Impostor de si mesmo: o fatídico dia em que Raul Seixas foi preso em Caieiras
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Na Grande São Paulo, mais especificamente na cidade de Caieiras, em 1982, um show de Raul Seixas prometia alegrar a noite dos fãs do cantor. No entanto, para uma plateia de mais de 300 pessoas, o Maluco Beleza não parecia ser quem dizia ser: os admiradores acreditavam que estavam diante de um impostor.
Imediatamente, pessoas começaram a jogar garrafas e latinhas de cerveja na direção do artista, que confessou muita surpresa em reportagem feita na época pela TV Globo: “Começaram a tacar coisas em mim, e comecei a ficar nervoso. Acho que foi um boato, que não era eu que tava cantando.”.
A situação ficou tão desfavorável ao cantor — que em toda música era vaiado e sofria ameaças de pessoas inconformadas com o “impostor” — que precisou se dirigir até o seu camarim e abandonar a apresentação.
A prisão
A casa de um inspetor de polícia era próxima ao local que estava ocorrendo a apresentação. De imediato, fãs decidiram ir até a residência para pedir uma ação do policial. Vendo a comoção das pessoas, e movido pela vontade de se afirmar com a população, mandou autoridades prenderem o artista. Em seguida, se dirigiu até a delegacia onde Raul tinha sido levado.
Afirmando conhecer o verdadeiro Seixas, o delegado pediu os documentos do suposto impostor antes de encontrá-lo. Raul não estava levando nenhum comprovante de identidade consigo, e começou a receber agressões a cada resposta que dava.
Assim que o homem viu Seixas já afirmou que não era ele, e puxou a barba do “sósia” para ver se era verdadeira. Em uma tentativa de descaracterizar a imagem eternizada do artista, tirou os óculos do rapaz e começou com agressões, deixando marcas em seus braços e no olho.
O que fazer com um suposto sósia de um cantor famoso? Óbvio, obrigá-lo a cantar para que prove a sua identidade, e foi isso que os policiais fizeram. Além disso, talvez o teste mais esdrúxulo ao que Raul foi submetido certamente foi quando perguntaram onde que Chacrinha tinha nascido — como se fosse uma obrigação específica de Seixas saber de um fato tão específico.
O homem só conseguiu sua liberação depois de insistir muito para que conseguisse uma ligação para sua mulher, Ângela, depois de duas horas sendo maltratado. A esposa se apresentou com os documentos do marido, todos comprovando que, de fato, era RaulSeixas.
A coletiva
Em uma pequena coletiva, Raul e Ângela decidiram esclarecer o caso de uma vez por todas. O cantor revelou que os próprios promotores do show em Caieiras influenciaram o público para que não achassem que ele era o verdadeiro cantor. Supostamente, isso teria sido feito para que não pagassem o cachê de Seixas.
Apesar de não viver o melhor momento na vida pessoal e nem na carreira, abusando das drogas e do álcool, a emissão de um cheque sem fundos para o pagamento do show fortaleciam a versão da vítima. Os organizadores e o prefeito da cidade foram processados por danos causados ao cantor.
Raul Seixas após a prisão Data: 01/01/1982 Créditos/Fonte: Youtube / Katlheen Skeet 01/01/1982
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.