Após expedição pelo Amapá, alemães criaram um plano para invadir as Três Guianas, mas tudo isso não acabou saindo do papel. Entenda as motivações e a causa do insucesso!
Com a chegada dos nazistas ao poder, iniciou-se também uma fase de exploração alemã por diversas partes do globo.
Como conta matéria da Superinteressante, Heinrich Himmler, um dos principais líderes do Partido Nazista da Alemanha, adorava excursões peculiares, ainda mais se elas pudessem “provar” a superioridade da “raça ariana”.
Para se ter uma ideia de sua insanidade, Himmler acreditava que a cidade perdida de Atlântida existia e estava realmente só "perdida" por aí, além disso, o martelo de Thor também era um artefato mitológico que estava guardado pelo mundo, bastava os pesquisadores certos para encontrá-los.
Por essas e por outras, o chefe da SS autorizou excursões pelo Tibete, pela região do Cáucaso, pela Antártida e, pasmem, até mesmo pelo Brasil, mais precisamente pelo Amapá.
O encarregado pela chamada Expedição Jari, segundo aponta a Super, era o geógrafo, escritor e produtor de filmes Otto Schulz-Kampfhenkel, que se destacou por escrever um livro de sucesso sobre sua jornada na Libéria.
Junto dele estavam alguns outros alemães, como os pilotos Gerd Kahle e Gerhard Krause. Juntos, o grupo passou cerca de 17 meses explorando o afluente do Amazonas, onde colheram informações para um plano de invasão e colonização da Amazônia.
Conheça a Expedição Jari em 5 curiosidades.
1. “A sensacional expedição ao Jari” A empreitada dos nazis por terras tupiniquins começou em 1935. Como explica matéria da Super, eles chegaram ao Rio de Janeiro em junho, onde ficaram por cerca de dois meses resolvendo problemas burocráticos.
Apesar disso, o grupo contava com a simpatia governo, já que naquela época Vargas demonstrava certa admiração pelo caminho que a Alemanha estava tomando. Por aqui, eles se encontraram com outro alemão, Joseph Greiner, encarregado pelas bagagens e logística dos nazis, e que tem um ponto interessante nessa história.
Para se ter uma ideia de como os germânicos foram saudados quando chegaram aqui, o jornal Gazeta de Notícias, do Rio, publicou uma matéria exaltando “a sensacional expedição ao Jari”, que era digna dos "mais francos aplausos". Além disso, Otto era visto como “uma expressão brilhante da moderna geração que ora está surgindo cheia de vida e coragem, disposta a derrubar os obstáculos que entravam a marcha da civilização”.
2. Inimigo: Natureza O destino final dos alemães era a fronteira com a Guiana Francesa, só que para isso eles precisariam percorrer um longo caminho a pé, principalmente pelo fato do avião deles ter parado de funcionar. Assim, eles tiveram que contar com a ajuda de tribos locais.
Porém, a selva que já era perigosa para os nativos, se tornou um predador nato dos mais aventureiros. A malária afetou a todos. Já Schulz-Kampfhenkel teve difteria. Com menos sorte, Greiner teve uma febre misteriosa e acabou não suportando os sintomas.
Ele foi sepultado em um cemitério isolado, embaixo de uma cruz de madeira de três metros de altura com uma suástica no topo. Abaixo do símbolo havia uma placa com os dizeres: “Joseph Greiner faleceu aqui em 2-1-36 de morte febril em serviço de exploração para a Alemanha. Expedição Jari, 1935-1937”. Foi por conta de seu enterro, aliás, que descobriu-se mais detalhes sobre a expedição anos depois.
3. Material recolhido
Apesar da baixa, os alemães tiveram um saldo positivo da viagem. Em 1937, quando retornaram para a Europa, levaram na bagagem diversos répteis e anfíbios, trouxeram também a pele de 500 mamíferos e mais de 1.500 artefatos considerados por eles “arqueológicos”, mas que na verdade eram objetos fraudados para corroborar com a tentativa nazista de reescrever a história, como explica a Super.
Otto também aproveitou a viagem para tirar milhares de fotografias e gravar mais de 2.700 metros de filme. Com os registros foi produzido o documentário Rätsel der Urwaldhölle (ou “Enigma da Selva Infernal”, em tradução livre).
O filme foi lançado em 1938, junto a um livro escrito pelo nazi. Assim como sua outra obra, o escrito se tornou um best-seller, vendendo mais de 100 mil exemplares.
4. Conquista das Guianas
Além de tudo isso, a expedição também rendeu um plano de dominação nazista. Para Otto, que neste ponto já era filiado à SS, o Amapá seria a ponta de entrada para a dominação das "Três Guianas": a Francesa; a Britânica, hoje apenas Guiana; e a Holandesa, atual Suriname.
Para Schulz-Kampfhenkel, “a tomada das Guianas é uma questão de primeira importância por razões políticoestratégicas e coloniais”.
Detalhes da invasão são registradas no livro Das Guayana-Projekt – Ein deutsches Abenteuer am Amazonas, (ou “O Projeto Guiana – Uma Aventura Alemã no Amazonas”).
Tudo começaria com cerca de 150 homens partindo do Jari em direção a capital da Guiana Francesa, a cidade de Caiena.
Paralelamente, embarcações e submarinos invadiriam a costa da Guiana Britânica. A Holandesa seria dominada logo em seguida.
Após isso, uma base nazista seria montada para atacar, no futuro, o Japão, por meio do Canal do Panamá. O livro diz que Otto tratava o plano como “romântico, mas factível”. Além do mais, ele tinha o sonho de governar a futura Guiana Alemã.
5. Dominação por tabela
O plano ficou adormecido por um tempo, mas voltou a brilhar o olhos de alguns nazis em 3 de abril de 1940, quando o oficial Heinrich Peskoller endereçou uma carta para Himmler sugerindo que Hitler tomasse a região.
“Na Guiana Britânica, a extração de ouro e diamante é mantida em baixa para não atrapalhar o mercado sul-africano [também sob domínio dos britânicos]. Nas mãos do Führer, cada metro quadrado de solo poderia ser em pouco tempo explorado pela grande Alemanha”, disse Peskoller.
“O empenho e a técnica alemã poderiam domar as inúmeras cachoeiras na forma de usinas hidrelétricas colossais.
Todo o país teria bondes, navegação fluvial, produção de madeiras nobres, pontes, aeroportos, escolas e hospitais. A comparação entre antes e depois da tomada dos alemães contaria pontos para o Führer”, completou.
Porém, apesar do clamor, o plano não seguiu, já que os nazistas, naquele ponto, já haviam ocupado a Holanda e a França e, por consequência, julgavam que a suas colônias na América também estavam sob sua posse.
Para os alemães, assim que eles ganhassem a guerra, bastava apenas vir reivindicar seus territórios. Porém, a vitória alemã no front jamais veio.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.