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   4 de setembro de 1934, terça-feira
A chegada a São Paulo
      Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

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A chegada a São Paulo (do livro "A botada dos padres fóra")Prosseguia a caminhada da caravana vinda de Santos, com menos dificuldades agora, dado que o caminho do Padre José já se fazia no planalto. A vila de São Paulo era informada diariamente dos passos da comitiva. Sabia-se onde estava, quantos eram os seus componentes, quando devia chegar.

A cada notícia corriam os boateiros a divulga-la, exagerando como é do ofício a significação dos fatos, o que contribuía para aumentar a inquietação geral. Inutilmente os homens mais prudentes recomendavam calma, lembrando a disposição em que estava a Câmara, no sentido de resolver a pendência como melhor fosse ao povo. A necessidade de uma violência a quase todos dominava.

- É um desaforo! - dizia um dos mais ardegos jovens de São Paulo, - Estes padres volta e meia a nos aborrecer com seus papéis e suas falas! Nativo é lá com eles, para sua fazenda e o seu regalo! Nós aqui, que morramos de fome! Raios os partam! - blasfemou.

- É isso mesmo! - aplaudia outro. - Abramos-lhes as portas, que eles deitarão arrogâncias para ai e, levantando os aldeados de São Miguel e Pinheiros, nos porão a todos agrilhoados! Defendamo-nos, parente! Vá de tocar a rebate, que senão já se vai tudo por água abaixo...

Era na rua de Martim Afonso que conversavam, sob os largos beirais de uma casa de venda de coisas de comer, embuçado casa qual na capa de baêta que espancava a frialdade da hora. Botas altas, chapéus de feltro grosso emplumado, calções (ilegível) de algodão, entraram . Pediram vinho. E o negociante, servindo-os, foi se queixando das dificuldades:

- É uma candonga conserva-lo, "porque, em madeira fura-lhe a boca logo, e talhas de barro não nas ha..." Os freguezes não puderam entabolar a palestra que se lhes entorreirava, porque entrou alguém pela casa a dentro, com grande espanto.

- Que é lá, homem? Donde vem com tamanha furia?

O recém-chegado, ofegante, sentou-se num banco de três pernas que havia para um lado e, contendo a custo as respirações explicou:

- Os padres estão chegando! Devem estar nas alturas de Tabatinguera.

Os dois paulistas entreolharam-se, sorveram dum trago o copo de vinho que lhes estava á mão e sairam apressados, enquanto o terceiro ficava a descansar, sorvendo também o seu trago. Na rua, que era um lençol de neblina, assuntaram:

- Que fazer?
- Tocae os sinos a rebate!
- Feito!

E rumaram, para o Carmo, outro para São Francisco. Dai a pouco, a vila inteira estava alarmada. Todos os homens validos deixavam seus misteres e vinham para a praça a saber de que se tratava. Verificado que eram os padres Macetta e Mansilla e Costa Barros, o visitador indesejável, concertou-se tacitamente a recepção, no páteo do Colégio, aonde naturalmente esperavam eles por termo á sua caminhada dolorosa.

Para lá foram todos, capas lançadas ao ombro, batendo rijos os (ilegível) das botas de couro crú, que deixavam rastros cavados enlameadas ruelas da aldeia.

Anoitecia, quando apontou a comitiva na estrada. Os mais afoitos, foram-lhe ao encontro, tendo-se-lhes na catadura a ira de que estavam possuídos. Mas foram cautos. Como a escolta vinha municiada ,não convinha ameaça-la tão logo. Juntaram-se para aproximarem. Sorriu-lhes a idéia de que talvez fosse de paz aqueles enviados. E dispuseram-se a caminhar.

Á medida que á vista dos padres avultava aquele (ilegível) de chapéus no largo do Colégio, caia em seus ouvidos o éco de um "zangarcio", como de colmeia em ação.

- Serão reclamações? - indagou, curioso, Costa Barros.
- No lo sé! - respondeu Macetta. - Los paulistas não são hombles de aclamaniones...
- Son unos desalmados! - atalhou outro.

E quando puderam apurar as ouças, era tarde. O povo estava amotinado, imprecando-os em tão altos brados que os (ilegível) pávidos de espanto.
- Qué haremos? - balbuciou padre Macetta, tremendo e coxeando.
- Retroceder, não! - disse o outro. - Que seja tudo pelo amor de Deus!...

E prosseguiram cabisbaixos, enquanto percebiam nítidas as vozes:

- Ladrões!
- Falsários!
- São inimigos!
- É preciso botá-los fora!
- Vamos, paulistas!

No largo do Colégio, caíram-lhe sobre a pele, aos (ilegível) e cacholetas, gritando-lhes no rosto os maiores desaforos arremangados em demonstrações de força, num ranger de dentes que era deveras de atemorizar. Padres Macetta e Mansilla desandaram a correr, enquanto Costa Barros com a escolta se (ilegível).

Á porta da igreja que olha para o patero, qual não foi o espanto dos padres, ao verem o pedado madeiro mal lavrado a lhes barrar o ingresso. Baldadamente fizeram-no soar os nós dos dedos enquantos os populares lhes apertavam o cerco, protegidos agora pelos formidáveis muros do templo e cada vez mais violentos.

- Não pode! Não pode! - gritavam vozes (ilegível) aqui e ali.
- Não abram! Não abram, que não queremos desrespeitar a igreja!

Ao alarido acudira o reitor, as mãos alçadas, o gesto contra feito, pálido e nervoso, a exclamar:

- Que é isso, gentes? Calma, calma meus filhos!
- São esyes inimigos, que nos vêm aqui á nossa casa! Não nos recebaes, padre reitor!
- Mas, como?
- Como, não? São uns falsários...
- Ladrões! - aparteou outro. - Não os deixaremos entrar.
- Por caridade... - suplicara o reitor, mas inutilmente.

Não houve como refrear os revoltados, que teriam posto em (ilegível) os viajores, se não fosse a prudência de alguém que, aproveitando-se de um momento azado, fez com que os dois jesuítas se evadissem para a casa de Manoel Fernandes Sardinha, amigo que era dos padres do Colégio, pondo-os a coberto de imediado perigo de vida.


Relacionamentos

Manoel Fernandes Sardinha (1617-1633)
  Familiares (10)
Tabatinguera
São Paulo/SP
  Registros (3931)

O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.

Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?



Quantos ou quais eventos são necessários para uma História?
Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.


Mary Del Priori, historiadora:

Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.

Lia Calabre, historiadora:

A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]

Quantos registros?

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:

- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).

- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.

- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.

- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.

- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.

- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.

Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.

Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.

Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.


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