'Os irmãos Leme - 01/01/1950 Wildcard SSL Certificates


Os irmãos Leme
    1950
    Atualizado em 06/12/2025 04:44:03





- Sô João ficô ruim da cabeça, moçada! O rôbo das filha desmanchô o juízo do pai...Fernandes de Abreu tinha bem razão: "daquelle desgosto (diz o Taques) o velho João Cabralenlouqueceu" (3).Nesse mesmo dia, metendo João Cabral num bangué, o amigo do louco ruma braviamente acaminho de Itú. Leva no peito, como um incêndio, contagiantes labaredas de ira.

Fernandes de Abreu, senhor de escravatura e teres, é homem de prol na vila. Homem reto de coração e limpo de nome. E filho daquele afamado Antônio de Abreu, paulista destemeroso, que partiu daqui, no terço de Domingos Jorge Velho a destruir, em Pernambuco, a nação negra dos Palmares. O velho Antônio voltara da áspera jornada com o nome recoberto de feitos. O filho não deslustrara o pai: é paulista dos bons. É bandeirante honrado e guapo.

Ali vai ele, ante a desgraça de João Cabral, a caminho da vila. Vai, num impulso generoso,sanhudo como cascavel pisada, clamar contra a hediondeza dos Lemes.Em Itú, mal chega, reúne os maiorais da terra. Mostra-lhes o velho abobado. Narra-lhesmiudamente a tragédia. E, com a narrativa, insufla indignações, chuça ódios e cóleras.A semente daquela ira justa tomba em terra branda. Alastra-se. Aquelas gentes rudesfundem-se numa raiva só. De boca em boca, esbraseante, corre então pelo povoado estebrado único:- Liquidar os Lemes! Liquidar os Lemes!Fernandes de Abreu assenta, com os da vila, em dar caça aos facínoras. Iriam atacá-los naprópria casa, frente a frente, como quem ataca perigosa furna de onças.E foi por isso que, no mesmo dia, o compadre de João Cabral, para dar início à empresa,tornou ao sítio em busca dos escravos e do filho.Caíra a tarde. Tarde de sertão, cheirosa e morna. Rústico pôr-de-sol, pincelado de tonsagonizantes, veste maciamente os morros de violeta. Andam pelo ar dolências crepusculares.Nem um grito de ave. Nem um eco. Tudo ermo e plangente. [p. 10]- Que sorte! bradava o povo, a boca aberta.Sorte, sim. E que sorte persistente! Três anos a fio, nas minas, foi sempre assim. Conduziaos a vareta mágica dum poderoso deus satânico. Onde, naqueles ribeirões agrestes, botavameles a bateia, aí com pasmo de toda a gente, topavam logo, como por encanto, grosso,inextinguível veio de ouro.Assim, com esse fado radioso, cataram eles, em muito tabuleiro e em muita grupiara, asriquezas incontáveis com que se engrandeceram. Mandaram barretear, nas fundições reais,bruacas entupidas de folhetas e grãos. Quintaram arrobas e arrobas de metal fino! Tornaramse opulentíssimos. Tornaram-se, sem dúvida, os mineiros mais rasgadamente opulentos deMato-Grosso."Chegados no Cuyabá em fins de 1719, diz a "Nobiliarchia", recolheram-se os Lemes a SãoPaulo em 1722. Vieram muito abundantes e ricos em arrobas de ouro". E o general RodrigoCésar, escrevendo ao Viso-Rei, acentuava que "no Cuyabá se acham bastantes homenspoderosos, sendo os mais dois irmãos Leme, tanto pelo respeito e sequito, como pelariqueza".E o eco dessa riqueza reboou alto e longe.Ah, os Lemes! A fama deles, rufada por mil caixas, lá foi, rio abaixo, como lenda. Desceu emtodas as monções. Aportou em todos os pousos. Esparramou-se em todos os povoados. Umdia, enfim, reboou com estrépito em São Paulo. E penetrou, levada por boca hábil, no Paçoda Governança.Essa boca hábil é a boca de um mercante em grosso. Homem de muitas falas. Astucioso evelhaco. Homem que tem o nome destacado numa curiosa página da História de São Paulo.Chama-se ele: Sebastião Fernandes do Rego.Sebastião do Rego é português. Um português simpático, figura acolhedora, fundamenteinsinuante, com dois olhos vivos, buliçosos, que se não fixavam em ninguém. Veio da pátria,como tantos outros, tentar fortuna na América. Aventureiro e raposão, trouxe ele do Reinouma única idéia, uma só, mas resoluta e bem assente: enriquecer. Enriquecer de qualquerjeito. Custasse o que custasse!Aqui, com sagacidade e ronha, foi Sebastião criando para si, aos poucos, finoriamente, bela esólida situação de destaque. Conseguiu logo, para circundar-se de autoridade, ser nomeadoSargento-Mor das Milícias de São Paulo. Conseguirá, em breve, ser muito mais. Muitíssimomais. Ele, nas suas evidências, aparecerá de novo nesta crônica. Neste momento, contudo, éapenas Sargento-Mor. [p. 26]



Ouro
Itu/SP
Paulo de Oliveira Leite Setúbal
1893-1937
Antonio Fernandes de Abreu II
1689-1739
Lourenço Leme da Silva
Cuiabá/MT
Domingos Jorge Velho
1611-1714
Antonio Fernandes de Abreu
1654-1717

EMERSON


01/01/1950
ANO:99
  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.