Arassari Pataxó. Aldeia Barra Velha, Porto Seguro/BA:
Aí chega nessa tal "independência". Essa independência, para os povos indígenas, ela nunca existiu. Nós viemos aí, por várias e várias leis, principalmente o Estatuto indígena de 1973, no qual, nós indígenas éramos tutelados pela FUNAI. A tutela significa que nós éramos relativamente incapazes, não poderíamos realizar atividades da vida civil. Que nós indígenas éramos comparados com um ser que não tinha discernimento, então quem respondia por nós era a FUNAI.
Marize Vieira - Pará Rete (Guarani). Professora de História:
Com a Independência várias questões continuaram a se fortalecer. A questão de você não poder falar a sua língua, a questão de você não ter território, a questão de você não poder colocar nomes indígenas de sua etnia no nome do seus filhos. É um apagamento, um silenciamento total.
Vânia Maria Lousada Moreira. Professora titular da UFRRJ, pesquisadora CNPq, cientista da FAPERJ:
É nesse contexto que o Brasil se torna independente e começa adotar uma política para assimilação dos índios muito forte. É justamente no século XIX (1801-1900), por exemplo, que não apenas continuou-se com a política, que já vinha do período colonial, de assimilar os índios, obrigando-os a falar exclusivamente a língua portuguesa, incentivando os casamentos mistos com indígenas e não-indígenas
Álvaro Tukano, líder da Casa Povo Tukano. Noroeste, Brasília/DF:
Essas coisas que nós defendíamos quando chegaram os missionários e outros colonizadores, que tem sido uma confusão em cima de confusão, até hoje continua. Essas lembranças, que meu avô contava para o meu pai, eram histórias proibidas de serem contadas, dos antigos, pelos missionários. Assim nós fizemos cerimônias escondidas...