Dois negros famosos estão na origem do bairro Campolim, consultado em acso.com.br
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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elso MarvadãoHoje Campolim é o nome geral da região mais valorizada de Sorocaba, um bairro estendido de classe alta, em fase de verticalização, referência na paisagem urbana da zona sul da cidade.A sequência Estrada da Água vermelha-Estrada do Quiló era o próprio “caminho da roça”, região desvalorizada, quase abandonada, com apenas algum cultivo agrícola e criação de gado leiteiro. Quem poderia imaginar que o local iria se transformar num requintado espaço habitacional, comercial e de lazer, dotado de grandes empreendimentos?Na origem dessa transformação estão as figuras de dois negros que marcaram época em Sorocaba: Achilles Campolim (“Seu Quiló”) e João de Camargo (“Nhô João”).Funcionário de uma fazenda existente no local, em 1917 Achilles Campolim acabou comprando a extensa área. Na época, os terrenos por ali tinham pouco valor.Nos anos 50, com a morte de Achilles, assume os negócios o filho João. Por volta de 1970, a família decide iniciar o projeto de loteamento da área, por partes, num grande investimento, o que foi concretizado em parceria com a Construtora e Empreendedora Júlio e Júlio, por volta de 1976. A comercialização dos terrenos que viraria o atual Parque Campolim teve início em 1981.Achilles Campolim, curiosamente, nasceu no dia 15 de agosto de 1888, dia do aniversário de Sorocaba, ano da lei da Abolição da Escravatura no Brasil. Sempre teve espírito empreendedor, tornando-se ativo empresário. Espirito seguido pela família. Como já criava gado leiteiro, em 1933 Achilles tornou-se um dos sócios-fundadores da Cooperativa de Laticínios de Sorocaba (COLASO), nome muito conhecido de nossa indústria e comércio, cujos produtos hoje atingem 65 municípios.NHÔ JOÃOJoão de Camargo, místico popular milagreiro, objeto de estudos, livros e filmes, foi um líder que fundou uma igreja e uma vila, na estrada da Água Vermelha (hojeBarão de Tatuí). Em torno da Igreja João de Camargo desenvolveu-se a primeira vila naquele setor da cidade. Nhô João havia recebido uma considerável gleba de terra da família Camargo Barros, às margens do córrego Água Vermelha (também chamado de Ribeirão do Lajeado).Ali havia uma hospedagem, algum comércio básico, venda de artigos religiosos e até a Escola Mista da Água Vermelha, onde a professora Ondina Campolim, esposa de Achilles Campolim, ensinava crianças negras e brancas a ler e escrever. A escola funcionou de 1931 a 1942, ano do falecimento de Nhô João.O sepultamento do líder negro foi acompanhado, a pé, por milhares de fiéis, no percurso entre o bairro Água Vermelha e o Cemitério da Saudade. Ao passar pelo centro da cidade, a igreja matriz fechou suas portas, por causa do sincretismo religioso de João de Camargo e a fama de “curandeiro”. E olha que ele era amigo de Monsenhor João Soares!Por onde o corpo passava, o comércio também fechava as portas. E as pessoas paravam e tiravam o chapéu, em sinal de respeito.
O que é História?
Abraham Lincoln (1809-1865) dizia que "se não for verdade, não é História. Porém, é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade.
Existiu um homem que pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900 mil pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capita dobrar, aumentou os lucros das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de Marcos e reduziu uma hiperinflação, a no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura e quando jovem imaginava a seguir a carreira artística. [28174] Você votaria neste homem Adolf Hitler (1889-1945)?
Quantos ou quais eventos são necessários para uma História? Segundo Aluf Alba, arquivista do Arquivo Naciona: o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
É sempre um processo político de escolha, por isso que é tão importante termos servidores públicos posicionados, de pessoas preparadas para estarem atuando nesse aspecto.
Mary Del Priori, historiadora:
Nós temos leis aqui no Brasil, que são inclusive eu diria bastante rigorosas. Elas não são cumpridas, mas nós temos leis para arquivos municipais, estaduais e arquivos federais, que deveriam ser cobradas pela própria população, para manutenção desses acervos, acervos que estão desaparecendo, como vimos recentemente com o Museu Nacional e agora com a Cinemateca de São Paulo. E no caso dos arquivos municipais, esses são os mais fragilizados, porque eles tem a memória das pequenas cidades e dos seus prefeitos, que muitas vezes fazem queimar ou fazem simplesmente desaparecer a documentação que não os interessa para a sua posteridade. Então esse, eu diria que essa vigilância sobre o nosso passado, sobre o valor dos nossos arquivos, ainda está faltando na nossa população.
Lia Calabre, historiadora:
A memória de Josef Stálin inclusive, ela serve para que não se repitam os mesmos erros, ela serve para que se aprenda e se caminhe. Os processos constantes de apagamento. Existe um depósito obrigatório de documentação que não é feita, na verdade se a gente pensar, desde que a capital foi para Brasília, os documentos não vieram mais para o Arquivo Nacional. [4080]
Quantos registros?
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
- Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
- Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
- Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
- Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
- Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
- Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.
Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.
Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.
Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.