Oré yvy noi porai: multiterritorialidade entre Unidades de Conservação e territórios indígenas no estado de São Paulo
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
pela Natureza, o dificílimo passo conduzido ao país encantado dosdourados […]. (PRADO, 1972).Este empreendimento de acesso às terras altas obteve possibilidades dedesenvolvimento, mais uma vez, devido ao conhecimento e práticas dos indígenasda região e exploração da sua força de trabalho. O chamado “porto indígena prélusitano”, às margens do rio Perequê (atual município de Cubatão), foihistoricamente utilizado como ponto de ligação entre costa e planalto pelos gruposque desciam à serra para atividades de pesca sazonal e contato com outrosindígenas, servindo-se também da foz dos rios para uso de embarcações. Ocaminho era considerado o mais trilhado e também o mais adequado para atravessia – em comparação aos demais – pelo relevo que atenuava-se entre cumesdevido à deposição de material rochoso e que formava terreno plano após apassagem do primeiro escarpado (PERALTA, 1973).Sabe-se que muitas vias de acesso atuais originaram-se da complexa rede detrilhas utilizadas pelos povos originários em tempos pré-coloniais, como o chamadocaminho de Peabiru que interligava a costa vicentina cruzando o continente e acordilheira andina até a costa pacífica do Peru. A partir do seu tronco principal,algumas conexões se ramificavam em outros traçados, registrados nos relatos decolonizadores desde o século XVI, a exemplo do explorador Ulrich Schimidel e omissionário Padre Montoya (CORREA, 2010).O caminho conhecido como a trilha dos goianases, ou caminho de Perequê,foi utilizado por Martim Afonso e João Ramalho em 1532 para seu primeiro acessoao planalto. Este caminho, desativado por ordem do Governador Geral em 1560, foiconhecido posteriormente como o “caminho velho” e deixou de ser utilizado por estar“muito infestado do gentio contrário”, grupos tamoios do Litoral Norte queincursionavam pelos igaraçus para guerrear e assaltar os portugueses. Lichti (1986)aponta que este trajeto atravessava a chamada serra de Ururaí, domínio proibidoaos “homens da nova ordem” pela oposição do grupo do líder indígena Piquerobi,enquanto que as zonas de influência de Tibiriça mostravam-se favoráveis aosportugueses.O mesmo autor relata que a preferência de acesso ao planalto passou entãoao novo caminho do mar, localizado há alguns quilômetros ao sul do anterior e [Página 79]
Apesar das questões relacionadas à disponibilidade de força de trabalho, otrajeto de terra atingiu à vila de Santos dois anos após o início das obras, resultadoprincipalmente do emprego de trabalhadores africanos escravizados, seus serviçosde “roçada, derrubada da mata, transporte de terra e corte de madeira para aspinguelas” (PERALTA, 1973), possibilitando o trânsito de mercadorias na estrada detreze quilômetros de extensão e quatro pontes, que ligou Cubatão ao porto deSantos por sobre o manguezal. Sua manutenção, entretanto, enfrentou as mesmasdificuldades relatadas em sua execução.Neste período, a partir do desenvolvimento da lavoura canavieira no planaltopaulista e do início do ciclo do café, as condições de tráfego no calçamento da serrae o transporte tropeiro de mercadorias apresentavam-se insuficientes edispendiosos, tornando-se frequentes as solicitações dos comerciantes para aconstrução de uma via “carroçável” para a interligação ao litoral. Em 1841, Tobias deAguiar, presidente da Província, determinou o início dos estudos de campo paraavaliação topográfica e localização de um trajeto que comportasse uma estrada paracarros, conhecida como a “Estrada da Maioridade”, nominação devida à recentedeclaração de maioridade de D. Pedro II para sua ascensão ao poder (fatoconhecido também como Golpe da Maioridade).A ascensão cafeeira, imigração europeia, implantação de ferrovias, dentreoutros fatores, determinaram um novo período de transformações na paisagem daBaixada Santista. Wendell (1966), engenheiro da Comissão Geográfica, se dedicoua explorar os vestígios dos antigos caminhos da Serra em 1921 e aponta acronologia descrita neste tópico. Tais caminhos foram a base para o posteriorestabelecimento do tráfego ferroviário, desenvolvimento portuário e do atualcomplexo de rodovias:Chego agora ao verdadeiro assunto desta palestra: caminhos antigos daSerra de Santos. Em ordem cronológica são os seguintes:1) O caminho de Piaçaguera de cima, que dêsse lugar subia a Serra pelosecular trilho dos Goianases, no vale do Ururaí, onde hoje correm os trilhosda inglêsa.2) O caminho do Padre José, pelo vale do Perequê.3) A estrada da Calçada do Lorena, que, partindo de Cubatão, subia por emcontraforte da Serra de Paranapiacaba, em zigue-zague e calçado de lajes.4) A Estrada da Maioridade, que, partindo do alto da Serra, desce,contornando pontas de espigões e grotas. Essa estrada foi melhoradavárias vezes e, em nossos tempos, adaptada para o trânsito de automóveis,com pavimentação de concreto e com outros melhoramentos. (WENDELL,1966). [Página 85]
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.