3 de julho de 1883, terça-feira
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Franz Kafka nasceu em Praga, Império Austro-Húngaro, atual República Tcheca, no dia 3 de julho de 1883.
Assim como a literatura que produziu, quase tudo que diz respeito a Franz Kafka é estranho. Ou, como Otto Maria Carpeaux escreve no célebre ensaio “Meus encontros com Kafka”, tudo em torno do autor é equívoco, dadas as diferentes — e por vezes contraditórias — visões que a literatura de Kafka pode sugerir.
Mesmo sendo um dos maiores escritores de todos os tempos, Kafka viveu em um quase anonimato, com suas obras circulando de modo restrito enquanto o autor viveu — algumas delas, como os romances O processo e O castelo, foram publicadas postumamente.
A ordem de Kafka para que o amigo Max Brod queimasse seus escritos após sua morte é mais um detalhe pitoresco em sua errática trajetória.
No Brasil, a recepção da literatura do autor foi igualmente difusa e tardia. As primeiras traduções, ainda esparsas, são do final dos anos 1950.
A primeira menção ao tcheco aparece em um ensaio de Carpeaux chamado “Kafka e o mundo invisível”, publicado em 1941, no jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro.
Esse texto seria incluído, no ano seguinte, na coletânea Cinzas do purgatório, um dos livros mais conhecidos do crítico austro-brasileiro.
Em 1952, Sérgio Buarque aprofunda o debate sobre o tcheco em Kafkiana, um ensaio publicado nas páginas do Diário Carioca e nunca reunido em livro. Mas foi só 15 anos após o ensaio inaugural de Carpeaux sobre Kafka na imprensa nacional, em 1956, que a primeira tradução em português de um livro do autor é publicada no país.
A metamorfose surge no Rio de Janeiro, viabilizada pela editora Civilização Brasileira, em tradução de Brenno Silveira.
“A partir dos anos 1960 e 1970, surgem a par de interpretações biográficas e proféticas também textos mais extensos e profundos de expoentes intelectuais que abrem outros caminhos de acesso à obra de Kafka”, diz Celeste Ribeiro de Sousa, professora da Universidade de São Paulo (USP).
Doutora em literatura alemã, Celeste cita o trabalho de Anatol Rosenfeld como outro marco nos estudos da obra kafkiana no país.
“Em Doze estudos, de 1959, Rosenfeld chama a atenção para as mil e uma interpretações extraliterárias — biográficas, psicanalíticas, médicas, surrealistas, religiosas, existencialistas, histórico-políticas, judaicas, psicossociais — que, até então, vinham sendo feitas no exterior, e dá notícia da urgência de se voltar a crítica para abordagens estéticas, para análises textuais.”
Segundo o tradutor e romancista Marcelo Backes, a recepção da obra de Kafka não foi lenta apenas no Brasil.
Após a morte do autor, em 1924, houve traduções isoladas em várias línguas (em francês, em 1928, e em castelhano, em 1938, por exemplo), mas é só após os anos 1960 que tanto as traduções quanto a fortuna crítica do escritor ganham impulso no mundo.
“Mesmo na Alemanha, a cuja literatura o tcheco Franz Kafka pertence, só se passou a estudar de verdade sua obra depois da Segunda Guerra Mundial, talvez com afinco e dedicação apenas na década de 1960.
É óbvio que vários autores e críticos já percebiam sua importância, mas o eco em massa, e mesmo acadêmico, se faria notar apenas mais tarde”, diz Backes, que já verteu para o português livros como A metamorfose e Carta ao pai.
No Brasil, é consenso, a obra de Kafka ganha maior dimensão e impacto a partir das traduções e estudos de Modesto Carone, realizadas, em sua maioria, nos anos 1980. O salto se dá não apenas por conta da habilidade e conhecimento do tradutor, mas em grande parte, também, porque Carone verte as obras diretamente da língua original, o alemão, o que até então não acontecia.
“A objetividade seca e a precisão límpida do léxico cartorial, dentro dos limites de qualquer processo tradutório, foram resgatadas por Carone, que também é advogado. Kafka trabalhava em uma companhia de seguros, ocupando-se com a elaboração de relatórios ligados a sinistros.
Modesto Carone não apenas conhece profundamente o idioma alemão e a obra de Kafka como também domina o dito jargão e é ele mesmo escritor reconhecido”, explica Celeste Ribeiro de Sousa, que foi aluna de Carone no final dos anos 1960.
Influência
É famosa a frase de Carlos Drummond de Andrade sobre a onda kafkiana que abateu a cena literária brasileira: “Franz Kafka, escritor tcheco, imitador de certos escritores brasileiros”. Ironia à parte, nem mesmo o poeta escapou da poderosa influência do autor de O processo. Drummond publicou pelo menos dois poemas em que o impacto de Kafka é evidente: “K” e “Áporo”.
Entre os incontáveis trabalhos acadêmicos sobre o tcheco em nossas universidades, alguns relacionam Kafka a dois autores nacionais: Murilo Rubião e Clarice Lispector.
O primeiro pela ocorrência do fantástico em seus contos (K. no Brasil: Kafka, Murilo Rubião e Aníbal Machado, tese de Manuela Ribeiro Barbosa — UFMG ); já Clarice aparece como uma kafkiana pelos textos com alta voltagem de angustia e opressão (Clarice Lispector e Franz Kafka: trilhas e vislumbres, tese de Marcia Regina Cândido Otto Adam — UFSC).
Mas por conta da grande originalidade de sua obra, Kafka é um autor difícil de emular e sua influência em outros escritores — ou geração — seja menos perceptível.
“Todos os que lemos Kafka fomos e continuamos a ser impactados por ele. Não diria que é a experiência de uma geração específica. Kafka é um autor para todos os tempos. Os elos são sempre um tanto forçados.
O que caracteriza a grande literatura é a singularidade”, diz José Castello, que não vê conexões entre as obras de Kafka e Clarice. “A simples tendência à introspecção não traça, a meu ver, nenhum elo entre os dois autores.”
Mais evidente é a presença de Kafka — e sua obra, por consequência — como personagem na literatura brasileira. Os exemplos são vários. Moacyr Scliar escreveu Os leopardos de Kafka, romance de nuances históricas sobre um revolucionário russo que encontra Kafka de modo acidental em 1916, na eminência da Revolução Bolchevique.
Em A copista de Kafka, o paranaense Wilson Bueno transformou em ficção a relação entre Kafka e sua noiva, Felice Bauer. Jair Ferreira dos Santos escreveu um livro de contos chamado Kafka na cama, título que deriva de uma das histórias de coletânea, “De tarde, Kafka, na cama”, uma narrativa sobre relacionamentos.
Já o baiano Mayrant Gallo mergulha no universo do autor de A metamorfose para contar a história de um homem que, ao se deparar com um inédito de Kafka, sofre com acontecimentos inexplicáveis.
Para a professora Celeste Ribeiro Sousa, da USP, essas publicações são exemplos da atualidade da obra de Kafka.
“Os medos, as angústias, a ansiedade, o estranhamento, o vácuo, a falta de sentido existencial — tormentos do homem hodierno — estão presentes e configurados nos textos de Kafka. O modo ‘realista’ como essa ‘atualidade’ está registrada também permanece muito moderna.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
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