“os pobres padecem porque não há língua que os entenda”
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Esse senso de conveniência, quanto à língua, também não faltou no pragmatismoapresador dos colonos paulistas: a escravização deveria preferencialmente ser voltadacontra índios falantes de língua de base tupi ou guarani. Em interessante aportehistoriográfico, John Manuel Monteiro (2005:85) traz notícia da reveladora carta escrita em1680 por Antônio Raposo Barreto, de Taubaté, endereçada a um correspondente comercialno Rio de Janeiro, lamentando a dificuldade no trato de quarenta escravos apresados naSerra da Mantiqueira, salientando que “os pobres padecem porque não há língua que osentenda”. Daí esse Autor afirmar no mesmo trecho: “Por seu lado, os paulistas, jáhabituados à mão-de-obra guarani, enfrentaram grandes obstáculos tanto na tentativa decompreender línguas não tupi, quanto na transformação destes índios em trabalhadoresprodutivos”.