E quando a imprensa (...) do Rio de Janeiro e de São Paulo, que na época era capital da Republica, ficou sabendo da situação lá em Canundos, os jornais não pensaram "duas vezes", logo classificaram Antonio Conselheiro como "doido varrido". Só que tinha um problema né, nenhum repórter desses jornais jamais tinha ido até os cafundós de Canundos para descobrir o que estava acontecendo, ou seja, tudo que eles publicaram era na base do "diz que me diz". Mas sabe quem denunciou essa atitude sensacionalista da imprensa? O Machado de Assis.
O correspondente da Gazeta de Notícias mandou ontem notícias telegráficas, cheias de interesse, que toda gente leu, e por isso não as ponho aqui; mas, em primeiro lugar, escreve da capital da Bahia, e, depois, não se funda em testemunhas de vista, mas de oitiva; deu-se honesta pressa em mandar as novas para cá, tão minuciosas e graves, que chamaram naturalmente a atenção pública. Outras folhas também as deram ; mas serão todas verdadeiras? Eis a questão. Nenhum jornal mandou ninguém aos Canudos. Um repórter paciente e sagaz, meio fotógrafo ou desenhista, para trazer as feições do Conselheiro e dos principais subchefes, podia ir ao centro dfa seita nova e colher a verdade inteira sobre ela. Seria uma proeza americana.