Até a ‘descoberta do Brasil’ nos roubaram. Por Oswaldo Coimbra, ver-o-fato.com.br
25 de abril de 2024, quinta-feira.
O local onde os portugueses desembarcaram, pela primeira vez, no Brasil, não foi Porto Seguro, na Bahia.
O desembarque deles não ocorreu em 1500. E quem comandou a frota de embarcações na qual eles vieram não foi Pedro Álvares Cabral.
Essas inverdades históricas foram desmascaradas por um dos maiores especialistas em História do Brasil, o pesquisador Jorge Couto.
Através de complexos estudos nas áreas de Cosmografia, Cartografia, Antropologia, Arqueologia e Etnologia, ele demonstrou que, na verdade, o Brasil foi “descoberto”, em 1448, quando o genial navegador Duarte Pacheco Pereira -astrônomo e geógrafo chamado de “Aquiles lusitano”, por Camões, no “Lusíadas” -, chegou à fronteira do Pará com o Maranhão.
Couto analisou minuciosamente exemplares da cartografia antiga.Estudou os métodos usados, no final do século XV, para calcular longitude. Cruzou dados sobre as relações políticas entre Portugal e a Espanha naquela fase.
Recorreu a relatos etno-históricos sobre as antigas populações indígenas da Amazônia.
Assim como aos resultados das recentes escavações dirigidas pela arqueóloga estadunidense Anna Curtenius Roosevelt, na região de Santarém e na ilha de Marajó.
Contudo, o documento que adquiriu mais importância para apesquisa dele foi o manuscrito “Esmeraldo de situ orbis” (“Esmeraldo dos sítios da Terra”), produzido por Duarte Pacheco, no período entre 1505 e 1508.
Jorge se debruçou sobre ele e sobre interpretações antigas que ele recebeu.
Neste manuscrito de Pacheco está o relato que ele fez a Dom Manoel I, rei de Portugal, sobre como ocorreram as descobertas da expedição que ele comandara, em 1498.
O documento foi produzido por Pacheco entre os anos de 1505 e 1508, mas, permaneceu desconhecido por quase 440 anos, porque a expedição que ele comandou era secreta.
Já que tinha como objetivo alcançar o Norte do Brasil, numa fase,na qual esta região pertencia aos espanhóis, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha, em 1494, quando os dois reinos disputavam o domínio das novas terras na América.
A prova definitiva do alcance atingido por Jorge Couto nesta pesquisa estão nas 942 notas bibliográficas que aparecem em “A construção do Brasil”, o livro no qual ele expõe o que achou.
Curiosamente, a mesma tesede Couto vinha sendo defendida fora de Portugal, desde 1989, por outros dois estudiosos: Serge Gruzinsky, do Centre Nationale de Recherches Scientifiques, na França, e, Juan Gil, da Universidade de Sevilha, na Espanha.