Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, LXIX
Atualizado em 21/03/2025 03:24:33
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mente a carestia extrema da prata vinda do Peru por BuenosAires, dois males com dano gravissimo para a economia do Brasil,onde até então predominára a circulação da moeda de prata deorigem espanhola.Na segunda metade do século, a tão grave crise econômicofinanceira somou-se a decadência da indústria açucareira do Brasil decorrente da concorrência antilhana.Também em crise nessa época o apresamento do índio pelospaulistas, como já se observou, tomariam vulto os empreendimentos de iniciativa as pesquisas de minerais preciosos.Durante o século XVII, vários sertanistas de São Paulo percorreram os sertões goiano e mato-grossense, entre os quais*Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, LXIXLourenço Castanho Taques, o velho, em 1668, que abriu o caminho na região de Cataguases, Luís Castanho de Almeida, em1671, Manuel de Campos Bicudo, em 1675. ao norte de MatoGrosso e Bartolomeu Bueno da Silva, em 1676, na região goiana.E, ainda mais adiante iriam, como Antônio Castanho daSilva que faleceu no Peru, em 1622, Antônio Rapôso Tavares queentre 1648 e 1652 internou-se pelo Paraguai, atingiu os contrafortes dos Andes em busca de minas e navegou o Amazonas atéBelém do Pará. Luís Pedroso de Barros, em 1656, que chegou aoPeru, onde morreu às mãos dos índios serranos. E muitos outrosque se aventuraram em busca de riquezas minerais em ignoto eindeterminado sertão.Pelo vale do Paraíba e pela garganta do Embaú, na Mantiqueira, rumo a região mineira, pelos caminhos do Norte, um que,por Mogi-Mirim atingia Goiás e outro que, pela região de Atibaiae Bragança atingia o sul de Minas, e, pelo caminho fluvial doTietê, que levava ao interior mato-grossense, por essas rotasbandeirantes que convergiam para São Paulo de Piratiningaseguiram as expedicóes pesquisadoras em busca dos lendáriostesouros do sertão. Devassaram o interior, abriram caminhos,prepararam a descoberta do ouro em fins do século XVII e noséculo seguinte em Minas Gerais. Goiás e Mato Grosso, expandindo cada vez mais para oéste as terras da ~méricd lusitana.Dentre tôdas as expedições pesquisadoras de minerais preciosos destacou-se a de Fernáo Dias Pais que partiu de São Pauloem 1674 (21 de Julho), a procura de esmeraldas e de prata, explorou durante sete anos grande área na região centro-sul do Brasil - das cabeceiras do rio das Velhas, iumo norte, até a zona doSêrro Frio, onde jazia o ouro logo depois revelado pelos paulistas.Nula quanto às riquezas que procurava, foi, todavia, importantíssima pelo contacto que estabeleceu entre o período das entradas pesquisadoras e o descobrimento dos mananciais aunferosalgum tempo depois, prelúdio da idade do ouro no Brasil quecomeçará ao correr do último lustro do século XVII. [p. 119]
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.