Evacuação da cidade da Bahia pelas tropas portuguesas e entrada triunfal do Exército brasileiro sitiador
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
1823 — Evacuação da cidade da Bahia pelas tropas portuguesas e entrada triunfal do Exército brasileiro sitiador.
A luta entre os baianos e o general português Inácio Luís Madeira de Melo começara a 25 de junho de 1822, com a insurreição da vila da Cachoeira. Em poucos dias, a insurreição ganhou a província inteira, menos a capital, dominada por forte guarnição, composta de veteranos da Guerra da Península e dos corpos milicianos, pela maior parte formados de residentes europeus.
O rompimento das hostilidades deu-se a 28 de junho. Desde esse dia, o governo interino, constituído na Cachoeira, começou a organizar os corpos de voluntários, que, com os reforços de Pernambuco, da Paraíba, de Alagoas e do Rio de Janeiro formaram o exército libertador (ver a sua composição na efeméride de 27 de maio de 1823).
No meado de julho de 1822, o tenente-coronel de milícias Joaquim Pires de Carvalhoe Albuquerque, depois visconde de Pirajá, começou o bloqueio terrestre da capital, dirigindo as forças brasileiras sitiantes até 20 de outubro.Dessa data até 27 foram elas comandadas pelo coronel de milícias Rodrigo Antônio Falcão Brandão, depois barão de Belém.
No dia 27 de outubro, o general Pedro Labatut, chegado ao Rio de Janeiro, assumiuo comando do exército e conservou-se nele até 21 de maio de 1823, diaem que foi deposto por uma sedição militar promovida pelo coronel OBRAS DO BARÃO DO RIO BRANCO382Gomes Caldeira, vítima um ano depois dos exemplos de indisciplinaque dera aos seus comandados (ver 25 de outubro de 1824). Foi duranteo comando de Labatut que os brasileiros alcançaram as duas principaisvitórias dessa guerra, em Pirajá (8 de novembro de 1822) e em Itaparica(7 de janeiro de 1823). O coronel José Joaquim de Lima e Silva, depoisgeneral e visconde de Magé, sucedeu a Labatut por nomeação dogoverno provisório da Cachoeira (ver 27 de maio de 1823), quando,pela impossibilidade do abastecimento de víveres, a posição do generalportuguês já se havia tornado insustentável em cidade tão populosa,sitiada havia quase um ano pelo Exército brasileiro e bloqueadadesde princípios de maio de 1823 pela esquadra do comando de lordeCochrane. Durante alguns dias, e, sobretudo, a 1o de julho, embarcaramos residentes portugueses e as famílias que preferiram regressar para aEuropa, e às 4h de 2 de julho, ao sinal de um tiro de peça disparado doforte de Santo Alberto, partiram de diferentes pontos da cidade as lanchase escaleres, que a um tempo conduziam na maior ordem para bordo dosnavios, previamente designados, os corpos do Exército de Portugal, emnúmero de seis mil homens. Os milicianos, que formavam um total dequatro mil homens, foram licenciados, ficando apenas alguns em armas,para policiarem a cidade. Às 11h, fez-se de vela a frota que conduziaessas tropas e alguns milhares de emigrantes portugueses. Compunhase 30 navios de combate, charruas e transportes armados, montando 698bocas de fogo e 41 navios mercantes; ao todo, 71 velas.
Eram estes os navios de guerra, ou armados em guerra, e o número de bocas de fogo de cada um: nau D. João VI (74), com o pavilhão do chefe de esquadra Pereira de Campos; fragatas Constituição (54), depois chamada Diana, e Pérola (46); corvetas Calipso (22), Regeneração (22), depois chamada Galatéia, Dez de Fevereiro (26), depois chamada Urania, Ativa (22),Constituição (26), chamada antes e depois Conceição e Oliveira, S. Gualter (26), Príncipe do Brasil (24) e Restauração (26); brigues Audaz (18) e Prontidão (16); sumaca Conceição (8) e escuna Emília(8); charruas e transportes armados, Princesa Real (28), Príncipe Real(20), Tritão (16), Orestes (18), Conde de Peniche (16), Canoa (16), São Domingos (26), Grão Pará (16), D. Afonso (20), Flor do Tejo (20), Leal Português (18), Conde da Palma (20), Bizarria (18), Duque da Vitória (16) e Vinagre (12).
Às 13h, o Exército brasileiro fez a sua entrada na capital, tendo sido precedido por dois corpos de exploradores. Lorde Cochrane cruzava fora da barra com a nau Pedro I (comandante Crosbie) e a corveta Maria da Glória (comandante Beaurepaire). A esses navios reuniram-se, no dia 3, as fragatas Niterói (comandante Taylor) e Carolina, depois Paraguaçu (comandante Thompson), e o brigue Bahia (comandante Bartolomeu Hayden).Foram esses cinco navios os que perseguiram alguns dias a frota dos nossos então adversários. A Niterói seguiu até a foz do Tejo, diante da qual cruzou algum tempo, encetando a sua viagem de regresso a 12 de setembro. Dos 71 navios saídos da Bahia, apenas 40 entraram em Lisboa e no Porto, sendo apresados pela esquadra brasileira, no mar ou no porto do Maranhão, onde alguns se refugiaram, 30 navios, e incendiado um. Ficaram prisioneiros 2.029 oficiais e soldados, isto é, a terça parte das forças que evacuaram a praça, e foram tomadas e remetidas por lorde Cochrane para o Rio de Janeiro seis bandeiras de corpos (1o, 5o, 6o e 12o de infantaria, 2o de caçadores do 2o batalhão da Legião Constitucional Lusitana), além de sete bandeiras de navios de guerra e transportes armados. Da Marinha Real apenas foram apresados o brigue Prontidão, a escuna Emília (no Maranhão) e as charruas Príncipe Real e Conde de Peniche, e, entre os transportes armados, as galeras Leal Português (depois Carioca) e Bizarria.
O Grão Pará foi por duas vezes capturado, sendo-lhe cortados os mastros grande e o de mezena, e lançada ao mar toda a sua artilharia e o armamento da tropa; no entanto, conseguiu escapar e entrou em Lisboa.
O povo da Bahia festeja ainda hoje, todos os anos, o dia 2 de julho, comemorando com o mesmo entusiasmo patriótico dos primeiros tempos a recuperação da sua capital e o termo glorioso da Guerra da Independência no Recôncavo.
Durante essa luta, a firmeza com que o general Madeira se opôs às tropas brasileiras levantou em torno do seu nome muitos ódios e injustiças.
Ele soube resistir a todas as seduções e propostas vantajosas que lhe foram feitas por um emissário do governo do Rio de Janeiro, mas preferiu cumprir nobremente o seu dever de soldado português. Sua memória é, portanto, digna da estima de quantos sabem prezar o brio militar.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.