreu por interferência de d.ª Isabel, a condessa de [Página 440]

que haviam colonizado as nascentes do rio Grande eram a maioria doshabitantes na região que mais se desenvolvia no interior do Brasil, as terras nocurso do rio Grande.

A origem flamenga deste grupo social vem esclarecer a participação ded. Pedro II nas perseguições, o que se observa por diversas vezes no livro “OSete Orelhas ou a história das perseguições aos descendentes dos colonos deorigem flamenga no Brasil”. Ao que parece, uma antiga animosidade entrefranceses e flamengos, que foi alimentada pela nobreza francesa desde o dia 11de julho de 1302, quando houve a derrota francesa na Batalha das EsporasDouradas, com a morte de cerca de oitocentos nobres franceses, teria levado oimperador d. Pedro II – um nobre simpático aos sentimentos da nobreza francesa– a se tornar antipático ao sentimento que unia aquele grupo social de origemflamenga. Esta afinidade teria levado d. Pedro II a se unir àquele pequeno grupode políticos e ajudá-los a levar adiante as perseguições aos descendentes doscolonos de origem flamenga no Brasil.As publicações que deixaram pistas de que estava em curso asperseguições ao maior grupo social do Brasil, em um primeiro momentotrouxeram o personagem ‘Sete Orelhas’. Em um segundo momento, asperseguições trouxeram a público obra contendo o nome Januário Garcia. E,terminando seu processo inicial, em um terceiro momento as perseguiçõestrouxeram o nome Januário Garcia Leal.

A primeira publicação sobre o personagem “Sete Orelhas” surgiu em uma obra escrita em Inglês, publicada em Londres em 1836, o livro “The History of Brazil”, de John Armitage. Segundo essa versão para o caso das sete orelhas, um moço de Sorocaba teria seduzido uma sua patrícia de Itu, sendo por isso morto por sete primos da moça. Por vingança, o irmão do falecido teria levado à morte os sete assassinos, dos quais extirpou sete orelhas, fazendo com elas um colar, daí resultando o apelido com que ficou conhecido, “o Sete Orelhas”.

Transcorridos sete anos, em 1843, houve a primeira publicação daestória do personagem Sete Orelhas em Português. Naquele ano, o escritorcarioca Joaquim Norberto de Sousa Silva publicou no Rio de Janeiro a obra“Januário Garcia ou As Sete Orelhas”.Foi naquele ano que, pela primeira vez, o nome de família Garcia foiassociado ao personagem Sete Orelhas. Na versão de Joaquim Norberto deSousa Silva é a morte de um filho de Januário Garcia, esfolado vivo por setecapangas, que provoca a cruel vingança perpetrada por “Sete Orelhas”.

Passados dois anos, em 1845, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, umestudante da Academia de Direito de São Paulo, publicou a peça de teatro “Januário Garcia, o Sete Orelhas”. Apenas dois anos da inserção do nome defamília Garcia no caso das sete orelhas, Martim Francisco Ribeiro de Andradainovou no caso das sete orelhas ao chamar o cruel assassino pelo nome deJanuário Garcia Leal. Além disso, pela primeira vez este autor inseriu no casodas sete orelhas o nome de família “da Silva”, o nome de família atribuído aossete assassinos que acabaram mortos na cruel vingança de “Sete Orelhas”. Emoutra inovação, a causa das desavenças passa a ser uma disputa de terrasenvolvendo as famílias “Garcia Lea”’ e “da Silva”.

A primeira encenação da peça de teatro “Januário Garcia, o SeteOrelhas” foi no teatro da Casa da Ópera, em São Paulo, no ano de 1846, emmeio ao já tradicional concurso de alunos da Academia de Direito de São Paulo,quando da primeira visita de S.M. Imperial d. Pedro II àquela cidade.Acerca do nome atribuído ao personagem Sete Orelhas por MartimFrancisco Ribeiro de Andrada em 1845, o nome Januário Garcia Leal, sabe-seque este foi o nome de um habitante do Brasil Colônia. O colono Januário GarciaLeal nasceu na povoação do Jacuí, em Minas Gerais, no ano de 1761. Ele viveuentre Minas Gerais e São Paulo do final do Século XVIII ao começo do SéculoXIX. Januário Garcia Leal foi um dos filhos do colono Pedro Garcia Leal e netodo colono João Garcia Luís, nascido na ilha do Faial em 1679.Porém, foi o nome atribuído ao personagem “Sete Orelhas” por JoaquimNorberto de Sousa Silva, o nome de família “Garcia”, que foi o maior objetivo dasperseguições iniciadas com a publicação de John Armitage em 1836. Isto seobserva a partir de uma análise de uma genealogia desenvolvida no livro “O SeteOrelhas”. Nessa extensa genealogia, tendo como tronco o nome de famíliaGarcia, observa-se que este nome de família identifica uma vasta descendênciaque se formou no Brasil a partir do Século XVIII. A genealogia se inicia com setepessoas, cinco delas transformadas em colonos no Brasil, todas nascidas na ilhado Faial entre os anos de 1679 e 1706. São nomes dessa genealogia os colonosJoão Garcia Luís (1679-1736), Diogo Garcia (1690-1762), Antônio Garcia (1692-1768), João Garcia Duarte (1700-1771) e José Garcia da Costa (1706- ?). Aárvore genealógica formada demonstra que foi nas nascentes do rio Grande quea partir de meados do Século XVIII surgiram várias famílias no Brasil colônia.Com o passar do tempo, muitos membros dessas famílias unidas por laçossócio-culturais acabaram por descer o curso do rio Grande, espalhando-se pelasterras que margeiam este rio, chegando ainda no início do Século XIX a MatoGrosso e Goiás.Sobre o nome de família atribuído aos sete assassinos que teriam sidomortos na vingança de Januário Garcia, o “Sete Orelhas”, o nome de família “da [Páginas 442 e 443]
2003. Naquele ano foi publicado o livro“Jurisdição dos Capitães, a história de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, eseu bando”, obra que se ampara em diversas supostas fontes primárias.Passados três anos, em 2006, uma nova suposta fonte primária para o caso dassete orelhas veio a lume. Foi quando houve a localização do suposto inventáriode Januário Garcia Leal em Lages, Santa Catarina. A notícia foi tornada públicano artigo “Januário Garcia Leal em Santa Catarina – O Temido ‘Sete Orelhas’ –Reviravolta na história”. Essas duas publicações são de autoria do escritormineiro Marcos Paulo de Souza Miranda.A falsificação de documentos manuscritos no caso das sete orelhas éevidenciada contrapondo-se as supostas fontes primárias com as obrascompiladas. Por exemplo, na peça de teatro escrita em 1845 e encenada em1846, Martim Francisco Ribeiro de Andrada inseriu no caso das sete orelhas osnomes de família “Garcia Leal” e “da Silva”, dois nomes de família que fazemparte da genealogia desenvolvida a partir dos colonos Garcia originários da ilhado Faial. Passados vinte e um anos da estreia da peça de teatro, no ano de1867, o jornalista Joaquim José de França Júnior publicou um folhetimdenunciando a inspiração de Martim Francisco Ribeiro de Andrada ao comporsua peça de teatro: “...resolvi esboçar, não o quadro da miséria de uma família,mas o croquis da desgraça de um povo”. Por fim, em 1876, quando secomemorou trinta anos da retumbante estreia da peça no teatro “Januário Garcia,o Sete Orelhas”, na primeira publicação após o surgimento do folhetim de FrançaJúnior de 1867, sem que fosse apresentada a suposta fonte primária, o escritorM. E. de Azevedo Marques publicou a notícia da “localização” de uma ordemrégia, datada de 1803, portanto, setenta e três anos antes, envolvendo o nomeJanuário Garcia Leal em crimes que teriam ocorrido em Minas Gerais.Neste pêndulo que se observa na compilação de obras sobre o caso dassete orelhas ocorrem situações ainda mais reveladoras. Isto é o que se observade uma gravura do político José Bonifácio de Andrada e Silva, ainda jovem, queconsta no livro “The History of Brazil”, de John Armitage, publicado em 1836.Como é cediço, foi nesta obra escrita em Inglês que surgiu a primeira notícia docruel assassino “Sete Orelhas”. Por outro lado, tem-se o livro “Os Andradas naHistória do Brasil”, obra de autoria do historiador mineiro João Dornas Filho, quefoi publicada em 1936, ou seja, exatamente ao se completarem cem anos dapublicação do livro “The History of Brazil”. Desta forma, quando se comemorou ocentenário da publicação do livro de John Armitage, em seu livro “Os Andradasna História do Brasil” o escritor mineiro João Dornas Filho trouxe uma abordagem [Página 445]

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