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   20 de março de 2023, segunda-feira
Terremoto de Lisboa de 1755, consultado em brasilescola.uol.com.br
      Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  
  


"Em 1º de novembro de 1755, a cidade de Lisboa, em Portugal, foi atingida por um terremoto de grandes dimensões. A destruição da cidade foi quase que completa e a reconstrução estendeu-se por séculos. O projeto de reconstrução foi encabeçado por Sebastião José de Carvalho e Melo, futuramente conhecido como marquês de Pombal. Até hoje esse ocorrido é considerado uma das maiores tragédias naturais que atingiu Portugal.Os impactos desse terremoto em Portugal a longo prazo foram inúmeros. Na política, o terremoto consolidou a posição de Carvalho e Melo como secretário de Estado (chefe de Estado) de Portugal. A reconstrução também deu outra cara à capital portuguesa, já que a reconstrução foi realizada no que ficou conhecido como estilo pombalino. Além disso, o terremoto de Lisboa contribuiu para consolidar estudos na área de sismologia."

"DesastreA Lisboa do século XVIII era uma cidade com ares de cidade medieval, cheio de ruas pequenas, sinuosas e sujas. O terremoto que a atingiu em 1755 ocorreu em 1º de novembro, em uma manhã ensolarada. Os relatos contam que, por volta das 9h30, a cidade foi sacudida por um terremoto de grandes proporções.O efeito do terremoto em uma cidade nessa condição foi devastador, e os relatos contam que os tremores estenderam-se por até sete minutos, embora existam relatos que sugerem que podem ter se estendido por 15 minutos. O epicentro desse terremoto estava cerca de 200 km a 300 km de Lisboa, mais precisamente a sudoeste de Portugal continental, no meio do Oceano Atlântico. Os especialistas da área, ainda hoje, não conseguem precisar com exatidão o epicentro desse terremoto.Existe uma teoria que sugere que o primeiro tremor aconteceu nessa área citada acima e que um segundo tremor teria acontecido na desembocadura do rio Tejo, mas a teoria mais aceita sugere que não houve esse tremor na desembocadura do Tejo. Estudos atuais calculam que o tremor de 1755 tenha alcançado 9 graus na escala Richter (a escala vai até 10).A magnitude desse terremoto contribuiu para a destruição total da cidade. Muitas pessoas em meio ao desespero e fugindo dos desabamentos e incêndios que atingiam outras partes da cidade fugiram para Baixa de Lisboa. Lá, essas pessoas foram atingidas um tsunami que afetou toda aquela região.Assim, muitos dos que não morreram nos desabamentos e nos incêndios morreram com o efeito do tsunami que alagou essa parte de Lisboa. A respeito do terremoto, o historiador João Lúcio de Azevedo narrou o seguinte:Nos altares oscilam as imagens; as paredes bailam; dessoldam-se traves e colunas; ruem as paredes com o som calvo da caliça que esboroa, e de corpos humanos esmagados; no chão onde os mortos repousam aluem os covais, para tragar os vivos […]. O horror todo do inferno em ais e tormentos. Fuga desordenada com atropelos fatais, e o tropeçar continuo em pedras e cadáveres […]. Por toda a parte ruínas|1|.Entre os desmoronamentos, o incêndio que consumiu a cidade e as ondas trazidas pelo tsunami que alagou a Baixa de Lisboa, os especialistas apontam um alto número de mortos. Na época, Lisboa possuía cerca de 200 mil habitantes e o número de mortos varia bastante, pois existem os que apontam cerca de 10 mil mortos, enquanto outros sugerem mais de 50 mil mortos no desastre.Além das vidas humanas, a destruição material foi enorme. A Biblioteca Real foi destruída com mais de 70 mil volumes de itens lá armazenados. A Ópera do Tejo, inaugurada naquele ano, foi destruída e foram enumeradas a destruição de 35 igrejas, 55 palácios e em toda a cidade acredita-se que cerca de 10 mil edifícios foram reduzidos a ruínas.Acesse também: Conheça a guerra causada pela disputa de territórios no Brasil colonialReconstrução de LisboaAs ações de emergência após o terremoto foram tomadas de imediato por meio da ação enérgica de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro marquês de Pombal. As ações tomadas nessa ocasião são entendidas como a primeira ação de emergência tomada pelo Estado português. As obras de reconstrução da cidade estenderam-se até meados do século XIX.A primeira grande ação tomada era a de evitar a proliferação de doenças e, assim, era necessário enterrar os mortos. Grande parte dos corpos foi incinerado com os gigantescos incêndios que espalharam-se por Lisboa, mas muitos ficaram abaixo das ruínas. Para se livrar dos corpos, os mortos foram enterrados em valas comuns e muitos foram lançados no mar com pesos atados para que afundassem.Uma providência tomada para conter a proliferação do caos trazido pelo terremoto foi o de evitar os saques. Isso inclusive fazia parte de uma lista de catorze providências adotadas por ordem de Carvalho e Melo. Os que fossem capturados saqueando alguma residência eram enforcados pelas tropas do Reino.Os prédios que receberam a prioridade na reconstrução foram as Igrejas – fato que demonstra o alto grau de devoção ao catolicismo da sociedade portuguesa. As Igrejas eram os únicos prédios que tinham direito à inovação na fachada. Todos os outros prédios que foram reconstruídos tinham diretrizes rígidas a serem seguidas com previsão de multa para o caso de não cumprimento."

"A cidade de Lisboa foi remodelada durante o processo de reconstrução. A antiga cidade medieval, cheia de ruas pequenas e tortas e becos foi substituída por um estilo pombalino com ruas lineares e largas e a fachada dos prédios, como mencionado, seguia diretrizes determinadas pelo Estado. O novo projeto arquitetônico e a reconstrução da cidade ficou a cargo de Carlos Mardel, Manuel da Maia e Eugênio dos Santos."

"A Baixa de Lisboa, a área mais destruída, ficou conhecida como Baixa Pombalina e recebeu uma grande inovação para a época: os edifícios projetados receberam uma estrutura antissísmica. Essa estrutura ficou conhecida como “gaiola pombalina”. Essa técnica consistia em incorporar uma estrutura de madeira junto das paredes de alvenaria.O terremoto teve um grande impacto sobre a economia portuguesa e a reconstrução precisava ser financiada de alguma forma. Sendo assim, Carvalho e Melo determinou o aumento dos impostos nas zonas mineradoras na região de Minas Gerais. Essa ação, a longo prazo, contribuiu para aumentar a insatisfação dos colonos contra Portugal."

"Repercussão do desastre"

"O terremoto de Lisboa de 1755 teve grande repercussão internacional. Os historiadores afirmam que, após a destruição da cidade, inúmeras pessoas de outros países foram a Portugal observar e relatar a destruição que a capital de Portugal havia sofrido. O terremoto influenciou o pensamento de inúmeros intelectuais como Voltaire e Kant.O rei português – d. José I – passou a sofrer o resto dos seus dias com claustrofobia. Ele sobreviveu ao desastre, porque na hora do terremoto estava nos arredores de Lisboa. A visão da destruição e os relatos de milhares de pessoas mortas soterradas fizeram com que o rei temesse viver em locais fechados.D. José I foi rei de Portugal até 1777 e até o fim de seus dias viveu em um complexo de tendas construído em um local de Lisboa chamado Alto da Ajuda. Esse local foi escolhido por ser elevado e ter sofrido pouca destruição e as tendas construídas lá ficaram conhecidas como Real Barraca da Ajuda. Esse complexo existiu até o fim do século XVIII, quando um incêndio o destruiu.Na cultura popular, o terremoto fez com que muitos enxergassem o desastre como um castigo divino e o caso de Gabriel Malagrida é bastante conhecido. Malagrida era um padre jesuíta e publicou um panfleto tratando o terremoto como um castigo de Deus. Ele acabou sendo denunciado na Inquisição, acusado de heresia e morto na fogueira em 1761.Em outro aspecto relevante, o terremoto de Lisboa contribuiu para o desenvolvimento da sismologia, a área do conhecimento que estuda os terremotos. Isso porque Carvalho e Melo enviou inquéritos para os párocos da região atingida pelo terremoto. O objetivo desse inquérito, que tinha 13 perguntas, era averiguar os impactos do terremoto.Pouca coisa sobrou da Lisboa de antes do terremoto e tudo que se tem hoje foi resgatado pela arqueologia. Prédios que permaneceram de pé e objetos utilizados pelas pessoas comuns antes do desastre são extremamente importantes na reconstrução dos acontecimentos que se passaram com esse desastre natural. Um dos símbolos do terremoto são as ruínas do Convento do Carmo, nunca reconstruído e que hoje abriga um museu.|1| AZEVEDO, José Lúcio de. O Marquês de Pombal e sua época. Annuario do Brasil, Seara Nova, Renascença Portuguesa: Rio de Janeiro, Lisboa, Porto, 1922, p. 142.*Créditos da imagem: Commons**Créditos da imagem: CommonsPor Daniel NevesGraduado em História"


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Terremotos
Lisboa/POR
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O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.

Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?



Quantos ou quais eventos são necessários para uma História?
Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.


Mary Del Priori, historiadora:

Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.

Lia Calabre, historiadora:

A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]

Quantos registros?

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:

- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).

- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.

- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.

- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.

- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.

- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.

Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.

Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.

Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.


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