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   9 de dezembro de 2022, sexta-feira
Biografia de Francisco Adolfo de Varnhagen, Lucia Maria Paschoal Guimarães, usp.br/labteo/varnhagen consultado em 09.11.2022
      Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  
  
  


FRANCISCO ADOLFO DE VARNHAGENLUCIA MARIA PASCHOAL GUIMARÃESNasceu em 17 de fevereiro de 1816, em Sorocaba, São Paulo, filho do engenheiro alemão - o Coronel Frederico Luís Guilherme de Varnhagen e de Dª. Maria Flávia de Sá Magalhães, de nacionalidade portuguesa. Seu pai, um dos pioneiros da fundição de ferro no Brasil, aqui chegou em 1809, contratado para iniciar os trabalhos da fábrica de São João de Ipanema, onde permaneceria até 1821, quando resolveu retornar à Europa e fixar-se com a família em Portugal.Cursou o Real Colégio Militar da Luz (Lisboa), matriculando-se, em seguida, na Academia da Marinha. Aderiu à causa do ex-Imperador D. Pedro I, na disputa pela coroa portuguesa, engajado no 2º Batalhão de Artilharia. Promovido a oficial, ingressou na Academia de Fortificações, onde concluiu o curso de engenheiro militar em 1834. Estudioso da poesia medieval lusitana, frequentador das rodas literárias lisboetas, aproximou-se de Alexandre Herculano e do Cardeal D. Francisco de São Luís, o que lhe valeu uma recomendação para ter acesso aos arquivos da Torre do Tombo. Lá, ele iniciaria suas atividades na pesquisa documental, encontrando um tesouro praticamente intocado, que soube explorar como ninguém, conforme notou Capistrano de Abreu. Dentre inúmeros achados, descobriu por códice o apógrafo do Roteiro do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa, cuja edição crítica lhe serviu de proficiência para ser admitido na Academia Real de Ciências de Lisboa. Em 1840, licenciou-se do exército português e viajou para o Rio de Janeiro, a fim de pleitear a nacionalidade brasileira. Na ocasião, foi eleito sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – o IHGB, que nessa época havia iniciado um programa de investigação, subsidiado pelo governo imperial, enviando estudiosos aos arquivos europeus, a fim de coletar e extrair cópia de documentos e diplomas para a escrita da história pátria. Entretanto, o primeiro pesquisador comissionado, o diplomata Dr. José Maria do Amaral, não pode dar conta das tarefas que lhe foram confiadas. Para substituí-lo, foi indicado o nome de Varnhagen, de reconhecida experiência no manuseio dos papéis da Torre do Tombo, e que desejava ingressar na carreira diplomática.Designado para levantar documentos relativos aos tratados de limites da América Portuguesa, nos arquivos de Simancas, ele desempenhou com sucesso suas primeiras missões em Portugal e na Espanha. Regressando ao Brasil em 1851, ocupou o cargo de Primeiro Secretário do Instituto Histórico. Diligente, organizou a biblioteca e o rico acervo documental do grêmio. A par disso, conquistou a simpatia do Imperador D. Pedro II, assíduo frequentador daquele reduto letrado, o que lhe possibilitou pleitear postos, condecorações e honrarias, além da proteção de Sua Majestade. Sem negligenciar as atribuições do serviço diplomático, continuou dedicado às pesquisas e publicações. Encarregado de negócios do Brasil na Espanha (1852-1858), estendeu suas investigações aos arquivos de Amsterdam, Paris, Florença e Roma.

Data dessa temporada na Europa, o lançamento da sua História geral do Brasil antes da sua separação e independência de Portugal (Madri, 1854-1857). Promovido ao posto de ministro residente, representou a chancelaria imperial em diversos países da América do Sul (1859 e 1867). Durante a permanência no Chile, casou-se e constituiu família com uma jovem da sociedade local.

Em 1868, foi nomeado para a legação brasileira em Viena. Realizou, ainda, uma última viagem de estudos ao Brasil em 1877, ocasião em que percorreu o interior das províncias de São Paulo, Goiás e Bahia. Regressando à Viena, veio a falecer em 26 de junho de 1878. Sepultado no Chile, por exigência da esposa, um século mais tarde, os despojos do historiador seriam trasladados para Sorocaba, onde hoje se encontram, atendendo à sua vontade expressa em testamento.

Pertenceu ao quadro social de importantes associações científicas internacionais: Academia de Ciências de Munique, Sociedade de Geografia de Paris e Instituto Histórico e Geográfico do Rio da Prata além da já citada Academia Real de Ciências de Lisboa. Membro do Conselho do Imperador, Grande do Império, Comendador da Ordem da Rosa, Cavaleiro da Ordem de Cristo. Agraciado com a Grã-Cruz das Ordens de Santo Estanislau, da Rússia; da Coroa de Ferro, da Áustria; de Isabel, a Católica e de Carlos II, da Espanha. Como reconhecimento aos seus méritos, D. Pedro II concedeu-lhe o título de Barão de Porto Seguro, em 1872. Dois anos mais tarde, elevou-o a Visconde com honras de grandeza.Deixou uma extensa e variada bibliografia, composta por dezenas de títulos, entre livros, opúsculos, artigos e memórias, abrangendo estudos literários, etnográficos, filológicos e históricos. Sua obra máxima foi, sem dúvida, a História geral do Brasil antes da sua separação e independência de Portugal, trabalho de fôlego, que contrastava com a escassa historiografia nacional da época. Deve-se notar que a contribuição pretendia não apenas reconstituir o passado do país recém-emancipado, dando-lhe unidade e coerência, mas também concorrer para a consolidação das instituições monárquicas. É bem verdade que o livro foi recebido com frieza no Brasil, devido ao tratamento pouco simpático dispensado aos gentios e aos jesuítas, apesar dos elogios que recebeu dos maiores brasilianistas de então, o bibliotecário francês Ferdinand Denis e o naturalista alemão Von Martius. No âmbito do Instituto Histórico, onde prevalecia uma visão romântica das origens da Nação de viés indigenista, o trabalho mereceu réplicas do Cônego Fernandes Pinheiro e de Gonçalves de Magalhães, tendo este último sustentado um áspero debate com Varnhagen, que na arena acadêmica costumava pôr de lado a proverbial cortesia de diplomata, transformando-se num polemista intransigente, incapaz de absorver qualquer apreciação crítica. Dentre suas memoráveis discussões, cabe ainda lembrar o litígio com José Inácio de Abreu e Lima, autor do Compêndio de História do Brasil, a quem chamou de plagiário difamador que se intitula general, a propósito das fontes utilizadas na elaboração daquela obra. Outro que também não escapou da sua pena afiada foi o geógrafo francês M. D´Avezac, que censurou a História geral do Brasil pela ausência de uma descrição prévia do país e de seus primitivos habitantes, tópicos privilegiados pelo inglês Robert Southey, na sua History of Brazil (1811-1819). Revidando o questionamento, Varnhagen desautorizou o trabalho de Southey, reduzindo-o a uma simples Memória para escrever-se a história do Brasil e dos países do Prata. Polêmicas a parte, não se pode negar que o Visconde de Porto Seguro foi o maior historiador de sua época, pela extensão da obra, dos fatos que revelou, das fontes que descobriu, pela publicação de inéditos, enfim, pelo seu enorme esforço e determinação, como bem assinalou Capistrano de Abreu, no necrológio que lhe dedicou.


Registros mencionados

17 de fevereiro de 1816, sábado
Nascimento de Francisco Adolfo de Varnhagen, depois barão e visconde de Porto Seguro na Fazenda Ipanema Ipanema. Ele faleceu em Viena, no dia 29 de junho de 1878
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

• Fontes (1)

• Imagens (1)

• Pessoas (2): Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878); Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen (33 anos)

• Temas (1): Fazenda Ipanema

• Cidades (3): Araçoiaba da Serra/SP; Iperó/SP; Sorocaba/SP

1854
“História geral do Brazil”, de Francisco Adolfo de Varnhagen, o Visconde de Porto Seguro (1816-1878)
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

• Fontes (6)

• Imagens (14)

• Pessoas (17): Américo Vespúcio (1454-1512); Antônio de Sousa (1584-1631); Balthazar Fernandes (1577-1670); Diogo de Meneses e Sequeira (1553-1635); Fernão Dias Paes Leme (1608-1681); Francisco Adolfo de Varnhagen (38 anos); Francisco de Sousa (1540-1611); Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen (1783-1842); Gaspar de Souza ; João Alvares Coutinho ; João Capistrano Honório de Abreu (1 anos); Luís de Sousa Henriques (1575-1635); Martim Afonso de Sousa (1500-1564); Martim Francisco Ribeiro de Andrada (1775-1844); Rodrigo de Castelo Branco ; Rodrigo de Souza Coutinho, 1° Conde de Linhares (1755-1812); Wilhelm Jostten Glimmer (1580-1626)

• Temas (22): Angola; Cachoeiras; Carijós/Guaranis; Dinheiro$; Fazenda Ipanema; Gentios; Grunstein (pedra verde); Itapeva (Serra de São Francisco); Jesuítas; Lagoa Dourada; Mosteiro de S. Bento de Sorocaba/SP; Otinga; Pela primeira vez; Pelourinhos; Pontes; Ribeirão das Furnas; Rio Anhemby / Tietê; Rio Sarapuy; São Filipe; Serra de Paranapiacaba; Vulcões; Ytutinga

• Cidades (6): Cuiabá/MT; Itabaiana/PB; Itu/SP; Sabará/MG; São Paulo/SP; Sorocaba/SP

1859
Varnhagen
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

• Fontes (1)

• Pessoas (1): Francisco Adolfo de Varnhagen (43 anos)

• Cidades (1): Sorocaba/SP

26 de junho de 1878, quarta-feira
Falecimento de Francisco Adolfo de Varnhagen, o Visconde de Porto Seguro
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

• Fontes (3)

• Imagens (2)

• Pessoas (3): João Capistrano Honório de Abreu (25 anos); Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878); Gabriel Soares de Sousa (1540-1591)

• Cidades (1): Sorocaba/SP

Relacionamentos

Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878)
  Familiares (1)
Gentios
Araçoiaba da Serra/SP
Sorocaba/SP
  Registros (11544)

O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.

Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?



Quantos ou quais eventos são necessários para uma História?
Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.


Mary Del Priori, historiadora:

Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.

Lia Calabre, historiadora:

A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]

Quantos registros?

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:

- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).

- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.

- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.

- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.

- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.

- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.

Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.

Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.

Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.


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