1° de 2 fonte(s) [k-3937] O DOMINIUM SOBRE OS INDÍGENAS E AFRICANOS E A ESPECIFICIDADE DA SOBERANIA RÉGIA NO ATLÂNTICO Da colonização das ilhas à política ultramarina de Felipe III (1493-1615) Data: 2010, ver ano (130 registros)
D. Francisco das Manhas e Manuel Cerveira Pereira triunfaram em Madri no ano de 1606. Nesse mesmo período, o projeto de apropriação do domínio sobre os indígenas e africanos e a realização do projeto imperial Habsburgo no Atlântico estavam sendo discutidos nos Conselhos reais. Como entender e explicar estas medidas? A contradição entre elas era indicada pelos próprios conselheiros do rei (“Sobre o pedido de Domingos de Araújo e Melchior Dias”, 17 de agosto de 1607. In: AGS, SP, l. 1466, f. 287.):
“E por que pelas informações que sobre esta matéria se tomaram se entende que nem as minas de que Gabriel Soares deu notícia nem outras algumas de que se tratou naquele estado do Brasil se acharam ser de efeito e as mais das pessoas que fizeram semelhantes ofertas tiveram mais intento de descer gentio do sertão e aproveitar-se dele que do descobrimento das minas de que se segue muito prejuízo ao serviço de V. Majestade.”
2° de 2 fonte(s) [k-3900] O Avesso da Costura: uma análise dos escritos de Gabriel Soares de Sousa (c.1540-1591). Gabriela Soares de Azevedo Data: 2015, ver ano (122 registros)
Apesar de toda a curiosidade de uma viajante neófita, ao chegar em Madri embarquei diretamente do gigantesco aeroporto num trem bala em direção à cidade de Valladolid, local de nascimento do monarca Felipe II e coração da corte de Castela, para me juntar à leva de pesquisadores que acordam cedo para pegar o ônibus em direção ao Arquivo Geral de Simancas, situado na pequeníssima vila a 10 km de distância de Valladolid. No incrível castelo que abriga o arquivo fundado por Carlos V e completado por Felipe II, confirmei a não existência dos Capítulos naquele sítio, consultei os anexos de uma consulta da Junta da Fazenda relativa à proposta de Domingos Araújo e Belchior Dias Moréia sobre a descoberta de minas, de 1607, onde se encontram os dois alvarás derradeiros recebidos por Gabriel Soares, 71 e já no frigir dos ovos, ao perguntar se havia algum registro da presença de Varnhagen em Simancas, fui surpreendida com o Diário das consultas de Varnhagen na década de 1840, um detalhado registro das cópias solicitadas e realizadas a pedido do então embaixador do Brasil.
Os alvarás recebidos por Gabriel Soares de Sousa foram encontrados por João Francisco Lisboa no Livro 1º de Ofícios do Archivo do extinto Conselho Ultramarino, os quais se encontram hoje no Arquivo Histórico Ultramarino, em Portugal, códice 112, folhas 42/44. Francisco Lisboa os apresentou a F. A. de Varnhagen, que os publicou em 1858 num pequeno e referencial esboço biográfico de Gabriel Soares: VARNHAGEN, F.A. “Memória de Gabriel Soares de Sousa”. RIHGB, vol. 21, p. 413-424, 1858. Uma transcrição diplomática destes foi realizada por CORTESÃO, Jaime. Pauliceae Lusitana Monumenta Histórica. Lisboa: Real Gabinete Portugal de Leitura do Rio de Janeiro, 1956. p. 407 e ss. Tomo I. No entanto, notou perspicazmente o historiador pernambucano Jose Antonio Gonçalves de Mello a ausência dentre os alvarás precisamente da nomeação de Gabriel Soares como “Capitão-mor e Governador da conquista e descobrimento” e o seu regimento. Os dois itens foram localizados por este historiador nos anexos à Consulta da Junta da Fazenda de Portugal relativa à solicitação de descoberta de minas de Domingos de Araújo e Belchior Dias Moréia, feita em 1607 no Arquivo Geral de Simancas. Foram publicados no artigo “Dois Novos Documentos. Gabriel Soares de Sousa”. Separata do vol.51 da Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Recife, 1979. O original se encontra em AGS, Secretarias Provinciales, Lº1466. SANTAELLA, Roselli Stella. “Felipe II y Brasil”. Las Palmas: In: COLÓQUIO DE HISTÓRIA CANÁRIOAMERICANA/VIII CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTORIA DE AMERICA, XIII. Anais.Cabildo Insular de Gran Canaria, 2000, p. 865-875.
Não se trata de um diário de Varnhagen propriamente dito, ou seja, um registro íntimo do próprio historiador-diplomata, mas de um diário do arquivo a respeito das consultas de Varnhagen e sua correspondência com Manuel García Gonzales, oficial que ocupou o posto de arquivista em Simancas por 52 anos, desde 7 de agosto de 1815. Manuel García Gonzales, natural de Monforte, forma com D.Tomaz Gonzáles e Diego de Ayala a grande tríade do arquivo geral de Simancas. Estudava em Salamanca em 1808 quando começou a guerra, serviu como sargento de Auxiliares da Artilharia da Cidade de Rodrigo, caiu prisioneiro em 1810, ficando na França até o fim da guerra. Nomeado 4º oficial do Arquivo em 1815, depois segundo, primeiro e finalmente secretário, trabalhou até ser jubilado em 1º de fevereiro de [p. 52]