“Sou grato a Bolsonaro”, afirma ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
•
“Sou grato a Bolsonaro”, afirma ex-governador Luiz Antônio Fleury FilhoO presidente foi o único a defendê-lo após o massacre do Carandiru; em entrevista à Vejinha, Fleury critica o “radicalismo” do governador fluminense WitzelPor Ricardo Chapola27 Sep 2019, 10h38 - Publicado em 27 Sep 2019, 06h00 Vinte e sete anos depois de estar à frente do massacre do Carandiru, a maior tragédia carcerária da história do país, o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (MDB-SP) parece sereno ao falar a respeito de um assunto que já lhe rendeu muitas críticas. Aos 70 anos, ele recebeu a Vejinha em seu escritório, nos Jardins, para dizer que não guarda nenhum remorso pelo que aconteceu e manifestar gratidão a quem hoje está no centro do poder no Brasil e compactua com sua visão linha-dura na segurança. Apenas um político o apoiou publicamente quando 111 detentos foram mortos depois que a polícia invadiu um centro de detenção — um deputado federal do baixo clero da Câmara que, quase três décadas mais tarde, alcançaria o mais alto cargo da República: Jair Bolsonaro (PSL). “Ele foi o único deputado a me defender na tribuna. E isso é algo de que não me esqueço. Sou grato a ele”, revela. A relação entre ambos ficou mais próxima quando Fleury cumpriu dois mandatos como deputado federal, entre 1999 e 2007, o que deixa o ex-governador à vontade para falar do ex-companheiro de Casa. “É um homem muito inteligente. Muitos o subestimam, mas estão subestimando a pessoa errada”, relata.Embora mantenha uma retórica agressiva em temas relacionados à segurança pública, Fleury critica aqueles a quem chama de “radicais”. Foi assim que ele classificou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), protagonista de ações que geraram polêmicas em seus nove meses de gestão. Em uma delas, Witzel aparecia em um vídeo sobrevoando uma favela junto com policiais que atiravam aleatoriamente, sob o argumento de estar combatendo o crime no estado. Também sob sua batuta, uma operação policial resultou na morte de Ágatha Vitória Sales Félix, menina de 8 anos que voltava com a mãe para casa, no Complexo do Alemão, e estava dentro de uma Kombi. “Witzel é radical. Mais do que Bolsonaro”, afirma. “O governador tem de dar força ao bom policial. Eu os incentivava, mas também punia quem se excedia. Se não fizer isso, você acaba criando uma permissão para matar”, conclui. O ex-governador tem boa avaliação sobre João Doria, do PSDB, que hoje ocupa o cargo que já foi dele. “Ele faz bom uso das redes sociais. Só precisa tomar cuidado para não frustrar expectativas.”Contagem de presos depois que a polícia invadiu o presídio MÔNICA ZARATTINI/Estadão ConteúdoA operação que resultou no massacre do Carandiru foi o fato mais lembrado do governo Fleury, entre 1991 e 1994. Tratava-se de uma ação montada pelo então governador paulista para conter uma rebelião de presidiários que eclodiu dentro da Casa de Detenção do Carandiru, na Zona Norte, em 2 de outubro de 1992, mas a intervenção ostensiva da polícia resultou na morte de mais de uma centena de presos. “Não tenho nenhum tipo de arrependimento. Faria tudo o que fiz de novo. Tenho responsabilidade política pelo que houve. Não me eximo dela. Mas responsabilidade pessoal eu não tenho”, afirma Fleury, ao criticar a Justiça e os órgãos que investigaram se tinha havido excessos na ação policial no centro de detenção paulistano. “O Ministério Público esqueceu de colher provas. Tem policial que chegou a ser condenado e que entrou lá sem arma. E há policial que atirou à vontade e nunca foi indiciado.” Fleury, também ex-promotor de Justiça, diz ter sido alvo de uma onda de “ataques oportunistas” de adversários. “Houve uma carga muito forte em cima de mim.”Luiz Antônio Fleury Filho no Carandiru, após o massacre Luludi/Estadão ConteúdoCatapultado pela atuação na invasão do Carandiru, o coronel Ubiratan Guimarães, que encabeçou a ação dentro do presídio, entrou para a política. Ele se candidatou a deputado estadual em 1994 e 1998, mas só conseguiu se eleger em 2002, com mais de 56 000 votos. Reeleito quatro anos depois, foi encontrado morto em casa em 2006. Visivelmente mais magro, Fleury se recupera de uma cirurgia feita na semana passada para corrigir uma lesão no fígado. Afastado da vida política, o ex-governador tem uma rotina metódica. Acorda cedo em sua casa, no Pacaembu, e trabalha a maior parte do dia como advogado. À noite, dedica-se aos livros. Pretende terminar de ler Como as Democracias Morrem, escrito pelo cientista político Steven Levitsky. Para se divertir, apela para a Netflix. Está na última temporada de La Casa de Papel, mas admite que sua série predileta é Game of Thrones.Continua após a publicidadePublicado em VEJA SÃO PAULO de 02 de outubro de 2019, edição nº 2654.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.