Publicação sobre o estouro do reservatório na Vila Barão
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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"A velha Fazenda do Barão de Mogi-Mirim (hoje vila Barão), era cortada por um leito abandonado da Estrada da Sorocabana, em quase toda a sua extensão e que foi substituído por um novo traçado que permanece até hoje.
Abaixo da sede da fazenda, existia um açude cuja água era bombeada por um motor elétrico para as caixas destinadas não só ao abastecimento da sede, como também para encher os também destinados aos bebedouros do gado.
Este pequeno açude tinha por barragem o velho leito da Estrada de Ferro, sendo que os boeiros de escoamentos haviam sido fechados com paus de eucalipto, cuja duração dentro da água é permanente.
Resolvi mudar o sistema de elevação da água, trocando o sistema elétrico por um "ariete" (burrinho que funciona coma própria força da queda da água, sem gastos de qualquer espécie e automaticamente) que dá conta do recado, além do baixo custo de instalação. Não requer instalações especiais podendo trabalhar até no relento.
Para alterar o sistema, eu precisava secar o açude e se assim resolvi, assim o fiz, e dei mãos à obra de "secar" o velho açude. Para isso determinei ao pessoal que fizesse uma profunda vala do lado do açude, no aterro que servia de barragem, para se conseguir a retirada dos paus que tapavam a saída do boeiro.
Quando a vala estava já com mais de 3 metros de profundidade ela rachou de ruir (desbarrancar), enterrando o Roque, meu fiel amigo e sevridor (filho do velho Eliseu, nosso capataz), que ficou totalmente enterrado em lama e água suja.
Para tirá-lo vivo, não foi tarefa fácil, mas consegui salvar o Roque, que estava mais sugo que um tatu, com lama até pelos olhos, desacordado, mas vivo. Um pouco de repouso e dois dias depois lá estavamos de novo tentando secar o malfadado açude.
O método empregado agora era outro, mais "botocudo", na força e na raça, e com longa vara, iniciamos a perfuração na direção do boeiro, e lá para o fim da tarde a água começou a fluir pelo buraco improvisado, só que não esperava é que ela levasse tudo de roldão, rebentando o velho aterro da ferrovia (abandonado), deixando um enorme buraco de mais de 30 metros de extensão, e o aterro foi simplesmente levado na direçãoi da várzea do Trujillo, terminando por fazer um aterro hidráulico acabando com as taboas (fornecedoras de excelente paina para travesseiros - melhor que os atuais de espuma de látex). Este serviço foi gratuito, nada custando aos donos da várzea.
Para compensar, resolvi construir outro açude, este de muito maiores proporções, aproveitando um bom córrego e um aterro maior da estrada de ferro, também abandonado.
Pelo projeto do loteamento eu havia previsto uma grande área destinada ao lazer, onde, além de um lago de boas proporções, se construíssem brinquedos para as crianças e se plantassem árvores de várias espécies, principalmente as nativas da região, considerando na planta como "área reservada".
Foi providenciado o fechamento dos boeiros que davam escoamento às águas do córrego existente e começou ele a ficar cheio, tornando-se um belo lado. Só que, não se providenciou um escoamento no case de grande enchente ou enxurrada, e no fraco leito da estrada (aterro) não teria capacidade de resistir a um impacto destes.
Isto segundo me consta aconteceu de fato, levando tudo de roldão, inclusive barrados de posseiros, favelados, que não sei que fim tiveram os coitados inocentes, que confiavam na segurança (precária) do aterro.
Não posso imaginar qual será o estado atual do velho açude, tão bonito, mas que teve um triste fim, o que não era do meu intuito quando o criei. Quanto ao bosque e brinquedos para as crianças, nada disso lá existe, a ser o abandono e desolação, tendo por um marco uma grande crátera, talvez com mais de 100 metros de extensão.
Só que o aterro deste lado não veio para a várzea do Trujillo, foi para o outro lado e não me consta que tenha beneficiado alguém. Refazer o lago não será tarefa impossível com os recursos hoje disponíveis se a minha esperança é que um dia isso venha acontecer.
Qualquer dia desses eu pretendo visitas esses locais que me trazem gratas recordações de um passado de 50 anos atrás, mas se encontra vivo em minha memória."Publicado pelo Jornal Cruzeiro do Sul em 22/06/1986
Vila Barão. Tancão / Reservatório Data: 01/01/1978 Créditos/Fonte: Douglas Gomes / Lembranças Sorocabanas Jardim Nova Esperança (dg) (central parque)
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.