Impossível escrever sobre o jornal Diário de Sorocaba sem contar a trajetória de Vitor e Tereza de Luca, já que eles sempre foram a alma do jornal. Os pais de Vitor, Fernando e Angelina, tiveram 11 filhos.
Os avós eram italianos e os pais do jornalista possuíam uma chácara no Paraná com plantações e um tanque de carpas. Vitor saiu de Piraí do Sul, sua terra natal, aos 14 anos, tendo se mudado com o seu irmão João para a capital paulista, onde decidiu estudar Jornalismo na faculdade “Cásper Líbero”, formando-se na segunda turma da instituição, em 1951.
Para sustentar seus estudos, começou a trabalhar em uma agência bancária, mas antes disso chegou a freqüentar o seminário, ia ser padre. Tanto Vitor como Tereza eram muito católicos. O jovem chegou a subgerente. Por ser árbitro de tênis de mesa ele também escrevia, como colaborador, artigos esportivos para o jornal “Gazeta Esportiva”.
Vitor conheceu Tereza em uma festa de casamento e logo se casaram, tendo quatro filhos: Fernando (falecido em 1996), Leila, Walter e Maurício. Os meninos seguiram os passos do pai e decidiram ser jornalistas, já a filha optou pela Medicina.
Em 1952 Vitor foi convidado para vir para Sorocaba, dirigir o jornal “Folha Popular”, que pertencia à Cúria Metropolitana. Após seis meses na cidade, morando em uma pensão, se casou com Tereza.
Vitor decidiu deixar a “Folha Popular” e fundar o seu próprio jornal. Seu sonho era fazer um veículo de comunicação imparcial e independente. Assim nasceu o DIÁRIO DE SOROCABA.
NÚMERO UM
Um prédio na rua da Penha, esquina com a Maylasky, foi a primeira “residência” do DIÁRIO. O local não tinha muitas divisões e era ao mesmo tempo escritório, redação e setor de distribuição. Vitor se dividia entre a máquina de escrever e as oficinas, que estavam instaladas nos fundos do prédio.
À véspera da primeira edição, no dia 5 de julho de 1958, o jornal estava movimentado. Um grupo de repórteres e gráficos, comandados por Vitor, ia de um lado para o outro na árdua tarefa de fazer um novo jornal.
O jornalista cuidava de todos os detalhes da primeira edição, redigindo as matérias e orientando a composição e paginação do número histórico, que deveria estar nas ruas no dia seguinte. Apesar da ansiedade, tudo saia conforme o roteiro previamente estabelecido.
Vitor estava sem dormir há 48 horas. Mas, por volta das 23 horas daquele 5 de julho, quando o jornal já estava pronto para começar a ser impresso, uma comitiva, de cerca de 45 pessoas, entrou no casarão da rua Maylasky, tendo à frente o então governador do Estado, Jânio da Silva Quadros, e o prefeito de Sorocaba, Gualberto Moreira, para uma visita de cortesia.
E dessa visita saiu o primeiro “furo” do jornal, já que o governador anunciou que o Hospital Regional receberia verba para ampliação e seria construído um viaduto na cidade, que acabou levando o nome do ex-governador.
O DIÁRIO cresceu rapidamente. Isso em parte pelo prestígio que Vitor tinha por conta da “Folha Popular”. Junto com Vitor, também deixou a “Folha” o agente publicitário e “fiel escudeiro” Heitor Nunes, falecido em 2000, que também foi trabalhar no DIÁRIO, onde ficou até morrer.
Outra grande força de trabalho que impulsionou o jornal foi Tereza de Luca, que, além de ser uma administradora nata, tinha grande experiência na área editorial, tendo trabalhado na Editora Melhoramentos. Ela também era jornalista.
SOLIDARIEDADE
Vitor e Tereza eram muito católicos, mas mais que isso, eram altamente cristãos, tanto que a solidariedade sempre era expressa pelo casal.
Fazer o bem era algo rotineiro e o matutino tinha por obrigação participar da vida da comunidade. O casal fez várias campanhas, sempre se preocupando em ajudar as pessoas mais necessitadas.
O sucesso do DIÁRIO foi tanto que no terceiro ano já estava sendo construída a sede própria na rua da Penha. Um dos motivos do sucesso do jornal é que ele trouxe um conceito mais técnico de jornalismo para uma cidade do Interior, principalmente relacionado à ética.
O DIÁRIO era como uma grande família. Os filhos dos fundadores, Leila, Fernando, Walter e Maurício, praticamente nasceram dentro do jornal. Destes, apenas Leila seguiu outra carreira, tornando-se médica. Os outros, fizeram carreira dentro do DIÁRIO.
A MORTE DE FERNANDO
Vitor e Tereza estavam sempre atentos às inovações. Em 1993 o jornal entrou na era do offset, a diagramação também sofreu uma transformação, porém, o jornal afirmava em editorial que manteria a mesma linha de seu início.
O ano de 1996 marcou com a morte de Fernando de Luca Neto, vítima de câncer. Fernando era o responsável pela administração do DIÁRIO DE SOROCABA e sua morte abalou o casal Vitor e Tereza de Luca.
Fernando formou-se em Jornalismo na mesma faculdade do pai, a "Cásper Líbero", em São Paulo. Especializou-se também em artes gráficas e foi diretor executivo do jornal, acompanhando sempre de perto toda a parte gráfica, comercial e administrativa.
A morte de Fernando foi um transtorno, mas o lado religioso prevaleceu no casal, que buscou superar o acontecimento. Já Vitor teve que, aos 70 anos, voltar a administrar o DIÁRIO, tendo que encarar os avanços tecnológicos.
No mesmo ano surgiu o DIÁRIO DE SOROCABA ON LINE, um dos primeiros jornais do Brasil na Internet. O atual diretor-executivo do DIÁRIO, jornalista Maurício de Luca, era o responsável pela nova empreitada e afirmou que o seu pai, como a maioria das pessoas, não assimilava o que era a internet.
“Mas quando começou a sentir a repercussão dos leitores no exterior, começou a constatar a importância da rede mundial de computadores”.
ACIDENTE FATAL
No final de outubro de 1998, Vitor e Tereza resolveram tirar alguns dias de férias no Paraná, onde a família também possuía um jornal. “O Piraiense”. No dia 13 de novembro de 1998 eles estavam voltando para Sorocaba.
A poucos quilômetros de Sorocaba, Thereza telefonou para o filho Maurício, dizendo que estavam em um posto tomando um lanche e que dentro de meia-hora estariam em casa. Pediu para ele esperar para almoçarem juntos.
A poucos metros do posto, uma erosão na estrada fez Vitor perder o controle do veículo, que se chocou de frente com um caminhão que seguia em sentido contrário. Thereza morreu na hora. Vitor ficou preso às ferragens por quase uma hora. Faleceu no caminho do hospital.
A notícia causou grande comoção na cidade e região. No enterro era possível ver o grande carinho que todos possuíam pelo casal. Dezenas de coroas de flores foram entregues e uma multidão compareceu ao velório e ao enterro.
Vitor e Tereza deixaram muita saudade. Mas devem estar orgulhosos do DIÁRIO DE SOROCABA continuar representando a população, com ética e solidariedade, fazendo um jornalismo sério, imparcial e independente. [Notícias Boituva - 13/11/2012]
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.