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27 de julho de 2022, quarta-feira. Há 2 anos
Na Villa Real de Santo Antônio nos Algarves, no sul de Portugal em 21 de novembro de 1891, nascia Antônio, filho de Timóteo Antônio Gaspar e Dona Maria Francisca Gaspar.

Seu pai Timóteo já conhecia Sorocaba, pois foi dono de uma taverna na Rua Padre Luiz em 1887, e assim retornou em 1893, pela segunda vez para o Brasil, junto de sua mulher e seu filho no navio da Mala Real Inglês chamado “Córsega”, chegaram ao Rio de Janeiro e pela Estrada de Ferro Central do Brasil, foram para São Paulo de lá embarcaram na Estrada de Ferro Sorocabana, rumo a Sorocaba.

A família foi morar no Largo Santo Antônio entre os anos de 1893 a 1899, numa casa de esquina com a rua de mesmo nome (atual Rua Padre Luiz), junto com um armazém de secos e molhados.

No ano seguinte a chegada ao Brasil, à família Gaspar, fica maior com o nascimento da filha Carolina.

Em 1895, Timóteo adquiriu uma boa quantidade de terras próximas ao Fábrica Santa Maria que começara a funcionar e era o momento ideal para loteá-las. Esses terrenos formaram em partes as ruas: Manoel Lopes, Teresa Lopes, Cel Nogueira Padilha, Santa Maria, Oliveiro Pilar, Francisco Gonçalves, Sá Fleury, Francisco Glicério, Barcelona, Quinzinho de Barros e Assis Machado.

Em 1899, com a volta da febre amarela em Sorocaba, Timóteo decide retornar a Portugal, assim vai com a família para o porto de Santos para embarcar no navio, mas foram impedidos pelo mesmo problema da fuga: a epidemia.

Assim o pai desiste da viagem e se estabelecem em Santos. Infelizmente a distância não foi capaz de impedir que a família Gaspar também adoecesse. Antônio ficou muito doente, mas foi sua mãe que morreu vitima dessa doença.

Em 1900, se mudaram para São Paulo onde Antônio estudou no Grupo Escolar do Bom Retiro e em seguida no do Brás, retornando a Sorocaba somente em 1903.

Dessa vez o pai investiu numa fábrica de cerveja que chamou de “Humberto I” e que ficava na Rua da Penha na esquina com a Rua Arthur Gomes. A família morou na Rua da Penha no quarteirão entre as ruas Professor Toledo e Arthur Gomes, numa casa alugada com um enorme quintal com arvores frutíferas e chegava até a Rua 7 de Setembro.

Quando ao menino Antonico, ficava a maioria do tempo desocupado, ou seja, ou estava brincando com os amigos ou fazendo travessuras. Destemido sempre investigava casos sem explicações aparentes, beirando o sobrenatural, ficando até em um episódio preso dentro da Igreja Santo Antônio que ficava próximo ao mercado.

Ajudou em algumas tarefas na fabrica de cerveja do pai, e depois que está fechou foi copeiro e arrumador de quartos no Hotel do Vicente, foi caixeirinho de Moysés Jorge Daraia, de José Argento e também de Júlio Cozetti e aprendiz de tecelão na Fábrica Santa Maria.

Em 1904, com a necessidade de ajudar em casa, foi empregado na Fábrica Fonseca, graças a um pedido de seu pai que era amigo do dono Manoel José da Fonseca.

Em 1905, começou a trabalhar na Fábrica de Chapéus de Francisco Souza Pereira, permanecendo até 1908.

No mesmo ano ingressou na Empresa de Energia Elétrica de Sorocaba de Bernardo Lichtenfels como ajudante no almoxarifado.

Na Estrada de Ferro Sorocabana entrou em 30 de Setembro de 1909, como Portador da Estação de Rio Verde, ramal de Itararé até maio de 1911, continuou trabalhando na EFS até sua aposentadoria, quando atuava na função de guarda-fios eletricista em 1947.

Desde a sua juventude, uma de suas paixões era o circo-teatro, por isso além de conhecer muito sobre a história circense sorocabana, também se apresentou em diversos circos amadores, realizados em sua maioria por funcionários das fábricas da cidade. Mas não ficou restrito apenas a atuar, sendo responsável por escrever diversas peças, algumas publicadas em seus livros.A poesia também foi parte presente de sua vida, tanto com criações próprias ou citando outros poetas em seus artigos, livros ou declamando durante as serenatas.Participou do grupo de serenatas que tocavam pelas ruas, depois do fechamento do comercio às 21 horas, quando a cidade se tornava silenciosa e aconteciam somente com a autorização prévia dada pelo delegado de policia. Os serenatistas iniciavam da Rua Miranda de Azevedo e passavam pelos locais onde as namoradas ou interesses amorosos dos integrantes moravam, onde cantavam belas canções, e seguia mesmo depois que as luzes eram desligadas à 1 hora da manhã e pela madrugada a dentro.A história também foi parte importante de sua vida, demonstrado através de artigos e livros de diversos assuntos, indo desde folclore até a Estrada de Ferro Sorocabana, seu tema preferido nas publicações. Dentre todos os seus livros os que são obrigatórios para curiosos e pesquisadores da história de Sorocaba são: “Histórico da Fundação da Estrada de Ferro Sorocabana”, que conta sobre o inicio da Estrada de Ferro na cidade e “Sorocaba de Ontem”, que trás com detalhes, fatos marcantes de épocas mais antigas da nossa Manchester Paulista.


O livro Histórico da Fundação da Estrada de Ferro Sorocabana foi um desafio para Antônio, pois por mais que tenha escrito alguns livros, não se sentia apto para contar essa grande história. Se não fosse o pedido feito pelo diretor da E.F., Gaspar Ricardo Junior, dando liberdade total para pesquisar nos arquivos da Sorocabana e uma carta de apresentação pedindo autorização de acesso aos documentos antigos da ferrovia para o diretor do arquivo municipal de São Paulo.Por dois anos (1928-1930) durante seus dias de folga, Antônio teve acesso a documentos, mapas e antigos funcionários, que o ajudaram a juntar as informações necessárias para escrever um livro que resgata ao primeiros 60 anos de história perdida, que se iniciou com criação da Estrada de Ferro Sorocabana através de Luiz Matheus Maylasky e que tem sua primeira edição de 2000 exemplares esgotados e tendo sua reedição somente décadas depois. Nessa obra o que mais teve dificuldade foi encontrar informações dos primeiros anos da criação, devido às brigas e mudanças da diretoria dessa nova ferrovia, assim teve que se basear nos jornais antigos da época. Sua metodologia de pesquisa incluía desde entrevistas com pessoas mais antigas, que foram testemunhas de fatos relevantes da pesquisa, visitas a cartórios e arquivos municipais e incontáveis dias no Gabinete de Leitura a procura de jornais e revistas antigas.

Aluísio de Almeida nos conta que sua amizade começou graças à descoberta através de amigos sobre um ferroviário de nome Gaspar que havia escrito um livro sobre a Sorocabana. Por causa do horário incompatível de trabalho foi o próprio Antônio que entrou em contato com o padre historiador e desse encontro sairia a idéia de um livro em conjunto com o titulo de “Luiz Matheus Maylasky – Visconde de Sapucaí”.

Próximo ao aniversário do 3º Centenário do aniversário de Sorocaba, um grupo de amantes da história decidiram juntar os seus acervos de objetos históricos para criar o museu sorocabano que teve como sua primeira sede o Gabinete de Leitura. Antônio Francisco Gaspar foi um desses fundadores, sendo que atuou como o arquivista do museu, sem receber salário pela função. Com a mudança de imóvel para Rua Padre Luiz a prefeitura deixou sob sua responsabilidade os cuidados do acervo, que manteve bem cuidado até a desativação do museu em meados de 1964 e foi parte importante quando finalmente instalaram o museu em seu local atual, dentro do Zoológico Municipal Quinzinho de Barros.

Também foi um dos responsáveis da à criação do monumento em homenagem ao Luiz Matheus Maylasky e que se encontra em frente ao Museu da Estrada de Ferro.Foi sócio fundador do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e sócio do Gabinete de Leitura.

Momento importante à História de Sorocaba e da Estrada de Ferro Sorocabana, quando o pesquisador Antonio Francisco Gaspar e sua filha Accacia entregam ao Prefeito Dr. José Crespo Gonzales a "PENA dourada" que Luiz Matheus Maylasky ganhou dos jornalistas presentes na inauguração da ferrovia, logo após a chegada oficial do primeiro trem de São Paulo em 10 de julho de 1875. Foto: Coleção "Antônio Francisco Gaspar" Acervo: Oficina Geo-Historica Adolfo Frioli.

Casou 3 vezes: com Adélia Rosa, Amélia e Carmela e infelizmente passou pelo difícil sentimento de acompanhar o falecimento de cada uma, decidindo depois que nunca mais casaria e que segundo mencionado em seu livro, sua próxima esposa seria a SEPULTURA, como de fato aconteceu.

Dos matrimônios teve 5 filhos: Acácia, Silvio, Ercília, Doracy e Amélia. Com ainda 12 netos e 10 bisnetos.Faleceu em 2 de setembro de 1972 as 14 horas em decorrência de um câncer no intestino, sem antes deixar em seu livro “Minhas Memórias”, sua última vontade com as informações necessárias para seu enterro, desde ser vestido com o traje de frei franciscano, que utilizou na peça “A cruz de cedro”, até o convite de enterro que deveriam publicar no jornal. Foi enterrado próximo ao seu amigo historiador Aluísio de Almeida, numa sepultura simples e que atualmente não consta nenhuma identificação com seu nome.Seu acervo pessoal continha inúmeros pacotes que eram desde coleção de jornais, revistas, livros, livretos, fotos, manuscritos e documentos, que foram doados por seus familiares e levados por um caminhão médio lotado para o Museu Histórico Sorocabano onde foi ordenado, catalogado e preservado pela equipe chefiada pelo seu amigo e aluno da historia sorocabana, o historiador Adolfo Frioli.Gaspar permanece vivo, através das exposições e eventos em sua homenagem, teve seu nome dado a uma rua no Jardim Guadalajara e lembrado novamente em maio de 1995, com a inauguração do “Centro Cultural Antônio Francisco Gaspar” localizado em anexo ao Museu Histórico Sorocabano.

Inauguração
Data: 31/12/1921 1921

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Data: 14/01/1934 1934

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