Rio Pirajibu recebe esgoto sem tratamento de Itu, 08.10.2020. Marcel Scinocca, Jornal Cruzeiro do Sul
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Dois pontos com esgoto in natura, ou seja, sem tratamento, foram localizados pela reportagem do jornal Cruzeiro do Sul na terça-feira (6). Um dos locais é no bairro Portal do Éden, em Itu. O segundo é no quilômetro 82 da rodovia Castelo Branco, e também estaria recebendo dejetos provenientes de Itu. A cidade possui, na região dos descartes, uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) inaugurada em 2018, mas que, aparentemente, está inoperante.
O primeiro ponto de descarte irregular fica nas ruas José Benedito de Moraes e Inácio Silveira de Moraes. Segundo os moradores do bairro Portal do Éden, o córrego desce sentido ETE Pirajibu e continua até atingir o rio Pirajibu. Além de muito lixo e água com coloração escura, o odor característico de esgoto é bastante forte ao longo do pequeno córrego.
Exceto pela falta de sacolas e garrafas pet, a situação no quilômetro 82 da rodovia Castelo Branco é parecida. Só que o odor é ainda mais intenso. Lá, há o curso do córrego Tapera Grande, um dos braços do rio Pirajibu, a poucos metros da rodovia. Conforme relatos, o riacho tem vários pontos de descarte de dejetos. Ali, o esgoto seria proveniente do bairro Pirapitingui.
ETE parada
Próximo do córrego do bairro Portal do Éden, há uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Ela fica próxima de uma fazenda, quase na divisa de município com Sorocaba. A reportagem apurou que nenhuma atividade relacionada ao tratamento de esgoto estava sendo realizada no local. Além de não possuir pessoal na ETE de forma efetiva, os compartimentos que deveriam estar “processando” esgoto estão vazios.
Quando a ETE foi inaugurada, no início de 2018, a promessa era de que a cidade atingiria o porcentual de 100% de esgoto tratado. A reportagem não localizou o valor da obra. A Companhia Ituana de Saneamento não comentou o despejo de esgoto e nem a falta de funcionamento da ETE até o fechamento desta edição.
Questionada sobre a situação, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que o caso está sob responsabilidade do corpo técnico do órgão, o qual deverá se manifestar hoje (8).
Absurdo
“É um absurdo que ainda temos esgoto in natura sendo despejados em rios. Isto é proibido por lei estadual, porém infelizmente é muito comum”, comenta André Cordeiro, doutor em Ciências da Engenharia Ambiental e especialista em recursos hídricos. “O caso do Pirajibu, além de Itu, recebe também parte dos esgotos de Alumínio”, lembra. “Na região, todos os rios que são mananciais do rio Sorocaba, como o Pirapora, Pirajibu e Ipanema, recebem esgoto não tratado”, afirma.
Ele também falou sobre os investimentos feitos para a despoluição do rio Sorocaba. “Quando se fala em despoluição do Sorocaba, está se referindo ao tratamento de esgoto de Sorocaba, que realmente avançou muito nas últimas décadas”, reconhece. “Mas a bacia ainda tem muitos problemas: tanto a montante quanto a jusante de Sorocaba.”
A reportagem teve acesso a um documento da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica dos Rios Sorocaba e Médio Tietê (FABH-SMT). Trata-se do 3° parecer técnico referente à etapa de pré-qualificação da ETE do Pirajibu. Conforme o documento, seria necessária a construção de emissário para lançamento dos esgotos tratados da ETE para o ribeirão Pirajibu, com uma extensão total de 571 metros.
A obra teria valor global superior de R$ 1,2 milhão. Os documentos são posteriores a maio deste ano, demonstrando que a ETE não tinha ou não tem toda a capacidade de operação atingida.
Captação de água
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) pretende captar água do rio Sorocaba para consumo em uma estrutura localizada à jusante da foz do córrego Pirajibu, no rio Sorocaba. A autarquia informou ontem (7) que realiza análise da água do rio Sorocaba e “os resultados têm se mostrado ideais e adequados para o sistema de tratamento que será empregado na ETA Vitória Régia”. Sorocaba já gastou R$ 200 milhões no processo de despoluição do rio que corta a cidade.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.