Era o dia 9 de fevereiro quando se entabolou o famoso tratado d´armistício com a presidência da província, com quem os revoltosos por meio de seu chefe, o senhor brigadeiro Tobias de Aguiar, tratam de potência a potência, d´igual a igual.
1 de janeiro de de 1879, quarta-feira (Há 146 anos)
As condições impostas pelo senhor brigadeiro Tobias em nome do partido foram as seguintes:
1° - Não consentir o presidente no desembarque de tropa alguma nos portos da província, exceto as que fossem destinadas para o Rio Negro, e por Paranaguá somente.
2° - Conservar todos os empregados existentes, exceto aqueles que desobedecem formalmente.
3° - Demitir imediatamente o comandante da guarnição da capital, escolhendo outro oficial da confiança dos paulistas.
4° - Não adiar em hipótese alguma á Assembléia Provincial.
5° - Comprometer-se o presidente a procurar com eficácia a remoção para fora da província do indivíduo que ocupada a vara de juiz do cível.
Fosse o desejo de acalmar os ânimos, fosse a imperiosa necessidade de achar uma tangente por onde pudesse o presidente sair do estado aflitivo em que se achava, fosse finalmente a necessidade de contemporizar por momentos, para melhor preparar-se e poder resistir com vantagem á torrente revolucionária, que cada vez se tornava mais ameaçadora, o Barão de Monte Alegre, presidente da província, aceitou, e obrigou-se a cumprir as condições impostas pelos revoltosos.
N´esses tempos de atraso, eram difíceis as comunicações com a Côrte, as quais se faziam por meio de dois vapores da carreira, e com grandes intervalos; entretanto era tal a atividade e o amor ao partido do prestante paulista e distinto chefe do partido liberal d´esta cidade o senhor comendador Antonio Martins dos Santos da saudosa memória, que á chegada de qualquer vapor procedente da Côrte, expedia ele imediatamente um estafeta que caminhando dia e noite, chegava sempre a Capital muitas horas antes do correio, conduzindo os jornais da côrte, as cartas reservadas que não podiam ser confiadas ao correio, e as mais minuciosas informações dos atos e tendências do ministério.
No dia 10 de fevereiro, de manhã, foram os liberais informados de que a comissão fora repelida pelo governo, com fútil pretexto de ser a representação concebida em uma linguagem descomposta, e em termos desabridos!
A indignação subiu ao ponto, em presença d´esse novo desatino, que vinha aumentar os motivos de queixa dos paulistas e de todo o Império, contra aquele ominoso ministério.
Linguagem descomposta!
Ha porventura na representação que o público conhece, um pensamento, uma frase sequer de desrespeito a augusta pessoa de S. M. o Imperador a quem era dirigida?
Queria porventura o governo, que a Assembléia Provincial de São Paulo, humilhando-se fizesse ainda o panegirico d´esse gabinete que ela se propunha á arguir de traição ao país e ao Monarca?!
Pretendiam os régulos, que oprimiam o país por uma série não interrompida de desatinos e de crimes, que as vítimas usassem de uma linguagem submissa e aviltante em relação aos seus verdugos?!
O comportamento do ministério de 24 de março com a deputação paulista, que tinha á sua frente um dos mais conspícuos e importantes senadores do Império, o senhor Nicolau Pereira Campos Vergueiro [Páginas 75, 76, 77 e 78]
Retirada do brigadeiro Tobias e Conferencias na cidade de Itú sobre os distúrbios havidos em Sorocaba
A chegada do brigadeiro Tobias á cidade de Itú inesperadamente, e quando os ânimos se achavam ainda debaixo da pressão da centelha elétrica que tinha percorrido a província inteira, produziu um verdadeiro calafrio. [Página 81]
Entre os cidadãos ali reunidos acha-vam-se o tenente-coronel José Joaquim de Lacerda, e o ourives Francisco Cam-polim. Lacerda e Campolim, eram dois dos mais affeiçoados amigos do briga-deiro Tobias, e o primeiro até associado em negocio de tropas da provincia doRio Grande do Sal, e do. Estado Orien-tal, para esta provinda e outros pontos do Império.
Campolim outro amigo pessoal do brigadeiro Tobias, e admirador cias eminentes qualidades que adornavam aquel-le distincto chefe de partido, foram os que n´essa occasião usaram da mais ener-gica e violenta linguagem, para demo-verem o brigadeiro Tobias da idéa de abandonar o movimento que elle repu-x X tava estragado e perdido.
Compromettida assim, tão inesperada-mente aquella importante localidade, onde o brigadeiro Tobias tinha a maior parte de seus parentes e numerosos ami-gos, Lacerda no calor da discussão ousou declarar ao chefe liberal, que o seu com-portamento retirando-se do theatro dos acontecimentos, quando elles assumiam o seu caracter mais grave, seria por mui-tos interpretado por uma verdadeira traição ; accrescentando ainda com a o / maior imprudência Francisco Campolim, as seguintes palavras:
"E não sei se a vida de V. Exca. ficará em muita segurança, depois d´este fato!"
Tobias de Aguiar, homem de um gênio e caráter violento, recebeu aquelas audaciosas proposições, com toda a calma; e depois de alguns momentos de reflexão respondeu:
"Se o que os amigos querem, é o concurso dos meus esforços, e o comprometimento da minha pessoa, não recuarei, e estou pronto á acompanhal-os entregando-me de bom grado á sorte que couber a todos!" Registros mencionados
• 9 de fevereiro de 1842, quarta-feira Exigências Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.