Em 1583, esteve em Santos o pirata inglês Edward Fenton, travando-se combate entre seus navios e os da armada de Diogo Flores de Valdez (História Geral da Civilização Brasileira, t. I, livro IV, cap. I, pág. 173). Não tínhamos porém encontrado nenhuma notícia de que tivesse pas-sado pelo Espírito Santo, quando o Prof. Sérgio Buarque de Holanda nos mostrou cópia de documento do Arquivo de Sevilha que faz refe-rência à passagem de Fenton por São Vicente e em seguida pelo Espírito Santo, o que vem esclarecer a observação de Cardim. Assim reza o documento:
"Esta capitania que llaman del espiritu santo que es de basco fernandez cotinõ por merced que ubo della su padre que la poblo y conquisto a su costa dos veçes y el a tenido de pocos anõs a esta parte trabajos con fraçeses E yngleses que han vendo a este puerto y con su buena traça y animo los a Echado de aqui coa valor y me dixo que este ultimo yngles que aqui estubo que fue uno llamado Eduardo fentones que peleo en san vicente con las naos de armada de v.md. de que di relaçion êl pliego que lleuo El capitan Juan de pacis quando fue diego flores de ualdez le dixo que presto los veriam al estrecho con mucha fuerca v.md. adbierta En esto y mande propuer El socorro para rreme-dio dello." (Cópia de um documento original: Carta de P. Sarmiento de Gamboa escripta na villa de Victoria (Brasil), 5 de janeiro de 1585, do Arquivo General de Indias de Sevilha, I-I 2-33 R.o 59).
— "Nela (Ilha de Santo Amaro) fêz agora Diogo Flores de Valdez, general da armada que Sua Majestade mandou ao Estreito de Magalhães, um forte Icom gente de artilharia, porque está da outra banda do rio que é a barra de São Vicente, onde podem entrar naus grossas".
Anchieta, Informação do Brasil e de suas Capitanias (1584), op. cit., pág 301. Segundo nota de Rodolfo Garcia a Fernão Cardim, a construção dêsse forte só foi concluída em 1590. Em 1553, quando de sua viagem às capitanias do Sul, o governador Tomé de Souza aprovara a fundação da vila de Santos e mandara construir a fortaleza da Bertioga. Varnhagen, História Geral do Brasil, 5a. edição, t. I, pág. 304. A propósito do Rio de Janeiro, nos "Capítulos" contra os jesuítas, Gabriel Soares protesta contra a doação do Colégio: "pois quem ha de aprender neste colegio pera se levar pera esse respeito dous mil cruzeiros a El-Rei cada ano, que não seja mais serviço de Deus e de El-Rei gastarem-se na fortificação da terra pois não tem nenhuma defeza?" (Anais da Biblioteca Nacional, vol. LXII, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1942, pág. 365).
Salvador Correia de Sá, em março de 1584, pensava em construir uma fortaleza numa ilhota no meio da barra. Quando esteve no Rio de Janeiro, acompanhando o Padre Visitador, em 1585, Cardim escreveu: "Nesta lagea mandou El-Rei fazer a fortaleza e ficará cousa inexpugnável, nem se lhe poderá esconder um. barco. ("Narrativa Epistolar", Tratado da Terra e Gente do Brasil, São Paulo, Editôra Nacional, 1939, pág. 308). Entretan-to, o engenheiro da armada de Diogo Flores de Valdez dissuadiu-o, acon-selhando-o a construir duas outras nos promontórios adjacentes, segundo [p. 458]