'A história de como um carteiro transformou acidentalmente o abacate no mundo. Felipe Llambías, Role, BBC News Mundo - 06/05/2023 Wildcard SSL Certificates


A história de como um carteiro transformou acidentalmente o abacate no mundo. Felipe Llambías, Role, BBC News Mundo
    6 de maio de 2023, sábado
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  


Quando Rudolph Hass ia cavar a terra para tirar aquele pequeno abacateiro que havia plantado em sua horta porque não servia para nada, o convenceram a não fazer isso. Era final da década de 1920. Ele havia chegado a Pasadena, nos arredores de Los Angeles, em setembro de 1923 com a esposa Elizabeth e a filha de 18 meses, Betty. Parte da família, que já havia se estabelecido na área, os incentivou a se mudar para a região.

Eles percorreram 3.300 quilômetros de sua terra natal, Milwaukee, no norte dos Estados Unidos, em uma viagem complicada a bordo de um velho Ford T que Rudolph comprou de um colega de trabalho em 1920 por US$ 75 e que chegou ao sudoeste do país sem o para-choque traseiro e com um pneu furado.Na Califórnia, Rudie, como era chamado, primeiro conseguiu um emprego em uma barraca de frutas e verduras, depois foi vendedor de um fabricante de meias, roupas íntimas e acessórios. Ele também vendeu máquinas de lavar e aspiradores de pó, até ser contratado como carteiro pelo correio de Pasadena.

Isso aconteceu, segundo as anotações de sua esposa, em 1926. Mas o texto com essa data foi escrito décadas depois e outros dados nele incluídos não coincidem exatamente com a documentação que comprova o vínculo empregatício.

Uma árvore de dinheiro

Um dia, enquanto entregava correspondências, Rudie viu um anúncio em uma revista sobre um terreno com abacateiros no qual havia notas de dólares penduradas, segundo a versão de Elizabeth.GinaRose Kimball, historiadora do abacate Hass, acredita que aquele anúncio provavelmente tinha uma sacola com o símbolo de dólares e uma dessas frutas ao lado, em vez de uma árvore de dinheiro.A Califórnia, que não teve plantações de abacate enquanto era território mexicano, começou timidamente a cultivá-los quando, na década de 1870, três mudas trazidas do México foram plantadas em Santa Bárbara; meio século depois, o abacateiro passou a ser promovido como um promissor negócio no estado.Rudie ficou entusiasmado e, quando conseguiu vender uma propriedade que tinha perto de Milwaukee, pegou o dinheiro, pediu outra parte emprestada a uma irmã e foi ao escritório do empresário de Los Angeles que havia feito o anúncio.Era Edwin Hart, que conheceu o abacate no México no final do século XIX e em 1919 comprou a fazenda La Habra, de cerca de 1.500 hectares nos arredores de Los Angeles e não muito longe de Pasadena, para plantar essa fruta e depois vender lotes.Rudie comprou um terreno de 7.800 metros quadrados que já tinha alguns abacateiros naquela área rural, que então havia sido rebatizada de La Habra Heights. Ele concordou em pagar US$ 3.800 em parcelas trimestrais. O depósito inicial foi de US$ 760.

"Quando ele comprou, queria cultivar uma variedade diferente, possivelmente Lyon", diz Kimball. Essa é uma variedade guatemalteca – de grande e de pele dura – que um homem chamado Lyon plantou em Hollywood no início dos anos 1900 e que em seus primeiros anos parecia a mais promissora. O comum na Califórnia naquela época era os donos das plantações de abacate colocarem seu sobrenome em cada nova variedade da fruta.Na época em que Rudolph iniciou o negócio, a variedade mais comum era a Fuerte, chamada assim por ter sobrevivido a uma forte geada ocorrida na Califórnia em 1913. Esse abacate é do tipo mexicano e se caracteriza por ter uma casca macia e lisa, fácil de descascar.O horticultor Albert Rideout tinha então um viveiro especializado em abacates perto da La Habra Heights. Qualquer semente de abacate que encontrava, onde quer que fosse, ele plantava em busca de novas variedades.Rudie foi àquele viveiro e comprou um saco do que pensava ser abacate guatemalteco, que, ao contrário do mexicano, tem a casca dura.

Tentativas falhasDe volta à sua horta, Rudie pegou caixas de maçãs que encheu de serragem e plantou as sementes dentro. Ele as regou e regou até brotarem, e quando as hastes estavam com a espessura de um lápis, pouco mais de meia polegada, ele as levou para o solo e as protegeu com papelão.Logo, com a ajuda de um especialista chamado Caulkins, usou essas novas plantas para enxertar brotos retirados dos abacateiros Fuerte e Lyon.Essa técnica é utilizada para reproduzir plantas, mas não implica criar um híbrido do novo com o antigo; as misturas genéticas são formadas através da polinização. Em vez disso, esse método procura cultivar novas árvores da variedade da semente. No caso de Rudolph Hass, ele queria novas árvores de Fort e Lyon.Mas uma das novas plantas se negava a receber esses enxertos. Tentaram uma vez, não conseguiram. Uma segunda vez, nada. Para cada nova tentativa, eles tinham que esperar a época do ano em que isso deveria ser feito. Na terceira tentativa fracassada, Rudie se cansou e quis remover a nova árvore de sua horta.Caulkins sugeriu que ele não a matasse, que a deixasse lá.

Abacates de aspecto desagradávelEm 1931 essa planta deu seus primeiros seis abacates. Para o ano seguinte foram 125.Eram escuros por fora, uma mistura de preto e roxo, com casca rugosa, e davam uma impressão desagradável, como se estivessem podres. Nada a ver com a casca verde brilhante dos abacates que comiam na Califórnia.Mas seus filhos experimentaram e gostaram muito. Por dentro eram cremosos, com alto teor de óleo e de boa consistência – não eram fibrosos. Ali Rudie viu a veia comercial do alimento."Rudolph, além de trabalhar em tempo integral, era vendedor. Mandava os filhos para a esquina, West Road e Hacienda Road, com caixas de madeira para vender os abacates. Vendia onde podia: para os amigos, para seus colegas de trabalho no correio", diz Kimball.No começo foi difícil para ele pela aparência, mas aos poucos convenceu mais pessoas."O senhor Carter, da empresa de abacates, veio e encorajou Rudie a fazer um teste. Ele enviou uma caixa para Chicago, ida e volta (...) e na volta eles ainda estavam sólidos", escreveu sua esposa no caderno de memórias da família.Isso o entusiasmou, pois até então o carregamento de abacates enviados para o nordeste do país chegava em mau estado, maduro demais ou com golpes que aceleravam a sua putrefação.

O legado de HassEm 1935, Rudie decidiu patentear seu abacate como uma nova variedade e lhe deu seu sobrenome. Ele então fez parceria com Brokaw, tio de Rideout com grandes plantações na área, para expandir a produção do Hass.Não foi um grande negócio. Em agosto de 1952, quando os direitos da patente expiraram, Rudie havia ganhado apenas cerca de US$ 4.800."O nome pegou, mas o dinheiro nunca chegou", diz Jeff Hass, um de seus netos.Em junho de 1952, ele se aposentou de seu emprego postal e, em homenagem por mais de um quarto de século como funcionário, o correio de Pasadena anunciou que lhe daria um certificado de agradecimento.

Em novembro daquele ano, chegou o certificado, mas Rudie havia morrido um mês antes, vítima de um ataque cardíaco.Hoje, a variedade representa 95% dos abacates produzidos no mundo, segundo Peter Shore, vice-presidente de gerenciamento de produtos da Calavo, empresa fundada por produtores de abacate da Califórnia. E é uma indústria multibilionária."Há milhões e milhões de abacateiros Hass, e todos eles vieram daquela árvore original", afirma Shore.Rudie acreditava que seu abacate Hass era do tipo guatemalteco, mas um estudo publicado em 2019 sobre seu genoma confirmou que a origem dessa fruta é 61% mexicana e 39% guatemalteca.

"Os genes mexicanos permitem que o Hass atinja a maturidade mais cedo do que os cultivos guatemaltecos puros e dão à árvore e à fruta mais tolerância ao frio, embora não tanto quanto o cultivo mexicano puro. Os genes guatemaltecos dão casca mais grossa à fruta, mas fina o suficiente para descascar facilmente", observa o livro Avocado Production in California. A Cultural Handbook for Growers, um manual para produtores que foi publicado pela Universidade da Califórnia e pela Sociedade de Produtores de Abacates da Califórnia.A árvore-mãe acabou adoecendo e em 2002 precisou ser derrubada.



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EMERSON


06/05/2023
ANO:541
  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.