Georg Heinrich von Langsdorff parte de São Paulo com destino a Jundiaí
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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18/10No dia 18 de outubro, partimos de São Paulo para Jundiaí. Faziatempo bom. Deixamos a cidade às 10h da manhã. Poucas horas depois,chegamos ao rio Tietê, num ponto onde ele é bastante caudaloso. Encontramos uma ponte razoavelmente boa, mas que, quando as águasdo rio sobem, deve ser perigosa de se atravessar.Três léguas e meia adiante, chegamos a um grande rancho,construído, com recursos do Governo, para facilitar e promover o comércio. O local se chama Capão das Pombas. Em época de chuvas, éum alívio para os tropeiros e comerciantes de açúcar, que freqüentementepassam por essa estrada a caminho de Santos, encontrarem abrigo aqui.A região é acidentada; o caminho está bom, apesar das chuvas in¬ tensas dos últimos dias. Parece que a água, em um momento, escoasobre o leito pisado e barrento do caminho e é absorvida. Vêem-secapões aqui e ali. A esquerda eleva-se o morro Jaraguá, onde o antigoGovernador Horta tinha uma rica mina de ouro e uma fazenda.Entre as plantações de trigo, encontrei uma nova espécie deConvolvulus e de Conyza. Entre os pássaros, abateu-se uma grande ebela andorinha com colarinho branco; Muscicapa, Picus campestris,Tanagra, Cardinal. Curioso nesse pássaro é que o macho é de cor ver¬melho-púrpura, e a fêmea, bem amarela.Como o tempo hoje estava bom, vimos várias tropas acampadas acéu aberto, na grande estrada. Passamos por bem umas mil mulas, todaslevando açúcar para Santos. Nesta estação, os tropeiros preferem acampar a céu aberto do que em pousadas ou ranchos, por causa da grandedisponibilidade de pastos. Não ficamos no rancho de Capão das Pombas, porque ali faltava milho. Por volta das 4h da tarde, alcançamos umapousada às margens do rio Juquiri, que dizem ser rico em ouro e que,neste ponto, fica a 4½ léguas de São Paulo. Aqui encontramos um abrigo espaçoso numa cabana de palha, onde fomos recebidos amigavelmente por um velho bondoso. Normalmente aqui há aguardente e milho; é disso que vivem os pobres habitantes do local.Os Srs. Rubtsov e Riedel ficaram para trás: o primeiro chegouperto do fim do dia, e o segundo ficou ainda na cidade, de forma queresolvi esperá-lo hoje aqui e sair para conhecer um pouco a região. OSr. Taunay recebeu permissão para permanecer ainda de 8 a 10 dias emSão Paulo: a pedido do Sr. Presidente, ele deveria pintar o retrato doImperador, em tamanho natural, para o Governo.Ontem à noite, fomos alertados para ver um grande cometa que,diziam, estava visível já há cerca de três semanas. Como não conhecía-mos a nossa posição, pois, nos últimos dias, por causa das chuvas, nãopudemos fazer observações, tivemos que nos contentar em apreciar ofenômeno com o pensamento e a visão de um observador comum.O Picus campestris é conhecido aqui pelo nome de pico-chanchã2.Ele vive sempre em bandos; quando vê uma pessoa se aproximar, gritamuito e alto. Os habitantes daqui fazem seus bebês comerem da carnedesses pássaros, tão logo comecem a falar, pois acreditam que assim elesaprendem a falar mais cedo. Os pássaros Procnias do gênero Novus Inquiréfazem seus ninhos em árvores altas, com brotos de plantas e musgos.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.