Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em História. Área de Concentração: História Social Orientadora: Profa. Dra. Nanci Leonzo - 01/01/2012
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Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em História. Área de Concentração: História Social Orientadora: Profa. Dra. Nanci Leonzo
2012 Atualizado em 09/12/2025 03:17:39
soube aproveitar disputas internas entre essas facções e conseguiu controlar a região, rica emprata. Com o intuito de frear as intenções de conquistadores se autoproclamarem reisdesvinculados de Castela, realizou-se o controle jurídico da região por meio da criação doConselho das Índias em 1524. Com a ajuda de caciques locais, estabeleceu-se a exploração dotrabalho indígena nas minas de Potosí.95 Dada a importância que se dava a metais preciosos à época, pode-se inferir que haviaesperança e interesse na descoberta de metais preciosos na região da Capitania de São Vicente,pelo que ocorreu na América Espanhola. Porém, era necessário ter pessoas portadoras deconhecimentos mineralógicos. Considerando o número de habitantes na Capitania no século XVI,é relevante a quantidade de pessoas hábeis nesses ofícios, a começar pelos próprios jesuítas.Quando estes iniciaram suas atividades evangelizadoras, o ensino de atividades de ferreiro - naépoca inserida na categoria de ofícios mecânicos – foi uma das formas pelas quais se atraía aatenção dos indígenas. Taunay,96 a partir da documentação da São Paulo quinhentista, registrouque o irmão Diogo Jacome, e, em especial, o irmão Mateus Nogueira, transmitiram essas técnicasaos indígenas, que se encantaram com os objetos produzidos. No entanto, ordenou-se a proibiçãoimediata da transmissão desse conhecimento, porque poderiam abandonar suas armas simples,substituindo-as por armas de ferro, o que não era interessante em termos de defesa da vila.
Em 19 de junho de 1578 intimou-se o único ferreiro da vila de São Paulo, para que, sob pena de dez cruzados, abstivesse de ensinar o seu ofício de ferreiro aos indígenas, “porque seria grande prejuízo da terra”. Em 1583 ainda persistia essa preocupação. O procurador Gonçalo Madeira apresentou denúncia na sessão de 14 de setembro de 1583 de que Manuel Fernandes,homem branco, antigo morador de São Paulo, estava no sertão com uma forja com os gentios, devendo ser castigado. Porém, a denúncia era infundada, porque o martelo e a bigorna estavam na casas dele e os foles estavam com seu cunhado, Gaspar Fernandes.97 No mesmo sentido, em 16 de agosto de 1586 o procurador Francisco Sanches soube que Domingos Fernandes forjava no sertão. Os demais vereadores o teriam tranquilizado, alegando que “os Fernandes” eram os primeiros ferreiros de São Paulo e que este havia partido para a selva em companhia do governador Jerônimo Leitão, razão pela qual nada se poderia fazer. [Página 40]
Afonso Sardinha foi personagem central desse primeiro estágio de mineração. Na opiniãode Taunay,101 ele teria sido o homem mais rico de sua época. A partir da análise de seutestamento elaborado em 1592, ele importava lãs de Buenos Aires, por meio de seucorrespondente Antonio Rodrigues de Barros. Vendia índios para o Rio da Prata e, por meio de seu sobrinho Gregório Francisco, trazia escravos da Costa da Mina. Importava do Rio da Prata rendas, papel, medicamentos e facas fabricadas na Alemanha. Também emprestava dinheiro a pessoas de São Paulo, Santos, São Vicente e Rio de Janeiro e alugava imóveis em São Paulo.
Teria sido proprietário de uma fazenda chamada Ubatatã [Butantã], a qual corresponde atualmente ao Instituto Butantã, da USP. Foi vereador em São Paulo em 1572 e juiz ordinário em 1590. Em 1592, assumiu o comando das forças da vila ante o ataque dos indígenas, ocasião em que celebrou testamento antes de partir para a guerra.
No ano seguinte, na companhia de seu sócio João do Prado, partiu em entrada na procura de ouro e planejou a escravização de índios junto com mais de cem índios cristianizados.102 Muito provavelmente seu filho homônimo, mameluco, realizou pesquisas mineralógicas em direção a oeste em companhia do ferreiro Clemente Álvares, que, em 1597, que, inclusive mandou buscar em São Paulo a sua tenda de ferreiro. Por esse trabalho, encontraram ouro no Pico do Jaraguá e diversos metais na região de Parnaíba [Santana de Parnaíba], onde se localiza a então chamada Voturuna 103. Prosseguindo em direção oeste, encontraram o morro Biraçoiaba, onde hoje é o município de Araçoiaba da Serra, próximo a Sorocaba. Entre o Pico do Jaraguá e o morro Biraçoiaba pode-se imaginar uma linha reta, cujos pontos passam pelos municípios de Santana de Parnaíba e Araçariguama e pelo bairro de Pirapetingui (Bairro da cidade de Itu deslocado da cidade, próximo a Sorocaba).
A documentação da Câmara de São Paulo registra também a fabricação de ferro na região sul da atual cidade de São Paulo. No entanto, os relatos divergem sobre o número de fábricas instaladas: uma ou duas. Consta que em 1600 foi construído um engenho de ferro na região do Ibirapuera, o qual teve como sócios D. Francisco de Sousa e Afonso Sardinha, cuja escritura de sociedade foi lavrada pelo tabelião Simão Borges de Cerqueira. O segundo engenho estariasupostamente instalado às margens do Rio Jurubatuba (atual Rio Pinheiros), nas proximidades doatual bairro de Santo Amaro. Essa dúvida é pertinente porque em 15 de agosto de 1606 a Câmarade São Paulo sabia que Diogo de Quadros resolveu abandonar os dois engenhos que construiupara capturar índios.
Eschwege, ao iniciar o capítulo sobre a história antiga do ferro no Brasil,colocou a existência de:
“(...) uma pequena fábrica de ferro, com forno de refino, situada na freguesia de Santo Amaro, à beira de umpequeno ribeirão, afluente do Rio Pinheiros, que é navegável, a uma distância de 2 léguas SE de São Paulo. Nasruínas dessa pequena fábrica ainda se podem ver a vala da roda, o lugar da oficina, os restos de um açude, assimcomo um monte de pesada escória de ferro”.105
Calógeras, por sua vez, ao comentar essa passagem, disse que Eschwege havia dado um infundado parecer.106 Enquanto não há qualquer vestígio dos engenhos do Ibirapuera, até mesmo pela sua localização, cujo terreno sofreu fortes transformações urbanas, somado ao fato de que esses engenhos tiveram pequena duração.
Já ao lado do morro Biraçoiaba, onde se encontrou ferro, também se instalou umapequena fábrica de ferro ao final do século XVI, sobre cuja data divergem todos os autores.Nesse local, que até pouco tempo atrás era local isolado e de difícil acesso, Afonso Sardinha –tanto o pai como o filho - teriam construído dois fornos, cuja localização se desconhecia. Por issoque Mario Neme chegou a levantar a tese de que as ruínas de Afonso Sardinha seriam umagrande ilusão, uma lenda. Como já mencionado na introdução deste trabalho, na década de 1980,a professora Margarida Davina Andreatta encontrou os dois fornos construídos à época.Anicleide Zequini, com base nos estudos arqueológicos realizados por Margarida Davina105 ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig von. Pluto Brasiliensis. v.. 2; trad de Domício de Figueiredo Murta. BeloHorizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1979, p. 201.106 CALÓGERAS, João Pandiá. As minas do Brasil e sua legislação. v. 2. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1905,p. 8. [Página 43]
Andreatta, concluiu que eram fornos biscainhos.107 Esses fornos tornaram-se famosos, porque sãoconsiderados como os verdadeiros precursores da siderurgia brasileira, ou ainda, a primeirafábrica de ferro do Brasil, por terem sido construídos em 1599 e a documentação da Câmara deSão Paulo registrar a escritura de compra e venda dos fornos do Ibirapuera como ocorrida em1600, isto é, após os fornos de Biraçoiaba. Dom Francisco de Sousa foi duas vezes Governador-Geral do Brasil. Enquanto esteve nacorte de D. Felipe II, teve contato com Gabriel Soares de Sousa, que foi senhor de engenho naBahia e que acreditava na lenda do Sol e da Terra, mencionada pelos tupiniquins junto ao RioSão Francisco. Conseguiu autorização para voltar ao Brasil e realizar expedições pelo sertão.
Enquanto isso, enviara Diogo Gonçalves Laço para ser Administrador das Minas e Capitão daVila de São Paulo. Com D. Francisco de Sousa vieram os mineiros Gaspar Gomes Moalho eMiguel Pinheiro Zurara e o fundidor Domingos Rodrigues. Estes foram enviados a São Paulocom ordens para receber todo o dinheiro necessário do almoxarifado de Santos para a atividade mineira. Em 1599, D. Francisco de Sousa teria vindo a São Paulo, indo diretamente às minas de ferro de Biraçoiaba. Também ordenou que uma expedição fosse em direção ao Peru atrás de ouro, mas nada teria sido encontrado. Retornou à metrópole, mas voltou ao Brasil como Marquês das Minas. Todavia, nada se encontrou por aqui, a não ser a mina de Biraçoiaba.108 Afonso Sardinha,com a vinda de D. Francisco de Sousa, teria doado um dos engenhos construídos ao rei, para queeste último o administrasse em seu nome. Também nessa mesma época ergueu-se pelourinho naregião, o qual, posteriormente, deu origem à vila de Sorocaba.109
Ademais, Geraldo Beting chegou a São Paulo em 1609, trazido do reino por D. Franciscode Sousa para a construção de engenhos de ferro na Capitania. Cornélio de Arzão nasceu emFlandres e veio em 1609 com D. Francisco de Sousa para a construção de engenhos de ferro naCapitania. Ele teria introduzido em 1613 o plantio de trigo em São Paulo com um moinho noAnhangabaú e em 1610 teria erguido a matriz de São Paulo. Em 1628, foi perseguido pelaInquisição, por ser protestante, permanecendo preso por dois anos e seus bens confiscados.107 ZEQUINI, Anicleide. Arqueologia de uma fábrica de ferro: morro de Araçoiaba, séculos XVI-XVIII. 2006.Tese (Doutorado em Arqueologia). Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. São Paulo.108 FRANCO, Francisco de Assis Carvalho. Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil. Século XVI,XVII, XVIII. Belo Horizonte: Itaiaia; São Paulo: Editora da USP, 1989. p. 44-71-399-402.109 BACELAR, Carlos de Almeida Prado. Viver e Sobreviver em uma Vila Colonial. Sorocaba, Séculos XVIII eXIX. São Paulo: Annablume, FAPESP, 2001, p.21. [Página 44]
oposição e intriga, se dediquem somente a beneficiar o Estado, fazendo que solidamente se estabeleça uma fábrica,que deve fazer a riqueza do país”.Também no mesmo sentido o Aviso de 5 de abril de 1811, em que se ordenou aelaboração de escrituração para não desperdiçar recursos na construção da fábrica, a fim de queos acionistas não se sentissem prejudicados, já que entraram como tais apenas por honra e nãopor vontade. Em especial:“dá também muito cuidado a S.A.R. a necessidade que há, de evitar intrigas na junta que possam desgostar o diretorHedberg; e posto que o mesmo Augusto Senhor conheça as pessoas hábeis, que formam a junta segundo as suas reaisordens, contudo S.A.R. tem os olhos abertos sobre o hábil oficial Varnhagen e sobre Danckwardt, e ordena a V.S.que assim o faça sentir na junta, para que se evite toda a qualidade de intriga que possa impedir as grandes vistas dohábil diretor Hedberg, que pode fazer a felicidade de tão útil estabelecimento, e conseguintemente do Brasil e dosAcionistas”. 187Arouche respondeu ao Governador Horta os tópicos da Carta Régia de 5 de abril de 1811,com o intuito de defender Varnhagen, pois esse gozava de estimação pública e recebia elogiospor seus conhecimentos, caráter e empenho pelo bem do Estado. Argumentou que o Governadorsabia da fonte da intriga – embora não tenha dito quem era o responsável por isso. 188 Os membros da Junta começaram, então, a não aprovar nada do que Hedberg fazia.Reclamaram das obras feitas; que ele usava machados suecos em vez de machados portugueses;que ele tinha medo dos escravos e não os corrigia quando necessário; que os suecos não eramacostumados ao Brasil e desconheciam a realidade local, a qual os portugueses estavam maishabituados. Além disso, que Hedberg fazia de seu carpinteiro o seu oráculo. Também discutiramsobre o açude. Segundo os documentos, houve seca em 1811 e achavam que o diretor não estavaciente do risco de inundação. Hedberg contestou a opinião de Varnhagen, porque achava que aideia dele não era a mais apropriada para a região e que a construção do tanque era a soluçãomenos dispendiosa. Novamente reclamou dos membros da Junta e de Varnhagen189 sustentandoque no contrato dele não havia cláusula que o obrigava a aprender português rapidamente.Quanto às obras feitas, disse que não era obrigado a construir engenho de serras, mas assim o fez para melhor andamento dos trabalhos na fábrica. Queixou-se da inadequação do lugar ondecolocaram a olaria, pois não o deixaram escolher. Afirmou ser inverídica a acusação de queoprimia o povo de Sorocaba e disse ter ficado aborrecido por espalharem o boato de que um dossuecos, Bergman, havia cometido suicídio, quando, na verdade, teria tido morte natural. Seucorpo fora desenterrado e seu caixão cobrado.Nessa mesma carta. Hedberg colocou a necessidade de abertura de boas estradas, tal comofizeram os ingleses, assim como se deveriam usar carros e não bestas individuais para otransporte das cargas. Todavia, assinalou que a abertura de uma estrada era elevada despesa,razão pela qual sustentou que se deveria relevar a exigência de não gastar na construção dafábrica. Hedberg manifestou sua contrariedade com a existência de tenda de bebidas no local,porém a Junta lhe dissera que os escravos tinham o direito de comprar aguardente para recobraras forças. Denunciou, ao final, que havia corrupção no local: foram trocados os bons escravosenviados à Fábrica por outros doentes ou de má conduta, ou não devolviam aqueles que, doentes,já haviam recobrado a saúde.Mais uma vez, na Carta Régia de 12 de julho de 1811, o Príncipe ordenou que seevitassem os ciúmes entre os operários suecos e portugueses e autorizou a abertura dasestradas.190 Novamente, em 28 de agosto de 1811, o Príncipe escreveu ao Marquês deAlegrete,191 ordenando que elogiassem Hedberg pela boa construção do engenho de serras quelevantara para a fábrica. Ordenou novamente que se dessem pequenas datas de terras aos suecos,para que eles se afeiçoassem ao Brasil e desejassem permanecer em definitivo,192 assim como semandou avisar Hedberg e os demais suecos que eles podiam ficar tranquilos quanto à liberdadede exercerem seus cultos, desde que fosse dentro de suas casas. Para resolver o problema dosepultamento e aproveitando a assinatura dos tratados de 1810 com a Inglaterra, ordenou-se quese reservasse um terreno para cemitério de ingleses e suecos, que acabou sendo o primeirocemitério protestante do Brasil. Para tranquilidade dos acionistas, determinou-se a publicaçãosemestral do andamento das obras. Em relação aos empregados, recomendou-se que seprocurasse o bispo da diocese para que se diminuísse o número de dias santos, com o intuito deaumentar o número de dias trabalhados, a ampliação das horas de jornada de trabalho e redução [p. 69, 70]
Taques, ficou na guarda de José Arouche de Toledo Rendon. Com o falecimento deste, sua filhaentregou os manuscritos ao Visconde de São Leopoldo, que os publicou pelo IHGB.498 Outro texto importante elaborado por Pedro Taques – ao lado da História da Capitania deSão Vicente desde a sua fundação por Martim Afonso de Souza em 1531 e a Expulsão dosJesuítas do Collegio de São Paulo - foi a “Informações das minas de São Paulo e dos sertões dasua capitania desde o ano de 1597 até o presente de 1772, com relação cronológica dosadministradores delas”, cuja primeira publicação ocorreu em 1902 pelo IHGB, também editadapela Editora Melhoramentos. Essas duas edições apresentam no início uma carta de AntonioJansen do Paço, chefe da seção de manuscritos da Biblioteca Nacional, endereçada ao BarãoHomem de Mello, em que se explicou a existência, à época, de dois documentos. O primeirodeles estava no IHGB e o segundo, na Biblioteca Nacional. Informou-se que, após análise deambos os textos, o manuscrito da Biblioteca Nacional seria o original limpo ou definitivo,enquanto o do IHGB seria cópia passada a limpo, porém assinada por Pedro Taques em 13 deoutubro de 1772, a qual foi oferecida ao Morgado de Mateus. Ao texto publicado na Revista doIHGB, Taunay já alertou para problemas de transcrição do original por acreditar que a revisãodeste foi bem descuidada. Por isso, a terceira edição foi feita por Taunay em 1953 pela LivrariaMartins499 e republicada em 1980 pela Editora Itatiaia em parceria com a Editora da USP, foielaborada a partir de um terceiro manuscrito pertencente à Brasiliana, de Felix Pacheco, cujaredação seria mais confiável do que as anteriormente feitas. Com efeito, essa terceira edição trazvários trechos não existentes nas anteriores. Ademais, as edições antigas grafam “Informaçõessobre as minas...”, enquanto as mais recentes grafam “Notícias das Minas...”. Pedro Taques descreveu as atividades em Biraçoiaba ao tratar de Afonso Sardinha naNobiliarquia Paulistana. Por ser curto e fundamental, opta-se pela sua transcrição integral:500“E sua mulher D. Maria da silva foi filha de Pedro da Silva, e de sua mulher Luzia Sardinha, a qual foi filha do afamado paulista Affonso Sardinha, primeiro descobridor das minas de ouro em todo o Estado do Brasil em S. Paulo nas serras de Iaguamibaba, que agora se chama Mantaguyra; na de Jaraguá, termo de S. Paulo; na de Vuturuna, termo da vila de Parnahyba; e na de Hybiraçoyaba, termo de Sorocaba.
Este Affonso Sardinha, terceiro avô de Fernando Dias Falcão, fez muitos serviços á sua custa á real coroa, não só com os descobrimentos das minas de ouro já no anno de 1590, mas também quando foi capitão da gente de S. Paulo para reger e governar, de que teve patente datada de 29 de abril de 1592 por Jorge Correa, moço da câmara, capitão-mor governador e ouvidor da capitania de S. Vicente e S. Paulo em qual se vê os muitos e grandes serviços que havia feito a Sua Magestade (câmara de S. Paulo liv. de registro tit. 1583 pag. 26v). Este Affonso Sardinha fez fabricar dois engenhos de ferro em que se fundia excelentemente ferro, e com muita abundância, dos quaes ainda no presente tempo existe no serro de Hybiraçoiaba uma muito grande fábrica (falleceu no tempo do morgado de Matheus, e continuou por pouco tempo).
Em 1606 eraprovedor e administrador d’estas minas Diogo de Quadros por ordem régia, como se vê na câmara de S. Paulo nocaderno de vereações tit. 1606 pag. 18. N’esta mesma serra de minas de ferro descobriu Affonso Sardinha as de ouroe prata; de sorte que, tendo d’isto inteira informação D. Francisco de Sousa, governador e capitão-general do Estadodo Brasil, passou em 1599 da cidade da Bahia por ordem régia para a villa de S. Paulo, onde constituiu capitão aDiogo Gonçalves Laço em julho de 1601; e n’esta provisão se declara que o descobridor fora Affonso Sardinha (câmara de S. Paulo tit. 1600 pag 36).
Porém muito tempo antes havia o mesmo general provido ao dito Laço em capitão das minas de ouro e prata com 500 cruzados de soldo por provisão do 1º de outubro de 1599, como se vê na dita câmara, e dito caderno tit. 1598 pag. 46. e já em 1602 era fallecido o dito capitão Laço, e os 200$ do seu ordenado conferiu o mesmo D. Francisco de Sousa ao neto do dito Laço, que também se chamava Diogo Gonçalves Laço, por provisão datada em S. Paulo a 8 de maio de 1602 (Câmara caderno tit. 1600 pag 44).
Affonso Sardinha contentou-se com a gloria do real serviço, fazendo os descobrimentos dos três metaes, ouro, prata e ferro, tudo á sua custa. Até os engenhos para se fundir o ferro entregou a Sua Magestade. Porém correndo os annos houveram mais engenhos; porque os de el-rei administrava Diogo de Quadros como provedor. E em 1609 ainda existia o dito Quadros com esta administração, como se vê na câmara de S. Paulo no caderno de vereações do anno de 1607 pag 23 e 23 1. d’onde consta que os ditos engenhos foram de Affonso Sardinha, que os dera a Sua Magestade por lhe fazer este serviço etc. em 1629 falleceu em S. Paulo Francisco Lopes Pinto, cavalleiro fidalgo da casa real, professo na ordem de Christo; e no seu testamento declarou que era senhor de um engenho de ferro, cuja metade vendera por preço de três mil cruzados a D. Antonio de Sousa, filho de D. Francisco de Sousa, governador e capitão-general que fora do Estado do Brasil. Porém ao presente tempo não existe mais certeza, que a do sítio onde as pedras de ferro são em grande abundância. E por falta de quem anime o corpo da pobre capitania de S. Paulo (que foi a que deu tantasminas de ouro, e pedras preciosas á real coroa pelos seus nacionaes paulistas, que ainda continuam nos mesmos descobrimentos ao presente) estão muitos haveres debaixo da terra, podendo existir patentes par augmento do real erário, etc”. [Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema, 2012. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em História. Área de Concentração: História Social Orientadora: Profa. Dra. Nanci Leonzo. Páginas 113 e 114]
No início do texto,501 abordou o descobrimento do Brasil, as fundações de São Vicente ede Salvador, a procura por esmeraldas e sua descoberta por Fernão Dias Paes, para,repentinamente, registrar que Ribeiro Dias, da Bahia, tinha ido a Madri oferecer ao Rei D. FelipeI de Portugal mais prata no Brasil do que Bilbao dava ferro em Biscaia. Teria voltado ao Brasilcom o cargo de Administrador das Minas e Provedor da Fazenda Real. Com ele, teria vindo D.Francisco de Sousa, com o título de Marquês das Minas, se as descobertas se concretizassem.Porém, Ribeiro Dias teria tentado desviar D. Francisco de Sousa para localidade diversa, masesse acabou morrendo, mantendo-as ocultas até de seus herdeiros.502Mencionou a descoberta de Afonso Sardinha na região de São Paulo em 1597, entre eles,no morro Biraçoiaba.503 Continuou dizendo que, comunicados esses descobrimentos a D.Francisco de Sousa, teriam sido mobilizadas muitas pessoas para o trabalho na região.Inicialmente D. Francisco de Sousa teria enviado Diogo Gonçalves Laço, com cem mil reis deordenado por ano, para exercer o cargo de Administrador das Minas. Para mineiros, GasparGomes Mualha e Miguel Pinheiro Zurara, com ordenado de duzentos mil réis anuais para cadaqual, e o fundidor Domingos Rois [Rodrigues], com autorização para solicitar dinheiro doalmoxarifado da Fazenda Real da vila de Santos. Esses valores não teriam sido pagos, segundoPedro Taques.
Da Capitania do Espírito Santo, D. Francisco de Sousa teria enviado duzentos índios paratrabalhar nas minas, os quais teriam sido transportados de navio pelo Capitão Diogo AriasD’Aguirre, por conta da Fazenda Real [Nesse trecho, Taques usou o livro do Arquivo da Câmara de São Paulo de 1598 o livro de Registro de Cartas da Provedoria de 1597].
Essas pessoas teriam chegado a São Paulo em 1599, trazendo consigo uma Companhia de Soldados Infantes do Presídio da Bahia, sob o comando de Diogo Lopes de Castro e seus oficiais. Com eles, teriam vindo o mineiro alemão Jacques D’Oalte e o engenheiro alemão Geraldo Betink, ambos com ordenado de duzentos mil réis por ano e o cirurgião José Serrão, com ordenado de duzentos mil réis. Em 23 de maio de 1599, D. Franciscode Sousa teria se dirigido à região de Biraçoiaba, mas antes teria tomado providências para resguardar a capitania dos ataques de piratas e solicitara do Provedor da Fazenda, Pedro Cubas, o envio de carne, pescado, azeite e farinha. Em 2 de agosto de 1599, D. Francisco de Sousa teria ordenado ao Provedor da Fazenda, Braz Cubas, para que cobrassem duzentos mil réis de João e Nicolau Guimarães, ambos fiadores dos flamengos, para a cobertura de despesas incorridas na região.
Em 27 de novembro de 1599 teriam sido remetidos seis contos, cento vinte e nove mil, seiscentos e setenta e oito réis. Após ter examinado as minas, teria ordenado a construção de pelourinho e teria retornado para São Paulo em 11 de fevereiro de 1601 com “muita gente para minerar as terras”. Em São Paulo, teria expedido bando, ordenando o pagamento do quinto dos metais extraídos e sua fundição em barras. Também teria enviado ao sertão a tropa de André Leão, atrás de minas de prata.
Segundo Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777), D. Francisco de Sousa fora substituído em 1602 por Diogo Botelho e teria retornado à Europa no navio dos alemães Erasmo Esquert e Julião Vionat, que tinham construído o engenho de São Jorge da Vila de São Vicente, primeiro engenho de açúcar do Brasil. Em Madri, teria comunicado ao Rei no fim do ano de 1602 o estado das Minas e teria conseguido ser eleito Governador e Administrador das Capitanias de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. D. Francisco de Sousa não teria regressado ao Brasil antes de 1609, já que o Rei havia oferecido o pagamento de passagem e mantimentos durante a viagem a quem viesse com D. Francisco ao Brasil, assim como são de 1609 os Alvarás e Provisões Régias que lhe foram dadas.
Destacou duas vezes a construção do Engenho de Ferro de Nossa Senhora D’Assunção,no sítio de Ebirapocera [Ibirapuera], da outra banda do Rio Jeribatiba [atualmente Rio Pinheiros]. Ter-se-ia constituído sociedade entre Francisco Lopes Pinto Cavalheiro, Fidalgo da Casa Real e professo da Ordem de Cristo e seu cunhado Diogo de Quadros, que em 1606 teria sido provedor e administrador das minas. Este engenho teria funcionado até a morte de Francisco Lopes Pinto em 26 de fevereiro de 1629. Antes, em 11 de agosto de 1609, ter-se-ia vendido metade do Engenho a D. Antonio de Sousa, filho de D. Francisco pelo preço de três mil cruzados.506
Pedro Taques informou que os vereadores de São Paulo, quando da aclamação de D. JoãoIV, solicitaram ao rei pessoalmente, por meio de Luiz da Costa Cabral e Belchior da Borba Gato,o envio de um fidalgo para administrar e mineiros experientes à região, já que acreditavam ter naCapitania outra Potosi. Salvador Correia de Sá teria continuado na busca por metais, mas sem 501 LEME, Pedro Taques de Almeida Paes. (1714-1777) Notícias das Minas de São Paulo e dos Sertões da mesmaCapitania. Introdução e notas de Afonso de E. Taunay. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidadede São Paulo, 1980. 502 Citou História da América Portuguesa, de Rocha Pitta.503 Taques citou o “Arquivo da Câmara de São Paulo. Quadro de Ref. tto. 1600, p. 36v.504 Nesse trecho, Taques usou o livro do Arquivo da Câmara de São Paulo de 1598 o livro de Registro de Cartas daProvedoria de 1597. [Páginas 115 e 116]
Vergueiro582 pretendeu que essa narrativa histórica servisse de lição para aindustrialização do Brasil, já que, em sua concepção de progresso, os acertos vinham com uma série de erros. O início do texto de Vergueiro é curioso, porque seu autor colocou a finalidade da história, afirmando que “sendo a história um ensino prático, em que se apurão as verdades da theoria, e patenteão as difficuldades nella cubertas em hipóteses correntes”.583 Justifica-se essa frase pela intenção de seu autor:
“Não é sem grande desprazer, que vou apresentar o quadro dos grandes obstáculos com que o desleixo criminoso, o interesse, e o dolo descarado, a sugestão artificiosa, e a prevenção muitas vezes desculpável fizerão abortar com desperdiço de avultados cabedaes os primeiros impulsos da fundação da Fábrica de Ferro de S. João do Ypanema”. 584
O próprio Vergueiro dividiu sua narrativa em partes, sendo a primeira delas acerca da história do local; a segunda, a gestão de Hedberg e a última, a de Varnhagen. Na primeira parte, Vergueiro descreveu geograficamente a região de São Paulo. Ao falar do Rio Paraná, que desejava vê-lo navegável, afirmou que, quando isso fosse possível, a Fábrica de Ferro de Ipanema seria lembrada como a “origem de sua grandeza, e prosperidade no aplanamento, que prepara ao nascimento das artes”.585 Para ele, Ipanema já começava a tornar-se benéfica para o Reino e também para a Província pelo fato de que os armazéns militares já estavam recebendo seus produtos e a agricultura adquiria os instrumentos ali fabricados. Isso, a seu ver, era grande conquista, porque a agricultura paulista era prejudicava pela dificuldade de acesso ao mar, a despeito das obras do Conde de Sarzedas e do Gen. Horta.
Quando descreveu o morro Biraçoiaba, disse que se encontrava numa planície e que ali perto estava a Lagoa Dourada, sobre a qual os vizinhos “contão fabulosas visões, como indício de muito ouro”. 586 A fábrica antiga ficava no Rio das Furnas, o qual deságua no Rio Sorocaba.
Todavia, descreveu a montanha como “coberta de espessas matas ou primitivas, que abundão em madeiras de carpintaria, e marcinaria, das quais já se tem notado cento e oito espécies, ou variedades; ou secundárias, que no paiz chamão capoeiras, que por vezes se tem renovado, destruídas pelos agricultores; o que indica fertilidade do terreno”.587 Ao tratar do minério de ferro - magnético – disse que havia minérios soltos em tamanha quantidade que se poderia coletá-los por cem anos sem necessitar tocar nos veios de ferro da montanha.
Ao contar o início das atividades no fim do século XVI, Vergueiro reproduziutextualmente a obra de Pedro Taques na Nobiliarchia Paulistana. Tratou de Domingos FerreiraPereira, o qual, em 1770, obteve alvará régio para o estabelecimento de fábrica na montanha emsociedade com vários sócios, tendo João de Oliveira Figueiredo como mestre. Na tradição, afábrica de Pereira produzia quatro arrobas de ferro por dia, o que era insuficiente para dar lucros.Por essa razão, após seis anos, teria vendido ao Capitão Victoriano José Sentena, o qual tocou afábrica por apenas um ano por falta de alvará régio. A opinião de Vergueiro sobre isso foi aseguinte:“Assim morreu um estabelecimento de tão extensa utilidade, que havia custado tão penosos, e reiterados esforços!...Os agricultores tomarão novamente conta da montanha, e sobre as ruínas da fábrica de ferro se levantou outra deaçúcar, que também não durou muito por causa das novas ordens, que prohibirão o corte das matas”.588 Para Vergueiro, avizinhavam melhores tempos quando descreveu as atividades de 1800.O Capitão-General Antonio Manoel de Mello Castro e Mendonça, por ordem da corte, ordenou aCandido Xavier de Almeida e ao químico João Manso Pereira que examinassem a montanha.Disse apenas que esses escolheram o Rio Ipanema para a construção da nova fábrica. Ao referirse a Martim Francisco, afirmou que este concordava exatamente com João Manso. Em seguida,começou a falar do Capitão Frederico Luiz Guilherme Varnhagen, o qual tinha sido chamado deFigueiró dos Vinhos para reexame do local e elaboração de plano para construção da novafábrica, o qual consistia na construção de dois fornos biscainhos assoprados por trombas d’água,para que pudessem fornecer ferro necessário à construção de dois fornos-altos, uma refinaria eoutros aparelhos, a serem operados por cem escravos. Teria concordado com a construção de umaçude no local onde os seus predecessores já tinham apontado e designou o distrito mineiro da
582 VERGUEIRO, Nicolau Pereira de Campos. Subsídios para a história do Ypanema. Comprehendendo: 1º - Amemória histórica do Senador Vergueiro, impressa página por página pela edição de 1822; 2º - O Appendiceque foi publicado com a mesma memória. 3º - Um additamento a esta segunda edição d’ella, contendo mappase documentos inéditos, etc. Lisboa: Imprensa Nacional, 1858. p. 3-4-5-6-7-8-9-10-12-13-18-20-21—22-33-39-40-55-68-70.583 VERGUEIRO, Nicolau Pereira de Campos. 2ª ed. Idem. p. 3.584 VERGUEIRO, Nicolau Pereira de Campos. 2ª ed. Idem. p. 3-4.585 VERGUEIRO, Nicolau Pereira de Campos. 2ª ed. Idem. p. 5.586 VERGUEIRO, Nicolau Pereira de Campos. 2ª ed. Idem. p. 8. [p. 149, 150]
“Hedberg sustentou engenhosamente seus desatinos, attribuindo todas as contestações a intrigas urdidas pelo ciúmede Varnhagen, a quem mais se esforçava a desacreditar como melhor entendedor, adiantando-se a negar-lheconhecimentos da matéria para poder dizer, como repetia muitas vezes ‘disto só eu entendo’ e como conheciaperfeitamente o gênio do Conde de Linhares, soube vencê-lo com grandes promessas, prevalecendo-se do crédito,que o acompanhou da Suécia, que sabia inculcar muito bem, mostrando-se ao mesmo tempo receoso de serperseguido, e até inquietado sobre o exercício privado de sua Religião, ainda que não haja um Povo mais toleranteque o do Brazil”.592 Vergueiro colocou que o Conde de Linhares, em aviso de 23 de março, elogiou Hedberg eatribuiu ciúmes a cada um dos membros da Junta. Citou a Carta Régia dirigida ao Marquês deAlegrete, em que se recomendava evitar questões entre seus membros, mantendo-se a tolerânciareligiosa e que Varnhagen podia ir trabalhar em Minas Gerais. Elogiou o engenho das serrasconstruído por Hedberg, a despeito da quantidade de pessoas que nele se empregava. Disse terhavido revolta dos suecos sobre o fato de Hedberg apropriar-se de parte de seus rendimentos eque essa insatisfação foi contida por meio de razões, pancadas e cárceres privados, razão pelaqual um dos suecos, Hagellund, teria enforcado-se. Ao comentar os serviços dos suecos, disseque “Ultgren foi o único homem interessante da colônia, por ser hábil em seu officio e capaz demetter mão em outros”.593 A respeito de Napion, apontou que a Carta Régia de 5 de setembro de 1812 ordenava queeste inspecionasse as obras e as comparasse com o plano de 4 de fevereiro de 1811. Teceu-lhecríticas pelo fato de que este não quis contemporizar com a memória do Conde de Linhares, aoqual estava aliado, ou ainda que Napion nada sabia e deixou ser enganado por Hedberg. Enfim,Vergueiro sentenciou: “eu só direi que elle manchou vergonhosamente sua reputação, semignorar inteiramente o mal que fazia”.594 Vergueiro chamou a atenção para o fato de que Hedberg veio ao Brasil para obter dinheiropara pagar suas dívidas com Prinzencold, com o Barão de Fleming (que trouxe consigo ao Brasil)e com o Cônsul Bayer, que em 1813 veio cobrá-lo pessoalmente em Ipanema. Contou ainda omose deu o processo de demissão de Hedberg. Disse que em julho de 1814 fez-se reunião com oMarquês de Aguiar, Conde da Barca, Conde de Palma, governador eleito para São Paulo,Marquês de Alegrete, Thomaz Villanova, Barão de S. Lourenço, Manoel Jacinto Nogueira da [p. 152]
dos relatos acima parafraseados. A finalidade dos mesmos está em investigar as causas do malogro da siderurgia brasileira até a década de 1970. O principal desses relatos é o de João Pandiá Calógeras.618 Sua obra “As minas do Brasil e sua legislação” é o resultado de um relatório que elaborou para a Comissão Especial das Minas,da Câmara dos Deputados e que o tornou famoso nacionalmente. Inicialmente publicada em 1905,foi republicada em 1938. Tratou de diversos metais, entre eles o ferro.619 Essa parte, no entanto,foi publicada em 1904 no volume IX da Revista do IHGSP. Ao contrário de Leandro Dupré,Calógeras indicou as fontes que usou para a elaboração de seu relatório.
Para esse autor, o atraso na siderurgia brasileira deveu-se ao sistema de colonização adotado por Portugal e implantado no Brasil, razão pela qual esse assunto não poderia ser estudado como fenômeno avulso, sob pena de tornar-se incompreensível a não-exploração das jazidas de ferro até aquela época. Com base em Pedro Taques, 620 ele apontou que Anchieta teria encontrado ferro em São Paulo em 1554.
Usando a obra Pluto Brasiliensis, de Eschwege, recordou que este afirmara que a primeira atividade de exploração do ferro foi realizada em Santo Amaro, à margem do Rio Pinheiros, por Afonso Sardinha, que morava em um sítio chamado Ubatá. Apoiando-se em Pedro Taques e Marcelino Pereira Cleto, sustentou que essa informação estava errada, porque este teria se enganado quanto à fábrica, pois a que ele viu ficava no Rio Jurubatuba, enquanto a de Afonso Sardinha ficava no sitio Borapoeira, do outro lado desse rio.
Apontou certa inconsistência da biografia de Sardinha, pois teria sido vereador com 25 anos e elaborado testamento em 1610, com oitenta anos. Além disso, seria estranho Afonso Sardinha ter construído a fábrica, pois a escritura de 26 de fevereiro de 1609 em notas do tabelião Simão Borges de Cerqueira, registrou o contrato de sociedade entre D. Francisco, o provedor da fazenda Diogo de Quadros e o cunhado deste, Francisco Lopes Pinto.
618 Nascido no Rio de Janeiro em 1870, formou-se em 1890 pela Escola de Minas de Ouro Preto. Foi deputado federal em duas oportunidades. Em 1914, foi Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio. No ano seguinte, foiMinistro da Fazenda. Foi chefe da Delegação Brasileira na Conferência da Paz de Versalhes. Foi Ministro da Guerrae sob sua gestão enfrentou o levante tenentista de 1922, por ele ter decretado a prisão do Marechal Hermes daFonseca e o fechamento do Clube Militar. Apoiou Getúlio Vargas na campanha de 1930. Trabalhou para o governonos primeiros anos da Era Vargas e elegeu-se novamente deputado em 1934. Faleceu em Petrópolis em 1938.Biografia de Pandiá Calógeras. Disponível em:< http://cpdfias/pandia_calogeras >. Acesso em: 20.jun.2012619 CALÓGERAS, João Pandiá. As minas do Brasil e sua legislação. Vol. 2. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,620 Citou a “História da Capitania de S. Vicente”, publicada na Revista do IHGB de 1847. 162 [p. 161]
Calógeras destacou o fato de que corriam na corte as notícias dadas por Gabriel Soares deSousa sobre a existência de grandes minas de prata na Bahia e em São Vicente, tal como a frasecontida no livro de Rocha Pitta segundo a qual haveria mais prata no Brasil do que Bilbao davaferro em Biscaia. Ele também acreditava que a data correta sobre as explorações na região deSorocaba era mesmo em 1597, ao apontar coincidência entre os relatos de Pedro Taques eVergueiro. Essa descoberta teria sido mesmo feita por Afonso Sardinha, porque haviadocumentos que comprovavam os engenhos terem sido construídos a sua custa. Calógerasanalisou de quem Afonso Sardinha poderia ter obtido conhecimento técnico para mineração deferro, a despeito de não ser minerador. Duas foram as hipóteses levantadas por ele: ou teriaaprendido no norte de Portugal, ou teria vindo com os corsários algum fundidor francês ouespanhol. Na opinião de Calógeras funcionou mais a fábrica de Jurubatuba do que a deBiraçoiaba, porque aquela tinha acesso mais fácil pelo rio, enquanto a outra levava muitos diaspara chegar lá. Inclusive Sorocaba foi fundada somente em 1670, tamanha a dificuldade dechegar-se àquele local.
Essa opinião Calógeras fundou-a na constatação de que até 1680 havia esperança deencontrar-se prata, com a expedição de Frei Pedro de Sousa para analisar as rochas de Ipanema.Apontou que Taques havia dito que Luiz Lopes de Carvalho, capitão-mor de Itanhaém, terialembrado o Rei sobre a conveniência de investigar o valor da região de Biraçoiaba, enquantoVergueiro afirmara que Carvalho seria o descobridor delas, dando-as posteriormente à vila deSorocaba. Para Calógeras, seria mais procedente a afirmação de Taques. Registrou a existênciade Carta Régia de 25 de maio pela qual se autorizava o alcaide-mor Jacintho Moreira Cabral,Martim Garcia Lumbria e Manoel Fernandes de Abreu a levantarem uma fabrica de ferro emAraçoiaba, embora não se tivessem provas de que se a construiu. Segundo Calógeras, nada se havia feito em relação ao ferro, porque o interesse principalera a procura de ouro. Apenas em 1765 é que se teriam retomado as experiências para afabricação de ferro em Biraçoiaba, equivocadamente apontado por Vergueiro como 1770. Issoporque o Brasil teria adquirido considerável importância para a economia do Reino,confirmando-se as “visões propheticas dos escriptores antigos quando escreviam aos reisportuguezes ser a nova terra capaz de nella fundar-se um grande Império”.621 Domingos FerreiraPereira teve o privilégio para minerar ferro, chumbo e estanho pela Carta Régia de 28 de621 CALÓGERAS, João Pandiá. Idem. p. 33 [p. 162]
Segundo Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855): Em 1602, voltando o governador para Portugal deixou a fundição a seu filho D. Antonio de Sousa a quem propriamente Sardinha fizera o presente. Deste recebeu-a Francisco Lopes Pinto, fidalgo e cavaleiro, da Ordem de Cristo. Morrendo este a 26 de fevereiro de 1629, todos os serviços foram paralisados embora o seu sogro, Diogo de Quadros, também fosse um dos proprietários da fábrica. Os citados documentos antigos dizem que Afonso Sardinha, após ter dado depresente essa fábrica, construiu uma nova, que trabalhou, então, por conta do Rei”. [*Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema, 2012. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em História. Área de Concentração: História Social Orientadora: Profa. Dra. Nanci Leonzo. Página 203]
Factos anteriores a fundação da nova Fabrica Principiarei este período transcrevendo, o que se lê nas Notícias Genealógicas de Pedro Taques: “Affonso Sardinha começou em 1590 uma Fábrica de Ferro de dois engenhos para a fundição do ferro, e aço em Biraçoiaba, que laborou até o tempo, que o dito Sardinha doou um destes engenhos ao Fidalgo D. Francisco de Sousa, quando em pessoa passou o Biraçoiaba no anno de 1600, e, como era Governadord Estado, alli fundou pelourinho, que muitos annos depois passou para a Villa de N. Senhora da Ponte deSorocaba: e recolhendo-se ao Reyno em 1602, em quechegou à Bahia o seu successor Diogo Botelhodespachado por Filippe III, Rey de Castella, ficou odito engenho a seu filho D. Antonio de Sousa, a quemSardinha tinha feito a graciosa dádiva, e deste passou aFrancisco Lopes Pinto, Cavalleiro Fidalgo e Professona Ordem de Christo, por morte do qual (em S. Paulo a26 de fevereiro de 1629) se extinguio o dito engenho, ecessou a fundição de ferro de Biraçoiaba, em que como dito Pinto era interessado seu cunhado Diogo deQuadros, e tudo consta do testamento do ditoFrancisco Lopes (cartório dos Órfãos de S. Paulo,maço de inventários de. F. n°. 24). Foi o dito Paulista,Affonso Sardinha, de muitos merecimentos pelo ardor,que teve no Real serviço; porque tendo dado o seuengenhou de fundir ferro a D. Francisco de Sousa, fezconstruir outro á sua custa para nelle laborar afundição por conta do Rey, a quem fez esta doação. [Página 204]
Hultgrin, Carpinteiro de Máquinas, 800 reis;Strombeck e Hagellund, Marcineiros, 317 réis;Ullistrin, vagamundo recebido em Londres, 180 reis;Christian, Marinheiro, 3$200 por mez;Sanhdal, creado de servir;Dahlstron, official de pregos;Hult, aprendiz do mesmo;Lindstron, alfaiate;Norman, sem officio;Forsberg, escripturario do Director, e dizia-secarpinteiro de folles;Bergman, carpinteiro;Lin, çapateiro;Todos a 360 reis.Saf, nada, porque só veio na lista, mas em seu lugarJolidon, cosinheiro, 800 reis.
H[edberg]. Recebe agora 340 réis diários;4 – Hult, ex-aprendiz de cravador, na fábrica deH[edberg]. Recebe o salário de 340 reis diários;5 – Lindstroem, alfaiate. Veio para o Brasil, porquedesejava receber os 300 florins que H[edberg] lhedevia. Trabalhava com H[edberg] também. Passou aganhar 320 reis diários;6 – Lind, carvoeiro e sapateiro, exercendo dois ofíciosem Sorocaba, de preferência o segundo. Recebediariamente 960 reis;7 – Jolidon, ex-bicho de cozinha, no palácio da Rainhada Suécia. É agora cozinheiro de H[edberg] vencendo960 reis por dia;8 – Hagelhund, carpinteiro, e mais tarde dragão emSmoland, reformado por ser um pouco surdo. EmSorocaba, passou a trabalhar como marceneiro. Sendomaltratado por H[edberg], enforcou-se em 1812;9 – Stroembeck, jovem camponês que, não conhecendonenhum ofício, foi utilizado no transporte de madeirade construção. Vence 300 reis por dia;10 – Ulsrin, aprendiz de pedreiro, que não gosta detrabalhar e abandona frequentemente o serviço. Recebe180 reis diários;11 – Norrmann, sobrinho de H[edberg]. Não conheceofício algum e recebe 180 reis por dia, feitorando osserviços de pedreira;12 – Christian Lindstroem, ex-soldado de artilharia.Tornando-se marinheiro, fez uma viagem às Índias e,de volta, passou a trabalhar em um estabelecimentoaçucareiro de Estocolmo, onde conheceu o cozinheiroJodidon, que o recomendou a H[edberg]. Ganha 120reis diários;13 – Fossberg, escrevente de requerimentos para oscamponeses na Suécia; Hoje é secretário de H[edberg],vencendo 320 reis diários;14 – Bergmann, que devia fabricar os foles, morreulogo no primeiro mês de sua chegada ao Brasil”.[p. 207]
Vila de Trang Bang, Vietnã Data: 01/01/1978 Créditos/Fonte: Nguyen Thanh Nghe
ID: 5811
Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema Data: 01/01/2012 Créditos/Fonte: Eduardo Tomasevicius Filho Página 40
ID: 11416
Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema Data: 01/01/2012 Créditos/Fonte: Eduardo Tomasevicius Filho Página 39
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Entre a memória coletiva e a história “cola e tesoura”: as intrigas e os malogros nos relatos sobre a fábrica de ferro de São João de Ipanema Data: 01/01/2012 Créditos/Fonte: Eduardo Tomasevicius Filho Página 41
ID: 12458
EMERSON
01/01/2012 ANO:161
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.