“Casarão dos Vergueiros”, Sandro Aranha em Sorocaba Através da História
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Sorocaba Através da História13 de março de 2021Hoje vamos conhecer um pouco sobre a história do lugar onde já foi a Fazenda São Bento, Chácara da Saúde, Casarão dos Vergueiros e atual Faculdade de Direito de Sorocaba...
O primeiro proprietário da Fazenda São Bento, se chamava Dr. José Maria de Souza, e ele foi o primeiro advogado formado de Sorocaba. Iniciou a construção de um casarão em suas terras em meados de 1840, mas faleceu antes de vê-lo finalizado, ficando inacabado por um tempo.
O filho dele, tenente Fernando Lopes de Souza Freire, casado com Francisca Leopoldina de Souza Freire, moravam na rua Dr. Braguinha, onde ele tinha o hábito de sentar-se na porta da frente de sua casa. Foi lá que um escravo o matou, fugindo em seguida. Sua mulher Francisca, depois de um tempo, foi morar em São Paulo, aonde veio a falecer aos 96 anos, no dia 26 de fevereiro de 1939.
O casal teve uma filha chamada Messias Freire, nascida em 25 de agosto de 1861. Ela se casou em 24 de março de 1881 na Capela Episcopal de São Paulo com o Dr. Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, médico formado na Alemanha e nascido em Faxina, atual Itapeva, em 24 de março de 1851. Tiveram 10 filhos: Luiz Pereira de Campos Vergueiro, Afonso Vergueiro, Lucia, Alice, Olga, Nicolau, Inez, Horácio, Roberto e Geraldo.
Com a morte do pai, a fazenda foi herdada por Messias, ficando a cargo de seu marido Nicolau, a tarefa de terminar a construção do casarão. A partir daí a propriedade passou a se chamar Chácara da Saúde.
A Chácara da Saúde era um hospital para pessoas que estivessem em recuperação de alguma doença, para que pudessem usufruir dos famosos ares mais saudáveis, sem poluição, que Sorocaba ostentava ter.
O ministro e conselheiro do Segundo Reinado, Antônio Prado fez sua estadia por lá em 29 de maio de 1888, devido a um tratamento médico.
O casarão foi primeiro imóvel sorocabano, aonde existia um serviço completo de água encanada e esgoto, duas décadas antes que Sorocaba a possuísse. Tinha um sistema particular de fornecimento de água, captada do córrego da Água Vermelha e um sistema de esgoto despejado no próprio córrego, num local mais abaixo da captação, transportando-o até o Rio Sorocaba.
Segundo o cronista e poeta Ezequiel Freire em 1882, descreve dessa forma o casarão de Nicolau Vergueiro: “A Chácara da Saúde, fundada pelo Dr. Nicolau Vergueiro, exclusivamente destinada à convalescença e restauração dos doentes, não recebe pessoas afetadas de moléstias contagiosas.
Está situada num planalto, dominando extensas terras, sendo que os arredores do prédio são de terrenos areentos, muito enxutos, plantados de vinhedos e cereais. O edifício é vasto, alto, ventilado, inundado de luz, mantido com muita ordem e meticuloso asseio. Entretanto a modéstia do proprietário, que não anuncia o seu estabelecimento em retumbantes reclames, faz com que não seja a "Chácara da Saúde" tão frequentada quanto era de esperar, atenta a excelência dos ares da localidade, e a confortável hospedagem que oferece”.
Com a saída do caseiro que era alemão e não encontrando ninguém com as mesmas qualidades, Nicolau decidiu fechar a Casa da Saúde. Como o Ezequiel mencionou acima, já existia um vinhedo na propriedade, assim em meados de 1888, ele começou a investir na plantação de uvas especiais, fabricando os vinhos de nomes “Sangue Paulista” e “Caboclo” que distribuiu em Sorocaba e nos bares e restaurantes famosos de São Paulo, com uma boa aceitação, mas com o tempo os resultados obtidos não se mantiveram, assim também encerrou as atividades desse negócio.
Na década de 40, o casarão teve como dono o capitão Carlos Franco Pinto, que era o secretário geral do PTB do estado de São Paulo, presidente do partido em Sorocaba. Foi o local onde o capitão Franco Pinto recebeu Getúlio Vargas para um almoço, depois do discurso feito pelo senador e ex-presidente do Brasil na Praça Cel. Fernando Prestes no dia 6 de novembro de 1947. Lembrando que nesse dia aconteceu possivelmente o atentado que publicamos anteriormente.
Na década de 50 foi sede no 14º Circunscrição de Recrutamento, que anteriormente estava localizada na Rua da Penha e posteriormente se mudou para a Rua Álvaro Soares até que em 1966 mudou de nome e local, passou a se chamar 14ª Circunscrição de Serviço Militar e com o endereço na Santa Rosália, próximo ao SENAI.
Com a criação da Faculdade de Direito em 1956 que começou a funcionar provisoriamente na Faculdade de Filosofia, surgiram possibilidades de lugares definitivos para sede, como cogitado o Convento de Santa Clara, mas optaram pelo local onde se encontrava o terreno do casarão dos Vergueiros, que era de posse da prefeitura e que segundo o prefeito Gualberto Moreira, seria demolido para acomodar a nova construção.
A demolição aconteceu nos primeiros anos da década de 60, e graças à participação do empresário e construtor, José Miguel Saker Filho (Zézo Miguel), o prédio finalmente foi construído e em 1969, estava em pleno funcionamento.
Nada faz mais sentido que a primeira faculdade de direito ser construída nas terras do primeiro advogado formado de Sorocaba... *Curiosidade: Dr. Nicolau Pereira de Campos Vergueiro era neto e tinha o mesmo nome do conhecido Senador Vergueiro, que Sorocaba homenageou com o nome da escola na Vila Hortência. Fontes:Sites: genealogiafreire.com.br/historia_de_sorocaba.htm https://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/ Jornal Cruzeiro do Sul: 15/03/1919; 16/10/1959; 05/01/1961; 06/06/1963; 16/10/1966; 24/03/1977; 29/05/1977; 25/08/1977; 28/02/1987; 25/05/1990; 26/02/1994; 18/12/2005; 08/07/2006; 24/08/2014; 17/05/2017;
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.